(O seguinte texto não é a Sinopse)
Cordelia Sybil Liguori, aos dezessete anos, escapa das correntes de uma família extremista, onde seu destino estava traçado em um casamento indesejado. Refugia-se nas montanhas de Apalachianas, buscando liberdade e...
Desculpa o atraso pessoal! Eu perdi completamente a noção de tempo, mas aqui está mais um capítulo! E lembrando, se querem maratona, vão lá seguir @izabrown20
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Capítulo 3 Encontro no Abismo
Trilha Sonora: Is There Anybody Out There - Laura Mvula
Os gêmeos cantavam batendo palmas no banco de trás, onde eu hora ou outra olhava para o retrovisor, capturando breves vislumbres dos sorrisos radiantes que iluminavam o interior do carro. A noite era escura, e as estradas serpenteavam perigosamente pelas montanhas, por isso subia em baixa velocidade. A chuva, incansável, adicionava uma camada adicional de cuidado no volante.
As vozes infantis, tingidas de inocência e alegria que aqueciam o meu coração como pai, cortavam a noite úmida, me fazendo sorrir, levemente. Uma melodia que por horas a fio se prendeu em minha mente graças a grande repetição que meus meninos colocavam, me fazendo odiar a tal canção, mas eu não os proibia de tocar mesmo na imprevisibilidade da tempestade, com um raio de luz cortando o céu. Eu dirigia com atenção, meus olhos fixos na estrada molhada, mas meu coração estava voltado para o banco de trás onde meus pequenos estavam a cantarolar a melodia animada que fluía do banco de trás.
Eu sempre quis ser pai, mas nunca quis me casar.
Foi por isso que recorri as barrigas de aluguel, escolhendo aquela que tinha um histórico exemplar de saúde, pouco me importando com o resto. Assim, finalmente pude ter os meus filhos, o que de melhor e mais precioso que eu tinha nesse mundo. Dorian e Ethel já tinham quase cinco anos, eram o meu orgulho, inteligentes, empáticos e educados. Eu, o maior pai coruja. Quando os peguei pela primeira vez, foi como se o mundo todo parasse, a vida finalmente fizesse sentindo e ali nos meus braços estavam o universo. Os primeiros meses foram difíceis, tive que mudar tudo para adcioná-los a minha rotina e vida, foram horas de madrugadas acordados a fio. Mas eu não me arrependo de nada, faria tudo de novo para os ter ao meu lado.
As montanhas, leais sentinelas, mantinham-se obscuras sob o manto noturno e da chuva. Cada curva que eu subia era com uma lentidão quase irritante, mas o riso contagiante dos gêmeos trazia uma suavidade e me acalmava de meu estresse, um contraponto à tempestade que rugia lá fora.
A estrada serpenteava mais alto, e o chalé, uma silhueta distante e imponente, surgia na paisagem montanhosa. Eu, enquanto dirigia com cuidado, me permitia sorrir com o orgulho paterno quando olhava através do retrovisor, satisfeito que poderia descansar por alguns dias aqui, longe de New York e de toda a sua algazarra, mesmo que o trabalho nunca pare, faria isso de casa, podendo estar na companhia de meus dois melhores amigos naquele lugar nas montanhas que é o meu refúgio, estava prestes a me esquecer da agitação nova-iorquina, por isso nem mesmo a chuva lá fora podia apagar a a minha centelha de paz.
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