Lee Felix
Minhas orelhas coçavam, doíam e o barulho de conversas e risadas altas as deixavam sensíveis por baixo da touca.
Mesmo com toda dor de cabeça e receio, permaneci repetindo várias vezes em minha mente de que não desistiria de levar uma vida normal.
Estava determinado a cumprir o que havia prometido para mamãe, iria me adaptar e manter o segredo. Mas o cansaço que me atormentava e o incômodo nas orelhas não ajudavam.
Passei a usar uma touca ou gorro assim que completei sete anos. O que eram apenas pequenos "calombos" no topo da minha cabeça, se tornaram orelhas de gato.
Mamãe ficou surpresa, mas não como eu achei que ficaria. As lágrimas que escorreram por seu rosto foram de reconhecimento e não desespero. Meu falecido pai e grande amor da vida dela era um gentil híbrido.
Desde então, me mudei de colégio várias vezes pelo mesmo motivo. Não era permitido a entrada nas dependências do colégio com qualquer tipo de acessório, o que significava que eu não podia entrar com nada que escondesse minhas orelhas.
Até que mamãe ouviu falar em um colégio público de uma pequena cidade, onde o uso de uniformes não era obrigatório, me permitindo assim, usar acessórios.
Mas ainda assim, teria que lidar com muitos outros desafios.
Foi em uma brincadeira de mau gosto que minha touca foi tirada e fui obrigado a mentir. Tive que dizer se tratar de uma tiara, um acessório de cunho fetichista, o que me causou total constrangimento e vergonha.
Era inventar uma mentira absurda ou explicar o real motivo. Escolher entre as duas opções não foi difícil, contar a verdade não era uma opção viável.
Ninguém entenderia.
As pessoas simplesmente se afastariam como se eu estivesse com uma doença contagiosa. Viraria objeto de estudo ou seria morto pelo pânico.
— Façam um resumo do capítulo dois, vai ajudar nos trabalhos que irei passar. — O professor de Sociologia anunciou assim que entrou na sala.
— Não acha que é cedo para trabalhos? — Um garoto sentado no fundo da sala perguntou.
— Sinceramente? Não acho! Vocês precisam de estímulos para estudar, acho que alguns trabalhos irão ajudar muito. — Acenou com a cabeça e apoiou a mochila na mesa.
— Posso entrar? — O garoto que quase atropelei com a bicicleta perguntou da porta.
— Hwang, pela décima vez, é necessário chegar no horário correto para a minha aula. — O professor suspirou ao se virar para o quadro branco, parecendo extremamente cansado.
— É apenas uma aula. Não é como se meu atraso de dez minutos pudesse me prejudicar... — Revirou os olhos. — Você também não chegou no horário certo.
— Okay, apenas entre e fique quieto. Não me interessa que não queira fazer nada, apenas não atrapalhe minha aula. — Bufou audível.
— Longe de mim. — Sorriu debochado.
Seus olhos pararam em mim e por um momento me senti desconfortável com a intensidade que enxerguei neles.
— Podemos começar? — O professor perguntou, fingindo estar animado. — Sociologia é o estudo da sociedade. Essa disciplina basicamente vai te explicar e te ajudar a compreender a sociedade em que vivemos atualmente. — Abriu o livro em cima da mesa, folheando rapidamente. — Vamos pular um pouco a história de como a Sociologia surgiu e dar alguns exemplos... — Virou o livro para a classe. — Intolerância religiosa é um dos tópicos, assim como preconceitos com raça e orientação sexual...
— Professor, eu sinceramente não quero ter uma aula sobre isso. — Um garoto loiro interrompeu ao levantar uma mão.
— E eu posso saber o porquê?
— Não sou obrigado a ter uma aula sobre gays. Acho desrespeitoso e totalmente repugnante, não quero ser obrigado a escutar sobre isso. Não pode incluir na matéria, não é o local para esse tipo de... Assunto. — Argumentou.
— São pensamentos ignorantes e preconceituosos como este que a Sociologia fala. A intolerância a algo diferente, a intolerância a diversidade dentro da sociedade...
— Veja, essa gente não faz parte disso. Eles não somam nada para a sociedade, muito pelo contrário.
— Qual seu nome? — O professor sorriu debochado e caminhou até a mesa do garoto.
— Max.
— Max... É lamentável esse tipo de pensamento e acho que terá muito tempo para pensar sobre ele no trabalho que passarei sobre a homofobia.
— Não pode nos obrigar a fazer um trabalho como esse. — Franziu o cenho.
— Claro que não posso. Se quiser fazer faça, se não quiser não faça e fique sem metade de sua nota. — Sorriu falso. — Esse trabalho não é só para ele e sim para a classe toda. Valerá a metade da nota deste bimestre e será em dupla, homem com homem e mulher com mulher. — Sorriu cínico.
— Não pode sugerir algo como isso...
— Não só posso como vou. Anunciarei as duplas até o fim da aula.
Suspirei cansado e me afundei na cadeira, totalmente frustrado por ser obrigado a aceitar fazer um trabalho com um desconhecido.
— Professor? — O tal Hwang levantou a mão e lançou um sorriso pretensioso.
— Fale. — Respondeu com uma expressão entediada.
— Posso ser a dupla do Max?
— Não acho uma boa idéia, não quero confusões. Irei organizar as duplas de acordo com o que cada um pode oferecer.
— Tem certeza? Eu acho que posso ensinar a ele o que o preconceito pode causar. — Hwang Hyunjin sorriu de forma ameaçadora para o loiro.
— Aprecio que não compartilhe do pensamento dele mas não quero nenhum tipo de confusão.
— Está bem. — Hyunjin murmurou insatisfeito e cruzou os braços, ainda mantendo o olhar intenso em cima de Max.
...
Heey,
Espero que gostem 💙✨
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My Blue Moon | Hyunlix | Hibrido!Felix
Fanfiction"Essas três palavras, Você foi o meu primeiro, Eu não posso deixar de pensar... Talvez você seja a minha lua azul." Ou, Felix achou que mudar de colégio resolveria todos os seus problemas. Ele pensou que poderia manter seu segredo... Até Hwang Hyun...