8 - S/n's pov

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- Puta que pariu, S/n! - Rebeka exclamou no telefone. Eu não consegui ter uma das melhores noites de sono e Rebeka é amante da madrugada, então resolvi ligar para ela para contar sobre os últimos dias. O tópico foi o primeiro, claro. - Você se esfregou na Taylor Swift três dias atrás e não me contou! - Ela sempre falava Taylor Swift num tom de devoção que me irritava.

- Para! Não me lembra disso. Não foi bem assim. Foi só... dança. Só isso. - Afundei mais uma vez meu rosto no travesseiro depois de ter bebido mais uma garrafa d'água. Tinha bebido ontem a noite aquele vinho horrível da Taverna.

- Você não pode beber quando estiver com ela. Definitivamente não. - Ela ria. Rindo de mim, nesse estado.

- Obrigada pelas risadas, Rebeka. É exatamente disso que eu preciso agora. - Revirei os olhos, me virando na cama para ficar de barriga pra cima, as pernas para cima apoiadas na parede. A melhor posição para ficar na cama.

- Isso é muito cômico. Passei anos com você fazendo cafés e ouvindo resmungos do tipo "eu odeio a Taylor Swift". Agora você está juntinha dela, S/n! - Começou a rir mais ainda. Ótimo.

- Tudo em nome do álcool. - Me justifiquei, soltando um grunhido de frustração. - Não sei o que está acontecendo, Beka. Sinto vontade de jogar tudo pra cima e voltar a minha vida chata de sempre. - De repente, ela parou de rir.

- Ei, 'pera aí. Não diz isso, não. - Ouvi uns barulhos e xingamentos esquisitos. Parecia estar saindo da cama e tropeçando. - Você não pode fazer isso.

- Será que não mesmo? Falta ainda uma semana e meia. Onde dias inteiros. Tem tantas chances de acontecer alguma merda. - Puxei minhas pernas da parede e as juntei ao meu peito, ficando em posição fetal.

- S/n, você tem que se controlar. Não pode voltar atrás agora e carregar bandejas com certeza não é para você! Lembra quando você tropeçou no relevo do tapete e derrubou todo o café num universitário calvo? - Agora eu que estava rindo. - Você tem que dar uma pausa no seu preconceito com calvos.

- Ei, aquilo foi sem querer! - Me defendi enquanto parava de rir. - E o café era gelado.

- Graças a Deus. Imagina se não fosse? - Estremeci com a possibilidade, logo lembrando do porquê estávamos no telefone de madrugada.

- Eu só não entendo o porquê me sinto tão mal com uma oportunidade dessas. Tenho medo de alguma coisa. - Suspirei, esperando seus conselhos tão pesados quanto a pata de um elefante.

- Eu acho que você entende muito bem que o motivo tem nome e endereço. - Ela suspirou também. - Você está com medo de encarar tudo e quer voltar à sua vida de antes porque é muito mais cômodo. Mas eu, como sua melhor amiga, não vou deixar. Se for preciso, tranco cada buraco daquela cafeteria para você nunca mais entrar lá.

- Você está errada. Não tem nada a ver com ela. - Revirei os olhos. - E você não pode fazer isso. Nossa chefe me adora.

- Só não te adora mais do que a sua chefe atual. - Mais uma vez, risadas. Só da parte dela. - Tá, tudo bem. Já que você insiste, se não é ela, o que é, então? - Ela ainda não parecia convencida.

- Ah... eu não sei. Eu estava nervosa antes, muito nervosa. Sabe como é, faz tanto tempo que não me mostro às câmeras para atuar. - Brincava com os dedos dos pés enquanto falava, não prestando tanta atenção. Eu estava bem agora. Fiquei quatro dias mais ajudando do que atuando, acho que Taylor pensou até nisso. Mas, hoje, eu começaria com tudo e me sentia bem com isso.

- Estava, então? Não está mais?

- Pensando bem, não. A Taylor me ajudou com tudo pessoalmente no primeiro dia. Deixou as coisas bem mais leves e... - Parei de falar e respirei fundo. Porra, talvez tenha a ver com a Taylor, pensei.

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