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Olhando no espelho e vendo meu reflexo, só conseguia chegar a uma conclusão. Estava acabada.
Faziam três dias desde a última corrida, dias esses, que chorava toda noite, angustiada. O que era inútil já que Oscar já havia saído do centro médico.
Não tive coragem de ir falar com ele, sabia que se falasse, iria ter que confessar o que estava sentindo, não me sentia preparada ainda.
Se antes do acidente eu tinha alguma dúvida, todas elas haviam desaparecido, eu estava apaixonada por Piastri, e nada poderia mudar aquilo. Não sei como isso aconteceu, muito menos quando aconteceu, mas quando vi, já estava apaixonada, foi inevitável.
Só precisava de um empurrãozinho pra aceitar isso. Empurrãozinho esse que não foi muito agradável.
Eu queria falar com ele, confessar tudo aquilo que estava entalado em minha garganta a tanto tempo, mas simplesmente não conseguia.
O medo falava mais alto. O medo de ser rejeitada, depois de tanto o rejeitar. Não estava preparada para o "não", talvez eu estivesse paranóica, e Oscar ainda gostasse de mim, mas temia que o australiano já havia desistido de mim.
Batidas na porta me fazem levantar, relutante, da cama. Me surpreendo ao ver um Mick sorridente do outro lado, ele carregava uma sacola.
- Oi Lelê, você tá acabada.
- Obrigada Shumi por me dizer o óbvio - brinco dando espaço pra ele entrar.
- Trouxe doces, salgadinhos e coca, imagino que vá te ajudar nessa situação. - ele sorri.
- Já falei que te amo hoje? - falo e o abraço.
Ficamos lá praticamente a tarde toda, assistindo filmes e fofocando sobre as vidas alheias. Mick não tocou no assunto de Oscar, agradeci mentalmente por isso.
- Hum, uma pergunta. - ele se ajeita na cama - como foi que a gente começou a comer ovos?
- Como assim? - falo confusa.
- Uma pessoa achou que seria legal comer alguma coisa que saiu da bunda da galinha, e depois todo mundo começou a comer também? Não faz sentido.
- Desde quando galinha tem bunda?
- Não tem?
- Não faço a mínima ideia, vou pesquisar depois. - falo e volto comer a pipoca.
- Tem outra coisa que eu queria te falar. - ele parece nervoso.
- Vai se declarar pra mim de novo? - pergunto com a boca cheia.
- Oque? Não! Esquece isso tá, eu não tava batendo bem da cabeça naquela época.
- Me sinto honrada ou ofendida?
- Tanto faz, quer ouvir oque eu tenho pra falar ou não? - assinto com a cabeça
