17 - Ciúmes

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Maraisa levava, naquele momento, sua xícara de chá até os lábios e provava o sabor forte de café recém preparado. Antes disso se permitiu inalar o aroma e soprar vagarosamente o vapor que saía do líquido. 

-- Está calma demais. -- Ally disse desconfiada. -- Parece até deslumbrada. 

-- Minha melhor amiga está a caminho, claro que estou feliz. -- Maraisa disse, colocando a xícara sobre o pires e os colocou na mesa de centro. 

-- Não gosta de nossa companhia? -- Ally fingiu tristeza e Maraisa sorriu. 

-- Não seja boba, Ally. É só que ela é como uma irmã para mim e gosto de tê-la presente em minha vida. 

-- Ela deveria ter vindo antes. Estou ansiosa para conhecê-la. -- Bruna disse. 

-- Só você. -- Lauana falou secamente. 

-- Ela já deve estar chegando. -- Ally disse, ignorando, como sempre, as malcriações de sua irmã. 

-- Eu ainda acho que ela não vem. -- Luísa disse verificando seu relógio de pulso. Era um domingo, então todas ali estavam de folga. Maraisa convidou Maiara para almoçar em sua casa cinco dias após ter visto sua amiga e ela aceitou o convite com gosto, no entanto, Maraisa pedira que ela fosse mais cedo para que conversassem e para apresentá-la para suas amigas. 

-- É claro que virá. -- Marília disse se sentando ao lado de Maraisa no sofá. 

-- Falando no demônio... -- Lauana disse, desviando seus olhos de suas unhas ao ouvir o barulho da carroceria parando em frente ao local. A imagem de Maiara fez Maraisa sorrir animada. Estava imensamente feliz por Marília não fazer ela ter que abrir mão de suas amizades. Se levantou e foi em direção à sua amiga. -- Ela se veste assim? Que horror! -- Lauana censurou ao ver a amiga de Maraisa vestida em uma roupa humilde. 

-- Respeito, Lau. -- Ally pediu censurando-a com veemência e a garota bufou. 

-- Gente, quero que conheçam minha melhor amiga, Maiara. -- Maraisa disse com o maior dos sorrisos. 

-- Um prazer, meninas. -- A garota disse sorrindo despojada, nunca foi do tipo de pessoa tímida. Os olhos de Maraisa foram para Lauana, quem se levantou na hora. 

-- O prazer é nosso, sente-se, por favor. -- Lauana disse em um tom extremamente educado e gentil. Maraisa olhou surpresa para Lauana; a garota oferecer seu lugar para alguém era mais do que um milagre. 

-- Obrigada. -- Maiara agradeceu. Maraisa finalmente entendeu o propósito do ato ao ver Lauana caminhando e se sentando ao lado de Marília, para logo em seguida deitar sua cabeça sobre as pernas da garota. 

Maraisa odiava o fato de Marília nunca dizer não para Lauana. Claro que a moça tampouco pedia beijos ou algo assim, mas mesmo assim, Marília permitia Lauana lhe abraçar do nada, deitar em seu colo, acariciar seus cabelos. 

Não é que sentisse ciúmes, mas era sua esposa ali. Não era bom experimentar a sensação de todos estarem te olhando como se você fosse uma corna ciente. 

Maraisa queria pedir a Marília que parasse de deixar que Lauana fizesse o que lhe desse vontade, contudo não se sentia no direito. Não exercia o papel de esposa, portanto não achava correto cobrar algo de Marília. Se sua esposa quisesse ter um caso com Lauana poderia ela reclamar? Claro que não. 

Marília havia deixado claro que via Lauana como irmã, mas e se a carência lhe batesse a porta qualquer dia? Maraisa não esperava que Marília nunca mais voltasse a beijar alguém, afinal, o casamento delas era uma fachada. Marília, em um ato de piedade, lhe salvara das garras de algum tarado por aí, mas deveria ela abrir mão de sua vida assim? 

Maraisa só queria que uma barreira magnética fosse capaz de mandar Lauana para o mais longe possível de Marília. Que tipo de idiota se insinua para alguém casado? E, pior... na frente de todos. 

Lauana. Esse tipo de idiota, pois naquele exato momento a garota brincava com a bainha de sua blusa, deixando sua barriga completamente exposta. A garota tampouco usava sutiã, deixando à mostra o formato dos seios e do bico do mesmo. 

Marília não se atreveria a olhar, pensou ela, mas quase morreu entalada na própria saliva ao ver os olhos de Marília desviarem para a região. Poderia jurar que estava vermelha, mas quem se importava? Marília estava olhando para seios alheios. 

Os de Lauana. 

Na frente de Maraisa. 

Descaradamente. 

-- ...E foi isso, Maraisa. -- Ouviu a voz de Maiara e voltou a realidade. 

-- Eu? 

-- Não ouviu nada do que eu disse, certo? -- A garota perguntou rindo e Maraisa assentiu, envergonhada. 

-- Desculpe. É que estava pensando... -- Falou caminhando até Marília. -- Poderia dar licença, querida? -- Perguntou sorrindo falsamente para Lauana, quem se sentou novamente, mas não deixou lugar para Maraisa se sentar no sofá, sorrindo cinicamente. 

-- Creio que não cabe. -- Lauana disse com uma falsa ingenuidade. 

-- Não tem problema. Para isso tenho o colo da minha esposa. -- disse se sentando no colo de Marília, enlaçando seus braços no pescoço da mais velha, pegando a garota de surpresa. -- Obrigada mesmo assim. -- Deu um sorriso triunfante antes de continuar. -- Como eu dizia... Conversamos horas aquele dia, mas minha esposa nem sequer te deu atenção. 

-- Oh, eu entendo totalmente que ela seja uma mulher ocupada. -- Maiara disse e Maraisa negou com a cabeça. 

-- De jeito nenhum. -- Falou se inclinando e deixando um beijo no rosto de sua esposa. Marília se viu um tanto aturdida ao inalar o cheiro do shampoo de Maraisa. O aroma adentrava-lhe as narinas fazendo-a se perguntar como Maraisa conseguia ser tão cheirosa. -- Marília é a mulher mais atenciosa que conheço. Faço questão que se conheçam, afinal ela adora dar atenção para as pessoas, não é, amor? 

Marília engoliu em seco diante do apelido, mas não por alegria, igual deveria ser, e sim por medo. Algo no jeito de Maraisa lhe dizia que ela havia feito algo muito, muito errado. 

-- Sinto muito, senhorita. No outro dia quis apenas deixar vocês conversarem no sossego do ambiente para colocarem os assuntos em dia. -- Se retratou. -- Minha esposa fala muito bem da senhorita e pensei que deveriam querer matar a saudade. Em momento algum quis parecer desinteressada de conhecer as amizades de minha esposa e perdoe-me se assim fiz parecer. 

-- Não tem problema, não há necessidade para desculpar-se. -- Maiara disse e Marília sorriu-lhe, porém, algo na expressão solene de Maraisa lhe dizia que as coisas ainda não estavam bem.

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Kkkkkkkkkk passadaaaa com a Maraisa ciumenta 🌚

Over the Rainbow - MalilaOnde histórias criam vida. Descubra agora