Resentment - Adaptação Karlena

Capítulo 41 - Confissão

Narrador  |  Point of View

A quietude do quarto de hospital foi interrompida por vozes suaves, mas carregadas de tensão. Kara, fingindo um sono que lhe permitia escutar cada entonação, cada respiração, estava ciente das presenças ao seu redor. O silêncio meticuloso de Lucca, contrastando com as palavras hesitantes e desajeitadas de Clark, desenhava um quadro desconcertante.

Era evidente o desconforto de Lucca na presença do pai, um desconforto que ressoava nas entrelinhas das suas frases, nas hesitações antes das respostas. Kara, imersa nesse jogo de silêncios e palavras mal ditas, entendia a raiz desse desconforto. Recordava as atitudes agressivas de Clark com sua família, quando ele tinha a chance de mudar. Era compreensível o receio de Lucca diante do pai, uma barreira erguida por cicatrizes emocionais recentes.

Enquanto Kara fingia seu repouso, Jonn, firme e observador, permanecia no canto do quarto. Seus olhos, como sentinelas atentas, capturavam cada movimento, cada troca de olhar, decifrando cada emoção como se fossem páginas de um livro aberto. Jonn era uma presença discreta, mas onipresente, garantindo a segurança e o amparo necessário para Kara e Lucca.

Enquanto isso, Lena havia optado por um breve afastamento, buscando um respiro em casa. Ela merecia a oportunidade de recarregar as energias, afastar-se temporariamente desse turbilhão de sentimentos que invadiam o ambiente hospitalar. O chefe da segurança, fiel ao seu dever, assumia a guarda, protegendo e cuidando tanto de Kara quanto de Lucca, em meio a essa intrincada teia de relacionamentos familiares.

O quarto de hospital, um cenário de conflitos silenciosos e vigilâncias discretas, aguardava o desenrolar de uma trama complexa, onde as emoções se entrelaçam e os silêncios ecoavam mais alto que qualquer palavra dita. E Kara, entre o falso sono e a aguda consciência dos dramas que se desenrolavam a seu lado, aguardava, resignada, o desfecho desse capítulo familiar.

A visita de Clark por sorte não foi demorada, pois logo Ava e Sara chegaram causando um incômodo com a presença das duas amigas de sua irmã. Ele rapidamente se despediu do filho e saiu do quarto, fazendo todos respirarem mais aliviados.

— Carinha, você não faz ideia de quanta coisa incrível tem no Brasil! Pode-se visitar praias deslumbrantes, selvas exuberantes e até conhecer a Amazônia! – Sara falava animada, enquanto planejavam a próxima viagem de férias da família.

— Sério? Eu posso ver macacos na Amazônia? – Lucca perguntou extasiado com a possibilidade.

— Claro que sim! E temos o Cristo Redentor, uma estátua enorme que parece abraçar o Rio de Janeiro. Vai ser demais! – Ava falou gesticulando. — Olha, Lucca, é assim! – Ela mostrou em seu celular a foto do monumento.

— Uau! Isso é gigante! Vamos lá, tia Kah?

— Com certeza, Lu! E não é só isso. Eu posso levar você, Lori e Kaleb para andar de jet-ski. Vamos ter muita diversão! – Kara afirmou.

Nem de longe, seu sobrinho parecia o menino acanhado e incomodado de minutos atrás.

— Jet-ski? Isso é incrível! Vai ser a melhor viagem de todas! – Lucca vibrou.

— E não podemos esquecer das praias paradisíacas. Imagina... areia branquinha e água cristalina. Você vai amar! – Sara falou, mostrando toda sua animação.

— Eu já estou melhorando, e quando estiver totalmente recuperado, vamos fazer tudo isso? – Lucca perguntou.

— Com certeza, Lucca! A família vai aproveitar cada momento juntos, explorando o Brasil e nos divertindo muito. – Ava quem respondeu, com um olhar carinhoso para o garoto.