Over the Rainbow - Malila

18 - Desejo

Luísa jogava a bola para Marília, quem a agarrou com êxito e se esquivou de Bruna para acertar a bola na cesta, gerando assim a vitória. 

-- Não vale, sou muito baixa para esse jogo. -- Ally protestou, irritada. 

-- Admita, Brooke, perdemos de novo porque somos ruins. -- Bruna falou rindo, enquanto Luísa e Marília faziam uma estúpida dancinha em comemoração. 

Já haviam almoçado e foram desfrutar da linda tarde após uma hora de descanso para a digestão. Maraisa se encontrava no momento com os braços cruzados, enquanto assistia Lauana correr para os braços de Marília e a abraçar. Ela não cansava? 

-- Oferecida! -- Resmungou baixinho, mas foi a risada escandalosa de Maiara que a fez se lembrar que não estava sozinha. 

-- Não acredito, Maraisa! -- Ela disse rindo. Estavam sentadas na arquibancada do campo que havia dentro do forte da cidade. 

-- Eu também não. Não cansa de passar vergonha. -- Falou, vendo Marília, educadamente, se esquivar dos braços compridos da garota. 

-- Eu me referia a você morta de ciúmes. -- Maraisa arqueou uma sobrancelha e se virou bruscamente para sua amiga. 

-- Não é ciúmes! 

-- Ah não? Então o que seria? -- Perguntou. Maraisa havia contado para a amiga que não se casara com Marília por amor, que sua mãe lhe havia obrigado, omitindo a parte onde tudo acabou sendo mais fácil devido às mentiras de Hugo. Contou também que não haviam consumado o casamento, que não eram mais do que amigas. 

-- Ela deveria ser menos idiota. Marília é casada, ora! -- Falou, vendo Lauana segurar na mão de sua esposa. -- Casada comigo. O que pensariam de mim se Lauana começasse a agir assim sempre? 

-- Oh, então é por sua imagem. Não quer aparentar que está sendo traída. -- Constatou. 

-- Até porque não estou. 

-- Até porque nem contaria como traição, já que você não se interessa por ela, certo? Não te incomodaria se Marília aparecesse aos beijos com outra pessoa, não é? -- Maraisa entortou a boca e tentou imaginar Marília beijando alguém. 

-- Não acho que eu gostaria de ver isso. -- Confessou. 

-- Já pensou na possibilidade... 

-- Não. Ainda penso em Hugo às vezes. -- Disse rápida. 

-- Eu não sei o que houve entre vocês dois... -- Maiara começou, cautelosa. -- Mas eu não acho que você o ame ou amava, sei lá. 

-- Perdão? -- Maraisa perguntou incrédula. 

-- Digo no sentido de amor mesmo. Não quis dizer que não tenha se sentido atraída ou encantada. 

-- Eu realmente não quero falar de Hugo. -- Falou. Seus olhos se perderam na imagem de Marília sorrindo genuinamente para Luísa. Conversavam de algo entretidas e Marília tinha alguns fios de cabelos colados no rosto. Com a mão direita retirou os fios dos cabelos de seu rosto e se abanou em busca de tentar se refrescar. Suas bochechas estavam levemente coradas por causa que estava correndo um minuto atrás e havia uma pequena marca de suor em sua camisa, na parte de trás. 

Sentiu-se quase desfalecer quando Marília procurou por alguns segundos os seus olhos, até que por fim os encontrou, fazendo seu sorriso se abrir. Maraisa, inconscientemente, mordeu seu lábio inferior ao ver Marília piscar em sua direção, antes de voltar a falar animadamente com as meninas. 

-- Você, quieta! -- Ordenou ao ver o sorrisinho de Maiara. -- Não é porque não a amo que eu seja cega, tudo bem? 

-- Eu concordo. -- Maiara Falou se apoiando em suas mãos, que estavam um pouco para trás de seu corpo. -- Ela é linda pra caramba. 

-- Deveria ver quando ela acorda. Parece de outro mundo. -- Maraisa disse quase em um suspiro. 

-- Quem me dera casar com alguém com aquela beleza. Já estaria nos braços da pessoa há tempos. 

-- Não fale bobagens! -- Falou vendo Marília caminhar na direção delas enquanto as outras permaneciam em seu debate. -- Ela está vindo. Não ouse... 

-- Marília! -- Maiara gritou animada. -- Maraisa estava aqui me contando o quão linda você fica quando acorda. -- Maraisa arregalou os olhos e enrubesceu violentamente. 

Só queria enfiar sua cabeça em algum buraco para não precisar olhar para Marília após aquele infeliz comentário. 

-- É porque ela não se vê quando acorda. -- A moça disse sorrindo gentil. Maraisa congelou ao ver Marília se inclinar em sua direção, mas para seu alívio - ou não - Marília apenas pegou quatro garrafinhas de água que estavam na bolsa ao lado dela. "A bolsa, claro." Pensou Maraisa. -- Mais alguém quer água? -- Perguntou para ambas e elas negaram. 

Ter Marília de longe, suada e piscando para Maraisa poderia ser tentador, mas ter Marília em pé em sua frente com o short jeans coladinho e a camisa preta grudada em seu corpo, exibindo as maravilhosas curvas devido ao suor era sufocante. 

-- Maraisa, está bem? -- Marília perguntou vendo a garota quase pálida em sua frente. Deixou as três garrafas sobre a arquibancada ao lado de Maraisa e a quarta garrafa ela abriu. Ver Marília girando a tampinha e pender a cabeça para trás enquanto bebia o líquido era quase um insulto para quem não podia tocar... Mas esse era o problema: Maraisa podia. 

Ela não sabia dizer se era o sol ardente que lhe tocava a pele que a deixou com calor ou a proximidade das coxas descobertas de Marília de seu rosto. 

E-- Eu... estou. -- Disse e logo virou a cabeça na direção de Luisa assim que a mesma gritou para Marília. No momento em que Marília a olhou, a menina fez uma dança sensual, porém rápida, riu e gritou: "Elas querem revanche." 

Maraisa entrou em uma espécie de frenesi no momento em que Marília levou uma das mãos ao joelho e requebrou as cadeiras exatamente como Luísa havia feito, com a diferença que Luísa não havia quase rebolado a bunda dela na cara de Maraisa e Maraisa não tinha desejado que ela o fizesse, igual com Marília. 

A risada inocente de Marília, enquanto erguia a mão para o alto e fazia um sinal de joia para que Marília entendesse que ela havia aceitado a revanche, fez Maraisa perceber que tudo o que ela viu de sensual e sexy foi apenas uma dancinha idiota dela com Luísa. 

-- Vou lá jogar, Mara. -- Falou rápido e se inclinou, pegando as garrafinhas para levar para suas amigas e selando rapidamente os lábios carnudos de sua esposa. 

-- É, Isa... -- Maiara disse antes de deixar um suspiro longo se esvair de seus pulmões. -- Você está perdida. -- Maraisa demorou uns segundos para processar o que sua amiga havia dito, mas quando entendeu assentiu, ainda com os olhos fixados no rebolar de Marília enquanto se aproximava de Luísa. 

-- Eu também acho, Mai. -- Falou suspirando em resignação. -- Eu também acho.