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Sendo a única que permaneceu na casa, ao contrario dos outros que saíram para comemorar a chegada do ano novo, Lúcia permaneceu deitada sobre o sofá da sala no andar de cima, ela tinha seus óculos de leitura.

Entretanto, sua leitura foi interrompida com a saída do seu filho do quarto. Suas roupas já eram outras, as mangas da camisa escura estavam dobradas até os cotovelos, a calça clara e o relógio no pulso direto aumentaram sua beleza naturalmente. Lúcia pôde admirar o quanto seu filho, a cada dia estava ficando mais bonito, e carregando mais ainda do seu pai em si mesmo.

Entretanto, não deixou de notar a preocupação nos olhos esverdeados do homem, que ao olhar para ela, forçou um sorriso pondo sua mão no bolso da calça.

— Mamãe.

Lúcia sorriu, retirando os óculos e os dobrando. Fechou o livro, e o apoiou sobre a capa.

— Oi, meu amor — estendeu sua mão para ele — Venha para cá.

Adam acatou ao pedido de sua mãe, unindo sua mão a dela.

— Desde quando chegou ficou tão quieto, sequer olhou para mim ou para sua noiva no jantar — comentou Lúcia — Pode me dizer o que aconteceu?

—... ah, mãe — suspirou — Aconteceram tantas coisas ao mesmo tempo que nem eu mais sei o que fazer ou pensar.

Lúcia assentiu.

— Mais eu sei de uma coisa que pode te ajudar a melhorar — abriu os braços — O colo da mamãe — Adam riu da forma que ela se referiu, mas não negou o abrigo. Ele descansou sua cabeça próximo ao pescoço de Lúcia, como uma criança, enquanto ela esfregou sua mão contra suas costas como sempre fazia — Você cresceu tanto, meu amor.

— Cresci — fechou os olhos — Mas os seus braços nunca deixarão de ser meu abrigo e minha paz, mamãe.

Ela deu uma risada baixa, deu um beijo na cabeça do filho sabendo muito bem, que mesmo ele tendo crescido, não havia deixado de ser aquele menininho que sempre corria para ela.

— Você não quer me dizer o que aconteceu, mesmo?

—... não quero que a senhora se preocupe.

— Mas eu sou sua mãe, eu vou me preocupar com o que te afeta, com o que te tira o brilho.

E a prova daquilo tudo, é que Lúcia não se importou quantas horas levariam para encontrar com seu filho, apenas queria estar ao lado dele lhe fornecendo força e carinho. E era o que Silvana deveria estar fazendo, mas sequer estava exercendo.

— Eu sei... mas eu apenas quero ficar aqui — sussurrou ele — Nos seus braços, e me sentindo seguro.

— Você sabe que sempre terá o meu colo. Mas também deve saber que eu estou disposta a te escutar e aconselhar, está bem?

Ele assentiu.

— Promete para mim que amanhã vai acordar com um sorrisão de orelha orelha, e que esses olhos estarão brilhando?

—... amanhã?

— Exatamente. Essa tristeza e preocupação devem acabar nessa noite!

— Hmmmm, isso é um decreto?

Eles deram uma gargalhada baixa.

— Sim, é um decreto.

Adam suspirou, arrumando sua postura.

— Eu vou tentar, vou tentar mamãe — seu tom de voz acabou preocupando e não tranquilizando.

Lúcia o apertou contra si, desejando poder arrancar toda aquela tristeza evidente no rosto de seu filho, com suas próprias mãos. E por amor à ele, passou a metade da madrugada orando e lendo a palavra. Por mais que Adam mantivesse sigilo do que estava acontecendo, ela queria que Deus pudesse o auxiliar na sua decisão, ou até mesmo usar dela para dar a resposta que seu filho queria.

Simplesmente, Você | Livro I Onde histórias criam vida. Descubra agora