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Varrendo o último resquício de poeira da pequena cabana, Mavi deu um longo suspiro olhando para a faxina caprichosa que fez. Os colchões estavam em pé sobre o chão de lona, as roupas das crianças dobradas uma sobre as outras e alinhadas nas velhas gavetas. Tudo estava em ordem.

Batendo os pés na grama, fora da cabana, Mavi o fez tentando tirar qualquer resquício de poeira em seus velhos calçados. Em relação às suas vestimentas, ela não tinha um grande número. Apenas três blusas, e apenas uma de manga longa para poder enfrentar o frio, às quais sempre eram reparadas por ela para ver se não estava com mais um buraco, e usada também nos dias em que passava a manhã no lixão. Duas calças jeans de cintura baixa, e um shorts jeans usado nos dias quentes e nos dias que teria de ir no lixão. Por sorte, seu cabelo não precisava muito de tanta exigência e passadas, apenas uma sacudida e as mechas longas e louras do cabelo estavam perfeitas.

O rosto de Mavi, se iluminou ao escutar as vozes do quarteto chegando numa cantoria distinta. Genésio e as crianças tinham se responsabilizado em ir ao lixão junto com os catadores, a fim de conseguirem achar mais panelas para a cozinha, ou qualquer tipo de alumínio que servisse para preparar um alimento.

Ela saiu, com a mão firme no cabo de vassoura remendado.

Genésio apareceu carregando, em uma de suas mãos, um saco cheio e sem nenhum furo enquanto os seus dedos serviram como guia no ombro de Bento. Sol e Paulo vinham mais atrás, as mãos firmes nos outros sacos. Todos os quatro estavam como a mesma roupa que usavam para ir no lixão, com seus bonés e calças um tanto encardidas, sem contar com suas luvas de plástico esverdeadas já com rasgos.

— Finalmente chegaram, em!

Genésio deu de ombros.

— Nem demoramos tanto...

— Foi tempo o suficiente para eu ter limpado a cabana todinha!

Sol saltou na frente da jovem.

— Mavi!

— Sim, pequena?

— Olha o que eu consegui achar!

Sol soltou o saco que tinha em mãos para o chão. Se agachou, e do plástico revelou lindos jarros de plantas, necessitados apenas de uma pequena reforma e desenhos.

— Eu achei eles bonitos!

— Eu também, Sol! Eles ficarão mais ainda com as plantas que pormos nele.

— Sim! Você vai pôr agora?

— Ainda não. Primeiro vamos ver direitinho o que vocês trouxeram — Mavi piscou um de seus olhos, indo em direção a um de seus meninos preferidos — E como foi, Ben?

— Foi muito bom. Eu fiquei responsável pelas sacolas e eu não deixei ninguém se aproximar, a não ser o Paulo, a Sol e o Genésio.

— Ai, muito bem!

Paulo parou de mexer no que tinha levado, para chamar a atenção de Sol. Esta, correu para ele em segundos assim que o escutou.

— Vamos sair para pegar as frutas. Enquanto eu vou procurar a faca, você cata as sacolas — ordenou, com a voz na altura que apenas a garotinha poderia escutar.

Horas antes, ele tinha falado do mesmo pé de manga que tinham ido meses antes. Sol estava perfeitamente consciente.

— Mas será que vai dá certo? — indagou, preocupada.

— E por que não daria?

— Vai que...

— Não vai dá em nada, vá logo pegar as sacolas!

Simplesmente, Você | Livro I Onde histórias criam vida. Descubra agora