De volta ao lar

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Andávamos de bicicleta, Marcelo e eu em pleno pôr do sol, ele me convenceu a irmos para um rio que ficava perto dali, paramos no caminho algumas vezes quando ele descia de sua bicicleta e ia fotografar alguns animais que estivessem ali.

Estávamos quase chegando quando passa por nós um carro, não sei muito de carros, mas com certeza era caro, vejo quando a janela de trás se abre e pude ver com clareza que o senhor Otto estava lá, seus olhos claros agora me encaram, e pude vê-lo franzir seu cenho antes do carro passar por nós com tanta velocidade que minhas tranças voaram por breves segundos.


— Luísa? Por que parou de repente? — Vejo Marcelo voltando o caminho que já havia percorrido.

— Desculpa.. — sorrio envergonhada. — Vamos. — Continuo a pedalar até nosso destino, sendo seguida por Marcelo

|Pov Otto|

Me acomodo no banco de couro que estava sentado e sinto minhas costas doerem por um tempo, mas logo se acostumar com o conforto daquele carro, há tempos não me deito em algo confortável, geralmente me deitava no chão duro e gelado, isso quando eu tinha o privilégio de dormir.

Meu olhar logo vai para a paisagem, observo através do vidro do carro o rio que costumava pescar, e indo até ele dois jovens, abaixo um pouco o vidro do carro e meus olhos levemente se arregalam ao notar que um dos jovens era aquela criança afoita.. qual o nome dela? Bem.. lu.. Luísa, se não me falha a memória.

A vejo olhar para mim e quando arregala os olhos, aposto que ela ficou tão surpresa quanto eu, ou até assustada.. convenhamos que o meu aspecto físico não é um dos melhores.. Céus.. aquela criança que se machucava toda hora já tem 18 anos pelas minhas contas.

— Senhor, já chegamos. — Antônio me desperta de meus pensamentos.

— Obrigado. — Abro a porta do carro e tento, pelo menos uma vez, me pôr de pé sozinho, mas falho miseravelmente e acabo me desequilibrado, não cai no chão pois me apoiei na porta do carro. — Argh! QUE MALDIÇÃO! — Exclamo com os dentes cerrados enquanto Antônio me trazia minha bengala.

— Tem que ter mais cuidado meu senhor. — Antônio, um idoso! me ajuda a entrar em minha própria casa, isso é humilhante.

Ao entrar me deparo com Sara arrumando a mesa de jantar, que nela havia um enorme banquete, ao escutar o barulho da porta se abrindo ela logo nos encarou com um grande sorriso no rosto.

— Vossa graça! — Ela reverência. — Finalmente retornou!

— Obrigado pelo jantar. — Dou um leve sorriso enquanto Antônio me senta no sofá e põe minha perna fraturada em cima de uma mesa. — Isso dói! — Murmuro.

— Desculpe meu duque.. mas precisamos cuidar desse machucado.

— Acha que eu tenho só esses?

— tem mais? — Ela ergue as sobrancelhas.

— EU PASSEI SEIS ANOS NAQUELE INFERNO! ACHOU QUE EU VOLTARIA DA MESMA MANEIRA QUE EU FUI? — digo em um tom mais algo que queria, ao ver Sara dar alguns passos para trás com uma leve expressão de medo logo me arrependo. — Perdão.. Sara.

— Está tudo bem meu senhor. — Ela passa um pano quente com algumas ervas em minha perna. — Céus... Como você está pálido. — Ela acaricia meu rosto. — Leya! Traga um prato de comida para o duque.

Reflexo da alma° | Luotto Onde histórias criam vida. Descubra agora