16 - S/n's pov I

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Certo, eu não sei o que aconteceu. Só sei que, neste momento, estou com o cabo de uma colher na boca sustentando um ovo cozido na parte funda... Blake está fazendo o mesmo. Estamos competindo. Segundo Cara, isso mediria a nossa força oral. Quem ganhasse, teria todo o almoço e sobremesa pagos por ela. Tudo bem que todas ali são podres de rica, tirando eu, mas um desafio com prêmio é um desafio com prêmio.

Sinceramente, não sei nem como cheguei a esse ponto, com essas meninas. Queria voltar para casa numa noite, e na tarde seguinte eu estava sustentando um ovo apenas com uma colher e meus lábios.

Elas me chamam de amiga, elas no plural mesmo. Taylor incluída. Somos um grupo de mulheres se divertindo em Miami.

Risadas entre nós era o mais comum depois da situação dos quartos de hotel. As cinco felizes como Cara queria. Não gosto de pensar no que aconteceu pois lembro como terminou: eu vou ter que dormir com Taylor no mesmo quarto. Dependendo da banheira, talvez não fosse tão ruim a ideia que tive antes.

Brincadeiras a parte, não estou a pessoa mais feliz do mundo com isso, mas também não quero ficar reclamando numa viagem que até agora está tão harmoniosa. Como eu disse para Cara, não é nada demais, de verdade. O que mais me atormenta é que vou dormir lado a lado da loira.

Eu poderia ter escolhido qualquer uma das meninas já que todas me ofereceram um lugar em suas camas, mas eu ficaria desconfortável, acho. Preferi Taylor pois me senti mais segura, confortável, a vontade... Enfim, tudo a ver com um bem-estar surreal. Isso é preocupante.

Não é de hoje que tenho olhado para Taylor de um jeito diferente. Reparo em como sua risada pode ser alta especialmente quando a piada não é engraçada, como seu batom é resistente e não sai mesmo depois de garfadas e em como suas bochechas ficam rosadas quando ela me flagra a observando. Acontecia antes quando íamos almoçar, mas era tão automático que eu nem ligava. Até por que, tudo se resumia ao trabalho. Agora, eu já não sei. É estranho demais.

Sei que não gosto quando ela menciona Joe, nem quando as meninas falam tão sugestivamente dos go-go boys para ela. Percebo sua carranca quando Cara menciona pela vigésima vez as go-go girls para mim também, é até engraçado. Ela vira o rosto e o esconde com uma mão, mas, se prestar bem atenção, dá para ver seus olhos se revirando.

Acompanhado de gritinhos, Blake cede e o ovo cai em cheio no prato de porcelana que estava com restos do sorvete de sua sobremesa. Mal pude acreditar, largando aquela colher com um sorriso vitorioso. Quem ligava para o gosto metálico e os dentes dormentes como se estivesse no primeiro dia usando aparelho? Ganhei o almoço e sobremesa de graça, isso que importa.

– Parece que temos uma vencedora! – Exclamou Cara puxando as palmas em nossa mesa.

– Minha colher estava escorregadia antes! – Argumentou Blake em falsa irritação. – Acho que encontrei uma oponente a minha altura.

– Obrigada, obrigada. – Sorri enquanto os aplausos cessavam. – Espera, isso é comum entre vocês? – Perguntei passando a nota da minha conta para as mãos de Cara.

– Claro. – Respondeu Selena como se pensasse “não é isso que se faz em todo almoço com amigas?”. – O último quem ganhou foi Taylor.

– Isso mesmo. Agora, você ganhou. – Complementou Cara com o que eu já sabia. – Vocês duas têm um oral muito bom. – Taylor, que também me observava durante o almoço, se engasgou na mesma hora com a água que estava bebendo.

– Que frase cheia de dualidade! – Disse ela, repreendendo Cara.

– Acho que essa era a intenção. – Sussurrou Blake com um aceno de cabeça apontando para Cara que estava rindo dando tapas na mesa.

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