Resentment - Adaptação Karlena

Capítulo 36 - Última Esperança

Narrador  |  Point of View

A capela do hospital oferecia um refúgio para aqueles em busca de paz, mas para Lena, era o epicentro de uma angústia dilacerante. Sentada no banco gasto, seus dedos entrelaçados imploravam por um milagre silencioso. O suave murmúrio de sua prece era interrompido apenas pelos soluços contidos, ecoando entre as paredes da capela.

Seu coração estava em pedaços, fragmentado pela incerteza e por medo pela vida de Lucca. Cada lágrima derramada era uma súplica silenciosa por sua recuperação. No entanto, o silêncio trêmulo foi interrompido abruptamente pela presença inesperada de Clark.

A respiração de Lena estava presa, e o seu corpo terrivelmente tenso. Mesmo compartilhando a dor de ter um filho doente, havia uma distância visceral que ela desejava manter. Ela ansiava por um momento a sós, um espaço íntimo para suas preces, sem a presença de alguém que, embora compartilhasse sua dor, representava uma série de emoções complexas.

Mesmo desejando a sua solidão, a presença de Clark era inegável. Ele se aproximou com a cautela de quem respeita os limites, sentando-se à distância, mas sua proximidade era sentida por Lena como uma presença avassaladora.

Enquanto ela continuava suas preces, os soluços diminuíram gradualmente. Ela lutava internamente entre o desejo de estar sozinha e a compreensão de que ambos, de maneiras distintas, compartilham de uma dor semelhante.

O tempo parecia congelar na capela, uma dança delicada entre a necessidade de estar consigo mesma e a presença indesejada de Clark. Era um jogo de emoções tumultuadas, uma dualidade entre o conforto oferecido por sua presença e a necessidade de solidão para enfrentar a tempestade que assolava seu coração.

— Lena, será que podemos conversar? – Clark se aproximou com cautela e se sentou de frente para ela.

— Olha, Clark… sendo bem sincera, eu já não tenho mais nada para conversar com você a não ser que seja sobre o estado de saúde do nosso filho. – Lena foi direta, não se importa em fazer firulas para Clark.

— Eu sei que a minha atitude naquela noite foi terrível, e eu quero te pedir perdão, eu bebi demais e… – Lena não conseguiu continuar ouvindo aquelas falsas desculpas, então o interrompeu antes que pudesse terminar sua linha de raciocínio.

— Não sei se você entendeu, mas esse não é o momento para discutirmos qualquer assunto que não seja sobre o estado de saúde do nosso filho, mas já que insiste... – Ela falou respirando fundo. — Eu estou farta de tudo Clark, desde que te conheci sabe qual é a sensação que você me causa? É como se eu estivesse presa em uma máquina sendo constantemente moída, e é tão cansativo... Você sempre comete seus erros, seus excessos mas nunca se compromete como culpado… sempre tem alguma desculpa, nunca foi culpa sua ou da enorme falha do seu caráter.

— Lena, eu… – Clark tentou falar, mas Lena não permitiu.

— Não, agora você vai me ouvir até o final. – Ela falou de forma firme. — Eu não confio mais em você, depois de tudo que você fez e ainda continua fazendo. Você foi capaz de machucar nossa filha, assustou os dois e tudo por causa desse seu ciúme descabido. – Lena colocava tudo que estava sentindo para fora. — Eu juro que tentei, forçadamente, mas tentei. Só que depois de tudo eu tenho que ser sincera! Eu nunca fui capaz de amar você, nem nunca serei capaz. Você merece alguém que saiba realmente quem você é e tudo que você fez no passado e que seja capaz de te amar e confiar em você. Mas eu não sou essa pessoa, nós não podemos seguir com esse casamento sem amor e sem confiança. Não da maneira que um casamento merece.

— Lena, o que quer dizer com isso? – Clark perguntou ainda sem conseguir processar o que Lena estava dizendo.

— Eu não sinto conexão, nem paixão. E principalmente não confio mais em você. – Lena voltou a falar, sentindo um grande peso ser tirado do seu corpo.