Valentine ᵛᶦⁿⁿᶦᵉ ʰᵃᶜᵏᵉʳ

008. terceira pessoa

[...]

Deitada de bruços em sua cama e suas pernas para o ar, Bonnie mexe em seu computador enquanto enrola alguns fios de seu enorme cabelo loiro.

A garota usa shorts jeans escuro e uma blusa branca e vermelha, do seu exato tamanho. As pontas de seus dedos clicam rapidamente no teclado do computador na sua frente.

Bonnie olha de relance para a grande janela do seu quarto, mas logo parando para observar seu vizinho, Vinnie, jogar as chaves de seu carro para o alto, com uma expressão cansada, enquanto conversa com alguém no telefone.

A garota levanta da cama em um ato rápido, e pega seu celular em sua penteadeira. Decide passar na casa de seu melhor amigo – ou melhor; do seu namorado. Falso. – para saber se está tudo bem com ele.

Bonnie abre a porta do seu quarto pintado de branco, e desce as escadas com pressa. Sua mãe faz brownies na cozinha enquanto escuta uma música.

— Que música chata. — a mais nova reclama se aproximando de sua mãe na bancada da cozinha, pegando um pedaço de brownie.

— Tira o dedo! — ela dá um tapa rápido na mão de Bonnie. — Eu ainda não terminei. — a garota dá de ombros e sua mãe revira os olhos.

— Vou na casa do Vinnie. — Bonnie diz. — Se precisar de mim, é só ligar. — ela balança seu celular enquanto anda até à porta.

— De novo? Você esteve lá ontem.

— Ué, ele é o meu melhor amigo. — sua mãe coloca as mãos na cintura. — Qual o problema em eu querer ir na casa dele de novo?

— Nada. Pode ir. É só que... eu sinto que vocês estão mais próximos do que o normal esses últimos dias. — Bonnie engole seco.

Seus pais são os únicos que ainda não sabem de seu namoro com Vinnie. Bonnie simplesmente sente-se exausta ao contar as coisas particulares para eles, porque sabe que eles sempre exageram, fazendo milhares de perguntas.

Mas a mãe de Vinnie havia entendido tudo. Ela havia visto o beijo deles na casa de Hacker, já que são vizinhos. Sra. Ward apenas queria entender o motivo de tanto mistério para sua filha não querer contar para a própria mãe que os dois estão juntos.

— Bon, eu vi você e o Vinnie se beijando na frente da casa dele. — sua mãe explica. Bonnie arregala os olhos.

Ela solta um gemido de frustração.

— E o que você quer saber?

— Quero saber como vocês ficaram juntos, assim, do nada! — ela tira o avental que estava usando e se senta no sofá da sala, acompanhada de sua filha.

— Ele se declarou pra mim já faz um tempo... e aí eu apenas disse que sentia o mesmo por ele. — Sra. Ward abre a boca em choque. — Nós começamos à ficar, e ele me pediu em namoro faz pouco tempo.

Ela mente sem medo algum, assim seguindo a regra número um da lista que ela e Vinnie haviam feito: "Ninguém pode saber que esse namoro é de mentira".

— Sempre soube que vocês acabariam namorando! — ela sorri largo. — Mas por que você não contou para mim? E nem para o seu pai?

— Vocês iriam encher o meu saco, fazendo um monte de perguntas. — Bonnie esponde, se levantando do sofá e indo novamente na bancada da cozinha, pegando mais um brownie, e o levando até sua boca.

— Não iríamos, não!

— Sim, vocês iriam. Agora eu realmente preciso ir. Tchau, mãe. — ela despede-se, ainda de boca cheia.

Ward gira a maçaneta para sair da casa com um pouco de dificuldade, já que as suas mãos estão oleosas, por conta do doce que ela havia pego há até pouco tempo atrás.

Assim que a garota abre a porta, vê Vinnie do outro lado da rua tirando o próprio carro da garagem. Ele abre a janela do lado do motorista e sorri quando vê Bonnie.

— Estava indo me ver? — ele encosta o carro na frente da casa de Bonnie, que a olha entediada.

— Sim. Você está bem?

— Por que eu não estaria? — Hacker faz um cara confusa.

— Eu te vi agora pela janela, você parecia meio estressado, sei lá. — Bonnie esclarece e Vinnie começa à rir.

— Anda me observando, Ward?

— Sim! O dia todo. — ela ironiza. — Com quem você estava conversando no telefone? — Bonnie se aproxima mais do carro do garoto.

— Rebecca. Ela me chamou pra conversar agora. — ele responde.

— Na casa dela? — Hacker afirma com a cabeça. — Sobre o que?

— Sei lá, Boo. A gente também brigou hoje mais cedo...— ele suspira frustrado. — Depois a gente conversa, 'tá bom? Ela 'tá me esperando agora.

Bonnie assente e Vinnie sorri fraco, colocando as mãos sobre o volante e dando partida no carro novamente. A garota entra em sua casa de novo e se joga no sofá.

Bonnie tenta não admitir a si mesma que essa conversa com seu melhor amigo a deixou no mínimo, um pouco desconfortável.