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Pov:Bárbara

Acordo com o som do meu celular tocando, olho para o lado e vejo que é a mãe da Ster.

- Oi, tia.

- É mentira, não é.

- Mentira, o quê, tia?

- Bárbara, liga a televisão - escuto a voz da irmã dela.

- Tá, calma - falo e pego o controle.

- Na madrugada, um casal morreu em um acidente de carro. Depois que foi feito o exame de DNA, constou que os corpos são de Ster, de 19 anos, e Filipe Ret, de 38 - fala a mulher. Na mesma hora, meu celular cai da minha mão.

- O Filipe no começo da noite pediu a mão da Ster em casamento em uma das maiores premiações do Brasil. Logo depois, o casal foi para a casa da cantora Anitta para um after - fala o outro apresentador.

- Não, não. Isso só pode ser um pesadelo, pelo amor de Deus - falo comigo.

Pego meu celular e coloco em meu ouvido novamente, mas a chamada já estava desligada.

Escuto a porta da sala se abrir e vejo o Vitor entrar desesperado.

- Ela tá aqui, não tá - fala indo para o quarto.

- Não - falo indo até ele e o abraçando.

- Minha irmãzinha não, Bárbara. Isso é mentira, não é - fala chorando.

- Eles iam fugir, não ia - pergunto, lembrando de uma ligação do Pedro falando que o Filipe matou a Ster depois que descobriu que a polícia ia atrás dele.

- Ia. Eles estavam indo pro Alemão - fala.

- Quem estava com eles? - pergunto, tentando raciocinar como isso aconteceu.

- Eles podem estar vivos - fala e pega o rádio - isso tudo foi uma armação, tenho certeza. Minha irmã não morreu, Bárbara - fala animado, dando um pouco de esperança.

- LV.

- Fala, chefe.

- Eles já estão aí?

- Chefe, você não sabe? O carro capotou e depois explodiu.

Victor desliga o rádio e se senta no sofá, chorando ainda mais.

- Como uma porra dessas aconteceu, cara? Tava tudo planejado. Nós estávamos armando esse merda desde que a Eloá nasceu - fala, colocando a mão nos cabelos, puxando eles.

[...]

O som de choro ecoava por toda a sala. Como os corpos foram queimados por causa da explosão, os caixões foram fechados. Todos estão aqui. A mãe da Ster e a do Filipe decidiram que os dois seriam enterrados juntos, um ao lado do outro, sendo velados em caixões adjacentes.

- Como pode uma coisa dessas - escuto a voz do Pedro, que me faz olhar para trás, vendo ele conversando com seu pai.

- O que você está fazendo aqui - fala o Victor, indo em direção a ele.

- Victor - falo, puxando.

- Ela está sendo velada com o próprio assassino do lado - fala, e olho para ele já com ódio.

- Ela está sendo velada com o amor da vida dela, o único culpado por tudo isso é você, Pedro - fala a Caliça, a mãe da Ster - eu sei muito bem como foi a última conversa. Ela disse que você estava ameaçando o Filipe e que eles iam sumir por um tempo por sua causa - fala e aponta o dedo na cara dele - minha filha estaria viva agora se você não tivesse tentado acusar o Filipe de uma coisa que ele não é.

- Ele era um dos mais procurados na polícia. Tenho provas de que o Filipe era o chefe da porra da Rochinha - fala, e, na mesma hora, dona Vanda vai até ele e mete a mão na cara dele.

- Sai daqui agora, tenho pelo menos a dignidade de respeitar nossa família - fala o pai da Ster se pronunciando.

- Só acho que...

- VOCÊ NÃO TEM QUE ACHAR NADA. POR CAUSA DESSE RUMOR PARANOICO, MINHA FILHA ESTÁ MORTA - grito o homem, já furioso.

- Se você não sair daqui agora, quem vai estar sendo velado é você - fala o Lennon.

Assim que os caixões foram enterrados, percebo uma coisa: aquilo não era uma farsa ou alguma coisa para disfarçar. Minha melhor amiga morreu junto com a pessoa que ela amava. Ster viveu o amor que tanto quis ao lado do Filipe. Eles sempre viveram na intensidade, como se tudo fosse a última vez, e realmente foi a última vez. Não quero aceitar mais essa vida injusta e cruel.

Fim.

Por você -Filipe Ret Onde histórias criam vida. Descubra agora