Morango

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Algumas horas atrás.

Acabo de sair da banca de jornais, havia comprado o livro que tanto queria depois de economizar por meses, o tempo estava frio e estava ventando demais, fazendo com que meu chapéu voasse, corri para pegá-lo antes que caísse no chão, só não podia prever que um carro quase me atropelasse.

Desequilibrei e cai no meio da pista deixando meu livro cair e sendo esmagado pelo carro, fecho meus olhos totalmente apavorada. Alguns segundos depois sinto uma mão tocar meu ombro.

— Vamos, deixe-me te ajudar! — Uma voz grave e suave me tira do transe.

— Não pode andar assim achando que é o dono da rua! — digo ainda com os olhos fechados. — Só por quê tem um carro acha que é melhor que os outros? Ora seu.. — Quando minhas pálpebras se abrem meus olhos se arregalam.

Oh céus.. eu havia morrido e esse anjo veio me buscar? Seus olhos tão azuis assim como o mar me olham de cima abaixo, seu cabelos negros estava com alguns fios caidos sobre sua testa.
Vejo ele pegar meu livro e me encarar frustrado.

— Perdão.. — Ele olha a lombada amassada. — Se quiser eu compro outro. — Sinto minha garganta se fechar, e dela escapar alguns soluços

— Na-não pre-precisa. — Pego meu livro de suas mãos e corro dali como um raio.

Pov Luísa off  [ Tempo presente. ]

Otto então se senta de frente para Manoel e cruza as pernas enquanto mantinha sua postura ereta.

— Então? Qual o motivo da visita?

— Então.. — Ele pingarreia. — Os tempos andam um pouco difíceis para mim.. só a padaria não me ajuda a pagar as contas então eu queria saber.. se... — Ele encara Luísa e volta seu olhar para Otto. — Minha filha pode trabalhar aqui? — Luisa arregala os olhos, não imaginava que esse seria o assunto da conversa.

— Ela trabalhar aqui?

— Sim senhor.. ela sabe cozinhar, arrumar a casa entre outras coisas.. — Luisa franze o cenho irritada, mas se calou, sabia que as condições financeiras do pai não estavam lá aquelas coisas, então ela se sentia útil se, de alguma maneira, ela ajudasse ele.

— Hmm. — Murmura com a cabeça apoiada no punho cerrado. — Ela é bem pequena e magra.. quantos anos ela têm?

Luisa cerra os dentes, mas se segurou para não falar aquilo que queria e se manteve calma e serena.

— Acaba de fazer 11 anos senhor.

— 11 anos? — Ele levanta as sombrancelhas surpreso. — Ela é muito nova.. infelizmente não posso aceitar.

— Eu te peço senhor! — Ele franze a testa. — Ela será muito útil e não lhe dará trabalho!

Otto espreme os olhos e percebe que ele realmente precisava de mais uma fonte de renda.

— Tudo bem. — Ele encara Luísa. — Sabe cultivar e colher flores?

— Não senhor.. mas aprendo facilmente.

— Hm. — Ele a fuzila com o olhar, fazendo com que ela engolisse a seco. — É o que veremos. — Diz a desafiando. — tudo bem.

Otto se levanta e aperta a mão de Manoel, ele não precisava de mais empregados, mas o ajudou por quê gostava do homem.

— Ela dormirá aqui como todos os domésticos.. então não se preocupe nem com alimentação ou moradia.

— Muito obrigado mesmo meu senhor! — Ele lhe oferece um sorriso sincero.

Reflexo da alma° | Luotto Onde histórias criam vida. Descubra agora