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"...Mas o dia vem e deixo você ir." — Ivete Sangalo

— O quê? — perguntei.

— Ela desistiu do concurso, voltou pro Brasil. — permaneceu com os braços cruzados e um olhar piedoso. — Depois que saiu do museu, veio pra cá, comprou uma passagem e foi embora.

— Por que ela fez isso? Desistiu de uma oportunidade incrível para ela.

— Ela não desistiu pela oportunidade, Nero. — me interrompeu. — Ela desistiu porque sabia que não ia conseguir ficar, dividir o mesmo lugar que você, tendo você tão perto.. Ela achou melhor assim, mas pediu para eu entregar isso para você. — disse entrando novamente dentro do quarto e voltando com um algo embalado e uma carta. — Me desculpa!

— Obrigada, Indira! — com os olhos marejados me despedi.

Voltei para meu apartamento e assim que entrei, deixei o embrulho perto da cozinha e me sentei na cadeira.

Ela tinha ido embora. Desistiu de tudo e foi.

Relutei para abrir a carta, mas eu precisava saber o que ela tinha para me dizer.

"Meu amor.

Quando essa carta chegar até você eu já estarei no Rio novamente. Decidi voltar, porque acredite, vai ser melhor assim. Não podia continuar em um lugar que para onde eu olho me lembra você.

Às vezes a vida te dá pessoas especiais. Às vezes pessoas especiais te dão a vida. E você é a pessoa especial que me deu vida.

Uma vez você me disse que eu tinha trazido cor pra sua vida, mas a verdade é que foi o contrário. Eu achava que tinha cor na minha vida, mas descobri que não, porque ela só ganhou cor quando você entrou nela.

Quando a intimidade chega, ir embora é uma opção e permanecer também.

Escolher ficar é para quem entendeu que a verdadeira magia não está no destino. Aliás, não há destino. Só existe eu e você. O resto é poesia pro nosso amor, para nossa dor, para nós. Meu talismã.

Acredite quando eu digo que: eu nunca te quis pouco. Qualquer uma pode dizer que te ama, mas eu não, meu amor.

Eu te poesio!

Que seu olhar curioso te leve a destinos maravilhosos.

Para sempre sua, Giovanna!"

Terminei a carta me decompondo a chorar.

Por que eu a amo tanto? Por que simplesmente não podemos ficar juntos?

Peguei a embalagem a abrindo, revelando embrulhado naquilo tudo havia um quadro e com ele um cartão pequeno.

Peguei a embalagem a abrindo, revelando embrulhado naquilo tudo havia um quadro e com ele um cartão pequeno

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"Fiz pensando em nós! Quero viver assim como a pintura, para morrer nos seus braços."

Tudo bem! - pensei.

Tudo bem se está destroçado.

Tudo bem se ostenta as cicatrizes do que viveu.

Tudo bem se está uma bagunça.

Tudo bem ser a xícara lascada. É a xícara que tem uma história.

Tudo vem ser sentimental, excêntrico e chorar lágrimas agridoces com canções e filmes que supostamente você não deveria amar.

Tudo bem gostar do que você gosta.

Tudo bem se gostar das coisas por nenhum outro motivo além do fato de gostar delas, e não porque são descoladas, engenhosas ou populares.

Tudo bem permitir que as pessoas o encontro

Está tudo bem... Iria ficar!

Se fosse para ter pelo menos uma parte dela, eu guardaria aquele quadro a sete chaves, a manteria por perto nem que fosse por meio de um objeto, uma tela que sobre as cores e tintas morava eu e ela.

Ainda era manhã, eu não tinha tomado café e meu corpo nem clamava por isso. Minha única necessidade agora era ela, era como se eu só voltaria a viver e sentir o coração bater, o ar entrar pelos meus pulmões, se ela estivesse comigo.

Me tornei um dependente do seu carinho, do seu amor, da sua presença. Eu precisava dela e soube desde o começo que eu não iria simplesmente deixar as coisas acontecerem e ver ela ir embora de braços cruzados.

"Eu me embriago de vazios ou exageros.

Tenho teses sobre a minha tristeza e alegrias sem explicação.

Uma intensidade em um mundo cheio de dedos analfabetos em toque.

Uma única intenção em um mundo repleto de segundos.

Não sou equilíbrio.

Não me interesso por ele.

Sou um caos suave.

Assim como o amor.

Ou o nada."

Pelo contrário. Alcancei meu telefone que tinha colocado sobre a bancada e rapidamente liguei para Indira, que atendeu de prontidão.

— Indira! Agora eu que preciso da sua ajuda.

Não iria ver a mulher que amo ir embora e não fazer nada.

Antes meu medo não era falar de amor, meu medo é não ouvir amor de volta. Meu coração ainda era dela e a gente não deixava de amar alguém de uma hora pra outra.

œuvre d'art | gnOnde histórias criam vida. Descubra agora