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Wagner Moura

Acabei adormecendo após o filme, acordei 9:10am sozinho na cama, escovei os dentes e tomei um banho refrescante, vesti uma calça jeans folgada e minha camisa do Vitória, quando cheguei na cozinha a Sandra estava ouvindo Marília Mendonça e logo suspeitei de que era indireta pra mim, mas Ignorei e sentei a mesa, começando tomar o café da manhã que ela havia preparado.

Eu não costumo ter diaristas trabalhando na minha casa e no meu apê, eu sou um cara reservado, não gosto de ninguém se metendo ou sabendo da minha vida, no máximo eu contrato alguém para fazer faxina 1 dia antes de eu chegar para que esteja tudo limpo e organizado, como eu fiz antes de vim pra cá.

Não nos conhecemos mais
Não vejo mais em você a pessoa que eu amei demais

O que tava dando certo agora deu errado
Não é que eu queira reviver nosso passado

A gente falava de amor

Que pena que a nossa voz já se calou
E a cama que dormimos não tem mais calor

Dois estranhos perdidos
Tão perto e distantes do amor

Que pena que a nossa voz já se calou
E a cama que dormimos não tem mais calor

Arqueio uma sobrancelha, bebendo um gole de café olhando pra ela, suspeito.

- O que foi? - questionou ela, antes de beber o café.

- Que eu me lembre você nunca foi de ouvir Marília Mendonça. O que está havendo? - questionei ela, curioso e sério.

- Eu não acredito que você está implicando comigo por causa de uma música - ela se indignou e eu continuei mantendo a expressão séria. - o que está havendo? Você sabe muito bem o que está havendo.

Sandra colocou a xícara de café na mesa, olhando para a sala balançando a cabeça em sinal de negação.

- Agora você deu de mandar indireta pra mim através de música? Por quê você não conversa comigo? - digo, também largando a xícara de café na mesa.

- Conversar o que Wagner? Não temos nada para conversar, já conversamos tudo o que tínhamos para conversar. - ela disse sem olhar pra mim.

- Tá bom. Se você diz, eu acredito. - disse, desviando o olhar dela para a xícara, pego ela de volta e bebo.

Os meninos chegam na cozinha com caras de quem acordou agora, sentam e se servem, tomando café da manhã junto com a gente. A Sandra desligou a música segundos depois que eles chegaram e depois disso evitamos trocar palavras um com o outro.

É difícil entendê-la, as vezes ela me trata super bem, me quer por perto, me fala coisas bonitas de amor e tudo mais. E as vezes ela me trata super mal, não quer me ver pintado de ouro e nem ouvir a minha voz.

Esse lado dela é a única coisa ruim, me machuca muito ouvir coisas absurdas e dolorosas da mulher que eu amei a vida inteira, o meu coração pesa de tristeza só de lembrar.

Deitado em uma cadeira de área na varanda, tocando violão e cantando "aparências", de indireta pra Sandra. Ela está enganada se pensa que só ela pode mandar indireta.

Quantos anos já vividos, revividos
Simplesmente por viver

Quantos erros cometidos tantas vezes
Repetidos por nós dois

Quantas lágrimas sentidas
E choradas quase sempre às escondidas
Pra nenhum dos dois saber

Quantas dúvidas deixadas no momento
Pra se resolver depois

Quantas vezes nós fingimos alegria
Sem o coração sorrir

Quantas vezes nós deitamos lado a lado
Tão somente pra dormir

Quantas frases foram ditas
Com palavras desgastadas pelo tempo
Por não ter o que dizer

Quantas vezes nós dissemos, eu te amo
Pra tentar sobreviver

Aparências, nada mais
Sustentaram nossas vidas...

A Sandra ouviu eu cantando e logo se aproximou da porta da varanda sem dizer nada, quando terminei de cantar ela voltou pra sala e eu também.

Aposto que muitas coisas passou pela cabeça dela.

- Vamos dar uma volta no shopping? - sugeri e os meninos logo concordaram.

A Sandra aceitou ir e ela foi se arrumar, eu fiquei sentado no sofá da sala esperando ela e os meninos, 10 minutos depois todos estavam prontos e fomos todos para o carro. Durante o caminho fomos ouvindo minha playlist de músicas no Spotify e a primeira música é: "Morena Tropicana".(Alceu Valença)


Ao chegar no shopping, saímos todos do carro e entramos. Os meninos ficaram doidos querendo entrar em diversas lojas e comprar várias coisas bacanas do gosto deles, a cada loja que entravámos, saímos com algumas sacolas. E eles já ganharam presentes de Natal. E por falar nisso, eu comprei presente para Alice, escondi em um lugar discreto para ninguém mais saber.

O Bem quis airpods novos e uma nova capa de iphone também, eu comprei para ele e ele ficou muito satisfeito. Nós dois passeia juntos enquanto a Sandra passeia com os pequenos, entramos em uma loja de calçados, ele foi direto em um Jordan.

- É esse que você quer? - perguntei, indicando o Jordan na prateleira.

- É esse mesmo! Ele tá custando 879 reais. Você compra? - ele perguntou, já pegando o tênis.

Eu pensei um pouco, o bem já tem um Jordan que ao meu ver ainda está novo, só que já tem dias que ele reclama desse tênis.

- Compro, vai. É só isso que você quer?

- Só! - ele falou todo empolgado com o Jordan que eu comprará para ele.

- Então tá.

Eu compro o tênis e saímos, o sorriso do bem era de pura alegria e felicidade com o seu novo Jordan. De aniversário ele ganhou um novo teclado gamer, há meses ele reclamava do velho para mim e eu dei de presente de Natal um teclado novo.

A Sandra e eu nos encontramos, ela pediu para eu ficar com os pequenos enquanto ela compra umas coisas para ela.

Os meninos queriam tomar sorvete e fomos até uma sorveteria, cada um escolheu o sabor, até eu comprei um pra mim. Eles estavam tão felizes que só consegui prestar atenção nisso.

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