Narrador | Point of View
Kara despertou em um estado de confusão avassaladora, sentindo uma dor lancinante percorrer seu corpo. Era como se cada músculo, cada fibra, gritasse em agonia, mas era sua perna esquerda que clamava a atenção mais urgente, pulsando com uma dor intensa e insistente. A sensação de náusea que a acompanhava fazia com que o mundo girasse perigosamente à sua volta, uma dança vertiginosa de sombras e luzes difusas.
Ela tentou mover-se, mas percebeu que estava restrita, suas mãos atadas firmemente atrás de uma cadeira. Sua cabeça latejava com uma série de pancadas ritmadas, como se cada batida do seu coração fosse acompanhada por um martelo imaginário. Kara fechou os olhos brevemente, tentando se concentrar através da dor e do desconforto, buscando alguma memória, qualquer pista que pudesse explicar como ela tinha chegado àquela situação.
Com um esforço, Kara abriu os olhos, sentindo-os pesados e ardendo. A visão embaçada aos poucos foi se tornando mais clara, revelando um ambiente que lhe era estranhamente familiar. Era um lugar sombrio, com paredes desgastadas e um cheiro característico que mexia com suas memórias mais profundas. Um cheiro de mofo, de abandono, misturado com algo mais... algo que a fazia sentir intrinsecamente desconfortável.
Aos poucos, as lembranças começaram a fluir, trazendo à tona imagens de um passado que ela tentara esquecer. Era aquele mesmo lugar, aquele mesmo cheiro nauseante. Kara lembrou-se de estar ali antes, em circunstâncias que ela havia empurrado para as profundezas mais escuras de sua mente. O reconhecimento desencadeou um pânico que começou a se espalhar por ela como um incêndio, consumindo qualquer vestígio de calma que ela tivesse conseguido manter.
O desespero tomou conta de Kara. Ela se debateu contra as amarras, a dor em sua perna crescendo ainda mais com o movimento brusco. Mas as cordas eram implacáveis, e sua luta apenas serviu para aumentar a sensação de impotência que a envolvia. Lágrimas de frustração e medo começaram a escorrer por seu rosto, enquanto ela tentava desesperadamente entender o que estava acontecendo, por que estava de volta àquele lugar de pesadelos.
E então, no meio do seu tumulto interior, Kara ouviu passos. Alguém se aproximava, alguém cuja presença estava intrinsecamente ligada àquele lugar e às memórias que ela tanto lutava para esquecer. Seu coração disparou, e ela percebeu que estava prestes a enfrentar algo muito pior do que a dor física que a consumiam.
O ar frio daquele lugar pareceu ficar ainda mais gelado, e Kara sentiu um calafrio percorrer sua espinha quando viu a figura que emergia das sombras. Seu irmão, com um sorriso perverso nos lábios, aproximava-se lentamente, como um predador, saboreando a visão de sua presa indefesa. O medo em seu coração intensificou-se, um temor profundo e visceral que só a presença dele poderia despertar.
Kara conhecia bem aquele olhar, aquele sorriso cruel. Era um lembrete de momentos traumáticos que ela tinha tentado enterrar em seu passado. Por mais que cada fibra do seu ser gritasse por socorro, Kara sabia que era inútil. Ela já havia estado ali antes, já havia gritado por horas a fio, e nunca ninguém viera em seu auxílio. A solidão daquele lugar, sua distância do mundo exterior, tornava qualquer pedido de ajuda um exercício de futilidade.
Assim, ela permaneceu em silêncio, seus olhos fixos em seu irmão, observando-o com um terror que ela não conseguia disfarçar. Kara viu a satisfação em seus olhos ao perceber o medo que causava, como se alimentasse sua maldade com a dor e o desespero dela. Ele caminhou lentamente ao redor da cadeira onde ela estava amarrada, inspecionando-a como se ela fosse um objeto, uma coisa que existia apenas para seu entretenimento cruel.
A impotência de Kara era palpável. Cada movimento, cada gesto de seu irmão era calculado para intimidar, para lembrá-la de que ela estava completamente à mercê dele. Ele parou diante dela, o sorriso ainda estampado no rosto, e Kara pôde ver algo mais naquele olhar, algo que a enchia de um medo ainda maior: o prazer sádico de ter total controle sobre outra pessoa.
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Resentment - Adaptação Karlena
Fanfic🍁 [A D A P T A Ç Ã O] 🍁 Após anos longe de sua cidade natal, Kara retorna para o funeral de seu irmão, que faleceu inesperadamente. Apesar do tempo que passou longe, ela não consegue deixar de lado o ressentimento que carrega pelos acontecimentos...