Qual o sabor de um beijo?

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Atento a cada movimento e expressões da loira a sua frente Otto se via encurralado, Não conseguia desviar o olhar dela, simplesmente não conseguia.

Maxy havia saído para o trabalho, ela recentemente abriu uma alfaiataria que se tornou bastante popular naquela região, então estava muito atarefada.

Os olhos de Luísa desviaram do livro que estava lendo para o moreno à sua frente, seus olhos celestes se apertaram levemente ao notar o olhar dela em si.

— Pergunte logo. — As sobrancelhas de Luísa se levantam não negando sua surpresa. " Agora ele lê mentes?"

Não, ele não lia, até gostaria, contudo, ela era muito expressiva, ele aprendeu a observar suas expressões quando estava mentindo, chateada ou quando estava em dúvida como alguma coisa.

Por exemplo, quando estava com dúvida em algo seu olhar alternava entre o lugar onde estava sua curiosidade e a pessoa mais próxima a si.

— Bem.. — Seu olhar volta brevemente para o livro e em seguida o fecha. — Qual o sabor de um beijo? — Pergunta inocentemente, e atenta para a resposta do duque.

O café que Otto estava tomando ficou preso em sua garganta, ele quase engasgou, ele não esperava esse tipo de pergunta.

— O quê? — Sua voz sai rouca.

— É! A maioria dos livros que eu leio os casais se beijam, mas.. que gosto tem? É doce, azedo ou amargo? — Um leve sorriso se formou no canto dos lábios de Otto com a inocência de seu olhar.

— Por quê tem interesse em saber disso?

— Não sei.. estava lendo e fiquei curiosa, o senhor sabe do gosto?

— Bem eu.. — Ele vira a cabeça tentando esconder o rubor que se formou em seu pescoço, orelhas e uma parte da bochecha. — Sei sim.

Luisa levanta da cadeira e se inclina sobre a mesa, apoiando os cotovelos nela e olhando fixamente para o duque.

— As vezes é doce, amargo ou até azedo, depende da comida que uma das pessoas comeu antes de ser beijado. — Ele se inclina sobre a mesa e encara os olhos esmeraldas. — Qual foi a última coisa que você comeu?

— Uma moeda de chocolate. — O pequeno sorriso no canto dos lábios de Otto se espalhou.

— Então no caso, seria doce.

— AH! Então o beijo do Jeisen e da Anastasia é amargo, já que a ultima coisa que Jeisen bebeu foi um café. — Ela se volta a se sentar na cadeira, Otto faz o mesmo com uma expressão frustrada.

— Você.. gosta de livros de romance, não é? — Ele cruza os braços.

— Gosto! Estou lendo esse pela terceira vez.

— Tsc, Que desperdício, deveria começar um diferente. — ele estrala a língua.

— Eu sei, mas esse.. esse é o meu preferido.

— Entendo.. quando acabar aí faça o chá preferido de Maxy, ela retornará em breve. — Ele ajeita a gravata e se levanta da cadeira, indo até a porta de saída.

— Espere duque! — Ele sente pequenas e macias mãos o segurando pelo polegar.

Ele respira fundo tentando controlar sua respiração e se vira para ela com a mesmas expressão fria de antes.

— Sim?

— O Senhor melhorou do resfriado?

— Sim.. as ervas e chás que me serviram foram eficazes.

— Me sinto culpada por fazer o duque adoecer. — Ela baixa o olhar.

Gentilmente ele segurou o queixo dela com o polegar e indicador, fazendo ela erguer a cabeça e encarar seus olhos celeste.

— Eu fui até lá por conta própria, não há motivos para se sentir assim. — Pela primeira vez ele a oferece um sorriso acolhedor, a fazendo corar levemente com a beleza daquele sorriso que era reprimido todos os dias.

— obrigada.— Ela sorri de lado, realçando o rubor de suas bochechas, algo que não passou despercebido por Otto. — Só não entendo por quê fez isso.. sempre diz que não sem importa comigo nem com a minha presença.

Um silêncio se instalou naquela sala.

Otto não sabia quando nem como, mas seu peito começou a ficar levemente dolorido, sua respiração estava pesada e seus olhos voltaram a ficar serrados.

— Não é por nada. — Diz em um fio de voz.

Mas seus olhos claros não correspondiam o mesmo, Luísa pôde ver seu olhar tremer, suas sombrancelhas estavam curvadas dando o aspecto que ele tivesse irritado, mas sua íris que revelava tudo, só que Luísa ainda não sabia o quê significava.

Seus lábios se abriram para pronunciar algo, mas logo se fecharam quando a porta de sua casa foi aberta.

— LU! Os biscoistos franceses que eu encomendei finalmente chegaram, quer experimentar? — A voz de Marcelo ecoa pela sala que antes, era silenciosa.

Luísa arregala os olhos e sacode a cabeça tentando sair daquele transe e logo encara o moreno a sua frente.

— An.. ah sim.. claro, claro. — Ela responde um pouco confusa. — vou.. ir com ele.. tudo bem? — Ela encara o homem alto a sua frente.

— Faça o quê quiser. — Responde rápido e caminha para fora da mansão.

— Ele está mais sério do quê nunca. — Comenta Marcelo ao vê-lo passar pela porta. — Que Deus nos proteja.

— Ah Marcelo. — Ela sorri e nega com a cabeça. — Vamos, estou curiosa para saber o sabor dos biscoitos.

— Tem vários. — Ele pega a mão dela e a guia até uma pracinha ali perto.

Os biscoitos eram deliciosos e desmanchavam na boca, Marcelo dizia a ela que estavam doces, mas ela só conseguia sentir o sabor amargo do olhar do duque sob si, parecia que ele queria falar algo, mas suas cordas vocais não deixavam.

Ela arregala os olhos mais uma vez e devora o último biscoito que estava em sua mão de uma vez, se pôs de pé enquanto encarava a expressão curiosa de Marcelo.

— Preciso preparar o chá da Lady Maxy antes que ela volte.

— Mais ainda é cedo.

— Ore para que ela não tenha chegado! — Ela corre em direção à mansão.

— Que doida! — Marcelo sorri e volta a comer os biscoitos.

Chegando lá parece que suas orações foram atendidas, ela preparou o chá e minutos depois a ruiva retornou a casa, elas conversaram e depois bordaram gorros de inverno juntas, o hobby que Luísa descobriu recentemente.





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