O Fim

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Finalmente acabou...Mas, sinceramente, não parece que de fato acabou. Sinto como se ele fosse voltar novamente dos mortos, matar todas as pessoas que eu amo, as que restam pelo menos, e eu ficaria sozinho novamente. Sem ninguém...

Nesse exato momento estou na minha cama na Torre da Grifinória, apenas deitado olhando para o dossel vermelho, tentando desligar meus pensamentos que parecem girar em um redemoinho em minha mente.

- Mestre Potter? - a voz rouca de Monstro soou da direção da porta, me levantei o suficiente para olhar o elfo, me apoiando nos cotovelos.

- Você está bem, Monstro? - perguntei percebendo que por baixo do medalhão de Regulus Black, tinha um ferimento não muito profundo, que ainda sangrava.

- Estou, mestre. Vim ver se precisa de algo... - o elfo me respondeu, fazendo pouco caso de seu machucado.

A ideia de pedir para Monstro me trazer sanduíches desapareceu instantaneamente da minha mente. O elfo também estava cansado e machucado, assim como eu. Então simplesmente falei:

- Vai descansar, Monstro. Você merece. Regulus ficaria orgulhoso de você. Honrou a memória dele.

- Mas, senhor... - o elfo balbuciou, enquanto seus olhos se enchiam de lágrimas.

- Vá descansar, é uma ordem. Eu tô bem - menti.

O elfo hesitou, porém aparatou a contragosto, enquanto eu voltava a deitar e encarar o teto.

Cerca de cinco minutos, ou talvez mais, não tenho ideia, ouvi novamente a porta abrindo, mas nem olhei. Depois de alguns segundos, senti o colchão afundando ao meu lado direito e como se fosse mágica um perfume que eu conhecia bem me inundou.

- Tá todo mundo te procurando - ela falou receosa, fazendo meu estômago revirar ao ouvir sua voz. Quando não respondi, acrescentou - Você sumiu por mais de uma hora, Harry. Você está se sentindo bem?

- Uma hora? - perguntei surpreso ignorando sua pergunta. Não percebi que tinha passado tanto tempo.

- Está se sentindo bem ou não? - insistiu ela.

Não tive coragem de olhá-la, mas mesmo assim me sentei encarando as minhas mãos, brincando com minha varinha consertada a pouco tempo.

- Não - falei baixo e minha voz saiu, para minha surpresa, trêmula. Era verdade, desde que eu morri parece que tem algo de diferente em meu corpo, na minha mente...

Senti ela se aproximar tentando olhar nos meus olhos.

- Você está evitando me olhar de novo - ela afirmou.

- Eu quero ficar sozinho - menti com a voz ainda mais trêmula. A verdade é que antes eu realmente queria ficar sozinho, mas quando ouvi sua voz mudei de ideia rapidamente.

- Deixa de besteira - falou impaciente, sua mão segurou meu queixo, levantando meu rosto para encarar ela. - Melhor assim - sorriu fraco e eu me senti minimamente melhor.

Gina estava linda como sempre, mesmo com machucados no rosto, roupas sujas de poeira, terra e sangue, além dos olhos vermelhos, provavelmente por ter chorado. Quando olhei em seus olhos me senti completamente culpado, ela chorou e estava machucada... e foi minha culpa. Ela estava triste por minha causa. Ela tinha perdido o irmão e a culpa era minha. Um nó se formou em minha garganta.

- Me desculpa - falei baixo hesitante, desviando de seus olhos castanhos de novo, sentindo a vontade súbita de chorar. - Me desculpa, Gina. Me desculpa, por favor - comecei a implorar me sentindo desesperado.

Se ela me culpasse eu entenderia completamente, se não quisesse mais olhar na minha cara não poderia fazer nada. Naquele momento percebi que eu levei todos os que amava para uma armadilha, alguns deles morreram e os que não morreram perderam alguém.

DELICATE ☆ HinnyOnde histórias criam vida. Descubra agora