20 - S/n's BDay I

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A última semana foi uma loucura. As gravações de Her Justice já estão em andamento e eu estou tendo que me adaptar novamente à essa vida de decorar falas por mais que valorizem muito meus improvisos; com Scorsese não funciona bem assim. Pelo lado bom, estou me dando muito bem com o cast e o próprio diretor. Além de Os Miseráveis, vou ter outro filme com a Anne Hathaway na minha filmografia, não tenho muito do quê reclamar.

Além disso, eu tive três reuniões longas por quatro dias seguidos e saí de uma delas com duas audições já marcadas em outra cidade. Se bem que acho que eu não deveria contar muito com uma delas porque não importa se fui bem ou não, simplesmente não serei chamada.

Quando fui assinar meu nome para caso ficassem interessados para um segundo teste, eu assinei Taylor Ali. Taylor Ali, sério. O resto não existe pois percebi na hora o que estava fazendo e fiquei desesperada. Não por ter arruinado minha audição, mas sim pelo ponto em que cheguei. Taylor Ali não saía da minha cabeça. E, bom, ainda não saiu.

Tentei ir a um encontro entre toda essa correria, Rebeka disse que tirar um tempo para conhecer pessoas novas seria uma boa ideia. Eu tentei, tentei mesmo, mas não me diverti em momento algum. Seu cabelo ruivo cheio de cachos e escápulas bem treinadas eram bem atraentes, então aceitei o date.

O nome dela era Deena e ela trabalha em um escritório de advocacia. Pelo que entendi, ela também é bastante ocupada. Nós duas fomos ao quiosque com as roupas que saímos do trabalho pois não tivemos tempo para nos trocar. No entanto, essa foi a nossa única coisa em comum. Suas piadas eram tão sem graça que para rir eu tinha que lembrar da risada de Taylor, então eu ria com a cabeça nas nuvens.

Meus pensamentos obsessivos sobre a minha amiga não me deixaram em paz por nenhum segundo, por isso, a ignorei a última semana inteira. Não atendi ligações, não respondi mensagens, não vi seu close friends que teve posts mais frequentes que o normal... Resumindo, eu sumi. E não é como se eu não tivesse pensado no seu caso sobre “cozinharmos” juntas novamente, eu pensei até demais, só não quis chegar numa conclusão.

E agora, quando estou concentrada até demais em amarrar meus cadarços para uma corrida, me prevenindo para não pensar mais em Taylor Ali, sou chamada a atenção por batidas na porta.

Atualmente faz exatamente uma semana desde que dormi com Taylor por cima da minha mão no sofá extremamente acolchoado e macio, ou seja, hoje é o meu aniversário: domingo. Deve ser mais um cartão anual escrito pela síndica do prédio: “Feliz aniversário, S/n! Estou insistindo pela quinta vez desde que você se mudou para que compareça às nossas reuniões insuportáveis do prédio se puder, querida. Aproveite bem o seu dia. Não se esqueça das reuniões. Beijos! (Reuniões)”. Imagino que seja assim.

Com um cadarço amarrado e o outro pela metade, me levantei carrancuda para atender a porta que foi batida mais três vezes mais alto que o normal.

– Já vai! – gritei até chegar à porta, passar as chaves e girar a maçaneta com um pouco de dificuldade. Tenho que banhar essa fechadura em óleo depois.

– Uau, a síndica se dedicou esse ano – digo isso porque o homem baixo de uniforme azul segurava com dificuldade uma grande cesta com as duas mãos e ainda tirava vantagem do apoio da parede. Agora eu entendo o desespero das batidas altas demais na porta.

Ele me olhou de cima a baixo e ainda entortou o pescoço para espiar o interior do meu apartamento. Enxerido.

– S/n S/s/n? – perguntou com desconfiança checando um cartão que estava pregado à cesta. Apenas assenti, não entendendo para quê tanta identificação para apenas um presentão da síndica. – Isto é para você, eu acho.

Mais que uma noite em NWOnde histórias criam vida. Descubra agora