Capítulo 6
Trilha Sonora: RadioHead - Exist Music
Minha relação desde a madrugada na cozinha com Azor, melhorou muito. Não que fossemos melhores amigos ou alguma coisa do tipo, mas melhorou, nos tratamos com cordialidade e isso basta. A dinâmica sutil dessa cordialidade abriu portas para uma convivência mais leve, dissipando o desconforto inicial que sempre se fazia presente em cada segundo que compartilhávamos o mesmo ambiente. À medida que trocávamos olhares significativos, percebi que havia mais do que palavras sendo partilhadas, pode parecer coisa da minha cabeça, mas era como se nossos silêncios também soubessem se comunicar e através de simples olhares tivéssemos compartilhando uma piada interna.
A vida naquele lugar, distante da correria da cidade, tornava cada interação mais intimista. E, de certa forma, aquela calmaria contrastava intensamente com o tumulto que uma vez foi minha rotina. A minha presença começava a se entrelaçar de forma peculiar com a dinâmica deles, houve um dia que até assistimos um filme, todos juntos. Saímos para caminhar pelas terras junto das crianças, passeávamos como uma família mesmo, e isso, ao mesmo tempo que me era assustador, era incrível e eu começava a gostar.
Os primeiros raios de sol naquele dia já se anunciavam e eu já estava acordada, por isso saltei da cama, indo tomar um banho quente e longo que tanto aprendi a gostar e apreciar. Depois, vesti um do meus novos vestidos, dessa vez um verde, de decote reto, mas com uma abertura nas costas, a saia era rodada, com um cinto preto, o volume da saia acabava que disfarçava a minha barriga que era naturalmente proeminente e cheia de estrias. Mas eu aprendi a ignorar esse fato, assim como aprendi a ignorar todas às vezes que minha mãe falava sobre o meu peso.
Calcei um par de sapatilhas, arrumando uma fita em meus cabelos, também preta em um laço mais solto. Enquanto me olhava depois de pronta em frente ao espelho, eu alisava o meu vestido, conferindo tudo e me permitindo sorrir levemente, gostando do que via. Saí, queria dar uma volta na propriedade e quem sabe ir ao imenso lago, só para olhar a montanha de longe. Bem como queria deixar uma carta com Marie, que ia aproveitar seu dia de folga na cidade, pedindo que entregasse a Emilly que me respondeu na última vez, perguntando se poderia me visitar, o que eu não sabia, pois ainda tinha que arranjar coragem dentro de mim para perguntar ao dono da casa.
Bati no quarto de Marie, que logo autorizou minha entrada e eu rapidamente entreguei a ela carta, me despedindo dela em frente a entrada da casa, enquanto ela entrava em um dos carros grandes dos homens de preto que faziam a segurança das terras e da família enquanto eles estavam ali.
— Tchau, querida!
— Tchau, Marie! — Acenei para ela que rapidamente se foi, levada por um dos seguranças.
— Já de pé tão cedo? — Saltei ao ouvir a voz masculina que passei a identificar o timbre com uma facilidade, me virando em direção ao senhor Azor que surgiu do nada.
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CATIVA DAS MONTANHAS [NA AMAZON]
Romance(O seguinte texto não é a Sinopse) Cordelia Sybil Liguori, aos dezessete anos, escapa das correntes de uma família extremista, onde seu destino estava traçado em um casamento indesejado. Refugia-se nas montanhas de Apalachianas, buscando liberdade e...