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Silvana foi pega de surpresa com um beijo, enquanto passou seus dedos finos nas folhas da revista, em sua bochecha.
Ela iria avançar para, com certeza, agredir quem tinha feito daquela forma, mas tranquilizou a si mesma quando viu que se tratava de Ricardo.

— Ah, é você — bufou.

— Nossa, agora é assim que me recebe? — indagou, puxando uma das cadeiras da mesa do jardim, a qual estava perfeitamente enfeitada com comida, sentando-se em seguida — Pelo visto ainda não se esqueceu.

— Sua presença me faz recordar.

Ricardo deu de ombros, lançando suas mãos na direção da garrafa de café e a cesta de pães.

— Bom, mas está tudo bem entre você e o Adam, não é? Não quero ser motivo de intriga entre vocês dois.

— Sim, está...  — confessou, vendo-o descansar as costas contra o encosto da cadeira — Mesmo que outras situações tratem de mais e mais motivos para brigarmos apareça.

— Hm. Não me diga que está tendo intriga entre o casalzinho — provocou.

— Pare com essas brincadeiras ridículas, não tem graça nenhuma — cruzou os braços.

— Desculpa, eu pensei que iria tirar pelo menos um sorriso nesse rosto tão bonito.

— Mas não tirou — rolou os olhos.

— No que eu posso lhe ajudar, Silvana?

— Me ajudar no que?

— Em relação ao seu noivo. Quer que eu converse com ele, quer que eu diga alguma coisa?

— Não, isso não será necessário... Aos poucos estou me confirmando pelo fato do Adam ser tão contrário à mim e no que eu acredito. Eu disse à ele que tentarei melhorar, e é isso que irei, pelo menos tentar. Para que o nosso relacionamento não seja fadado ao fracasso tão cedo...  — contou — O quanto mais possível estar longe de briga ou confusão com ele, melhor. Adam não pode escapar tão facilmente dos meus dedos.

Ricardo a fitou por um momento, deixou o que tinha em mãos sobre a mesa para se inclinar na direção de sua amiga. Uma idéia lhe veio a mente por um instante, e vendo que poderia soar bem à Silvana, achou uma forma de introduzir.

— Você não quer que ele vá embora tão cedo, não é?

— Claro que não. Eu amo quem ele é — era necessário omitir em algumas situações — Amo a inteligência dele... não estou disposta a deixar ou renunciar tão cedo.

Ricardo estalou a língua.

— Por que vocês não jantam juntos? Tem um tempo apenas para vocês?

— Isso não é uma má ideia, não saímos depois que chegamos da Itália.

Ricardo levou uma de suas mãos para o ombro da mulher, ainda prestando atenção em suas palavras e preparando as suas.

— Vocês podem ir mais além, não acha?

— Se for do que eu estou pensando...

— É o mais normal entre um casal, ué.

— Eu sei... mas acontece que Adam não é desses. O tipinho dele é conservador demais. Ele ama e expõe a sua total benevolência ao Deus que ele diz tanto, que jamais irá fazer isso. — anunciou. — Para ele, “só depois do casamento”.— deu ênfase nas palavras usando seus dedos como aspas.

— Mas que patético.

— Concordo plenamente... mas é isso que ele acredita — deu de ombros — Vou fazer o que?

Simplesmente, Você | Livro I Onde histórias criam vida. Descubra agora