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Com os ombros envolvidos pelo cobertor, e em meio a sua tosse, Genésio foi para o lado de fora da cabana. Logo, suas sobrancelhas grossas se uniram por ele sentir falta de Mavi, a qual, ele acreditou estar com as crianças.

— E onde está a Mavi? — indagou, unindo-se aos três.

— A Nina passou aqui, e elas duas foram lá pra rua. — respondeu Paulo.

— Para fazer o que?

— Eu não sei direito, mas parece que vai ter algo muito importante lá.

— Mas que estranho... Mavi não me disse nada.

— Ela confiou em mim.

— Ah...

As indagações de Genésio não puderam sair graças a presença de Mavi, que surgiu no caminho. Seus braços nus e brancos, envolviam sacos grandes com tecidos pesados, e materiais de higiene. Ele tentou adivinhar em sua própria mente, do que aquilo poderia se tratar, enquanto a jovem se aproximou e os meninos correram para ela.

— O que era, Mavi? — insistiu Bento.

— Deve ter sido coisa boa. Você não voltou de mão vazia! — comentou Sol, apertando o braço de Bento para mais perto de si.

— Eu vou explicar, calma...

— É bom mesmo - aconselhou Genésio.

Ela o fitou, e raspou a garganta lembrando que não tinha dito nada à ele sobre a sua saída.

— Uma pessoa muito importante, junto com um monte de gente bem vestida, e o prefeito. Anunciaram que estão com um tal de projeto... E esse projeto tem o objetivo de nos ajudar, nós que não temos boas condições, entregando alimento e materiais para podermos passar os dias que se seguirão!

Genésio estranhou a pouca informalidade na explicação de Mavi, mas não deixou de sorrir por saber daquilo.

-... foi mais ou menos assim que eles disseram. - ela completou.

- Ai. E o que tem aí, Mavi? - perguntou-lhe Sol, apontando para o que os dedos de Mavi agarravam com tanta força.

- Eu não tenho tanta certeza, Sol. Mas pelo o que estou vendo, acho que tem bastante cobertores.

- Vamos abrir, então! - Paulo incentivou.

Mavi sacudiu a cabeça, seguindo o momento. E ela não havia se enganado, haviam sim cobertores. Escovas, pastas de dente estavam ainda em suas embalagen exibindo sua beleza.

- Ainda bem que ganhamos escovas novas, a minha já está bem velha! - suspirou Sol, aliviada.

- Eu também - comentou Paulo.

- Mas você nem precisa. Você não usa.

Mavi distanciou Paulo, antes que ele agarrasse o cabelo da menina.

- Agradeçam por terem envés de quererem ter uma confusão!

- Ela que começou - retrucou o menino.

- Está tarde demais para ficarem discutindo - aconselhou Bento. - Vamos todos dormir, eu tenho certeza de que amanhã será um dia bem cheio.

- Nisso, o Bento tem razão - afirmou Mavi.

- Mas iremos vender sabendo que é um dia depois da festa de natal? - perguntou-lhe Paulo.

- Pelo o que eu vi, as ruas não estão tão movimentadas. E estão bem mais no ano novo.

- E o ano novo a gente passa bem juntinho - cantarolou Sol, ficando pertinho de Mavi - Por isso que eu gosto tanto!

- E eu gostaria mais ainda que vocês fossem todos dormir, agora - contou Genésio. - Andem, vamos... - fez um gesto com a cabeça, apontando para a cabana.

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