2 - S/n's pov

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2023

Agora eu que estou aqui, tendo que lavar canecas e pires floridos manchados de café diariamente. Depois daquela noite a minha vida se tornou um inferno. Por ser mais nova do que sou agora, não soube lidar com todo o hate de beijar uma mulher em público, participar de um caso e ainda por cima fake news com o meu nome. Saí em revistas e canais de fofoca dizendo que eu havia feito coisas inimagináveis. Me massacraram pela primeira vez; a nova queridinha de Hollywood fora enterrada por manchetes maldosas.

No dia seguinte, mandei e-mails e tentei entrar em contato com a assessoria de Taylor, ver se queriam fazer algum acordo. Ninguém me respondeu. Da parte dela, agiram como se aquilo nunca tivesse acontecido, que não era ela.

Nas fotos vazadas aparecia todo o meu rosto, mas dela apenas seu cabelo loiro e a rua estava escura demais para identificarem seu vestido. Ela poderia negar, e foi o que ela fez. Nunca havia me sentido tão traída quanto naquela época. Não é à toa que guardo um puta rancor daquela loira maldita que me deve cem dólares. O que eu não daria para conseguir cem dólares agora?

Depois de uns meses ela tentou entrar em contato comigo por e-mail, mas eu não respondi. Nem ao menos li alguma coisa, até hoje estão na minha caixa de entrada. Não me fazia mais sentido. Eu tinha voltado para minha vida comum, regredi e tinha que aceitar isso e seguir em frente.

Não que ela tenha saído ilesa. Quer dizer, desse caso sim. Mas logo depois veio toda a bagunça entre ela, a Kardashian e o Kanye West. Odeio aquele cara mais do que comecei a odiá-la. Na época, lembro que criei um perfil falso para defendê-la, o que não adiantou muito já que era uma massa de hate. Lembro de ter me sentido mal por ela. Ela simplesmente sumiu depois disso e apareceu com um álbum histórico, ressurgindo das cinzas; algo que nunca consegui fazer. Com tudo isso e fofocas mais interessantes que surgem com o tempo, fui esquecida.

Eu tentei várias audições, diziam que eu estava ótima mas não podiam me aceitar pela minha reputação. Reputation, nome do álbum da desgraçada. Sempre me lembrava dela quando me repetiam a mesma frase.

Até que me ofereciam alguns papéis, mas minha personagem sempre era uma lésbica extremamente sexualizada que morreria no final. Eu me sentia pessoalmente atacada e desrespeitada, não aceitaria aquilo.

Não fui totalmente apagada. De vez em quando, saía uma foto minha em revistas de fofoca com meu cabelo desgrenhado e uma carranca indo para o trabalho. Odeio todos os escondidinhos de câmera no pescoço, foi um deles que arruinou minha carreira. Hoje em dia, me sustento com apenas 5 dólares por hora numa cafeteria e comerciais de pasta de dentes. No natal, participava de comerciais de panetone. Só isso.

Naquela manhã quente que só o verão de New York era capaz de oferecer, eu andava com meus habituais óculos escuros, uma regata branca e calça jeans azul com um vans preto. Não consegui manter o estilo quando o dinheiro começou a sumir e ainda tinha que andar todos os dias para lá e para cá pois tinha vendido meu carro. Apesar de tudo, às vezes era bom sair na rua sem a precisão de colocar algo na cara para não ser acompanhada por flashs, mas eu reclamava mesmo assim que queria minha antiga vida de volta. Eu só reclamo, peguei esse hábito com a vida sendo cruelmente injusta comigo.

Ao entrar pela porta vai e vem da cafeteria que mais me parecia uma estufa de tantas plantas, dou de cara com Rebeka de olhos fechados e encostada no balcão de pagamento. Olho ao redor estranhando que ainda não tinha nenhum cliente e, quando olho para a porta de entrada, vejo que ela ainda não tinha virado a plaquinha de "fechado" em caracteres vermelhos para "aberto" em caracteres verdes. Virei a plaquinha e fui até ela, chacoalhando levemente seus ombros.

Mais que uma noite em NWOnde histórias criam vida. Descubra agora