Capítulo 16 - Sentimentos

1.9K 265 262
                                    

Narrador  |  Point of View




— Sabe, Lena… você fez grandes avanços nos últimos meses. Creio estarmos chegando à reta final do seu tratamento. – A mulher retirou os óculos de grau e encarou a irlandesa com serenidade.

— Suas palavras significam muito para mim! Saber que estou melhor é muito satisfatório. – Lena sentia um misto de orgulho e alívio. Enquanto brincava com seus dedos, recordava do quão difícil foram os primeiros meses.

— Mas ainda quero te ver pelas próximas duas semanas, só então veremos se encerraremos ou se existe algo mais a tratar. – Kelly disse dando um fim aquela sessão, que como de costume, havia extrapolado o horário.

A irlandesa levantou e se despediu de sua psicóloga, deixou o consultório às oito da noite, entrou em seu carro e seguiu para casa, sendo acompanhada pelos seguranças. Todas as noites de quinta-feira era assim, depois do trabalho ela seguia para sua consulta e chegava em casa por volta das oito horas.

Era uma rotina mais agitada, a outra versão de Lena ficaria cansada só de pensar em cumprir metade da agenda a qual hoje ela precisa seguir. Porém, ela estava feliz e realizada. Sem dúvidas, vivendo seu melhor momento. Ela sorria enquanto balançava sutilmente seu corpo ao som da música que tocava no rádio, havia acabado de entrar no condomínio, por isso seguia em uma velocidade quase mínima, vendo algumas crianças ainda brincando na rua.

Assim que estacionou o carro em sua garagem, Lena acenou para os seguranças dispensando eles de seu serviço até amanhã. Ela certamente não tinha planos de sair de casa até amanhã pela manhã, reiniciando sua rotina semanal. Ao entrar em casa se sentiu mais relaxada, o cheiro de comida fez seu estômago roncar levemente, deixou seu casaco e bolsa em cima do sofá e seguiu para cozinha com seu celular em mãos.

— Mãe! – Lori foi a primeira que viu a morena entrar na cozinha.

— Boa noite, meus amores… – Lena desejou, sorria para seus filhos e Kara. Os três estavam sentados à mesa em um bom jantar.

Lena beijou a cabeça dos três. Kara aceitou o leve carinho, como sempre fazia, mesmo que o contato físico durante suas refeições fosse algo que ela reprovasse. Depois de lavar as mãos, Lena se sentou ao lado de Lucca e se serviu da comida que estava posta à mesa. Enquanto ouvia as crianças falarem sem parar sobre como havia sido o dia delas.

Todas as quintas, enquanto ela faz sua consulta com a psicóloga, Kara fica encarregada de buscar e cuidar das crianças até que Lena chegue em casa. Desde que entrou em tratamento, foram poucas as vezes que ela precisou dos serviços de uma babá quando a mais velha estava viajando a trabalho. Para Kara, suas noites de quinta-feira eram sagradas. Buscar seus sobrinhos e filho, ajudar com o dever de casa e passar um tempo com eles, sem dúvidas era a melhor válvula de escape da sua vida agitada.

Os quatro jantaram em um clima familiar muito agradável, Lori e Lucca sempre ficavam muito felizes por ter a presença da tia Kah.

— Mamãe, a titia Kah nunca vai embora, não é? – Lucca disse, quebrando o silêncio.

Lena, que estava sentada na ponta da cama do menino, olhou para ele buscando entender o que afligia o pequeno.

— Claro que não, a sua tia sempre vai estar com você. – Lena respondeu enquanto acariciava os fios de cabelo loiro do garoto, sorrindo levemente.

— Boa noite, mamãe. – Lucca suspirou e fechou os olhos.

— Te amo, bebê. – Lena se curvou e beijou a testa do seu filho.

Ficou por alguns minutos velando o sono do seu caçula, sentindo-se abençoada por ter seus filhos consigo. Quando finalmente confirmou que ele havia dormido, ajeitou o cobertor e saiu do quarto deixando apenas um abajur ligado.

Resentment - Adaptação KarlenaOnde histórias criam vida. Descubra agora