10. Você Quer Ir?

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Lee Felix






Cheguei em casa, exausto de tanto andar pelo centro, procurando promoções em lojas pequenas e qualquer coisa que pudesse ajudar mamãe em suas artes.



Suspirei aliviado quando finalmente pude tirar a touca da minha cabeça e acariciar as orelhas felpudas. Elas ficavam abafadas e coçavam bastante no calor. Ficavam confortáveis apenas no frio.



— Deve machucar bastante. — Mamãe me olhou com pesar e fez um breve carinho entre elas.



— Incomodam, mas é o único jeito de levar uma vida quase normal. — Sentei no sofá, ao seu lado.



— Com todo o estresse da mudança, nem perguntei sobre o colégio. — Me abraçou de lado e eu pousei minha cabeça em seu ombro.



— Péssimo, mamãe. — Choraminguei e senti seus ombros tensionarem. — Mal entrei no colégio e já fiz inimigos.



— Mas você chegou a comentar que havia feito amizade com algumas garotas... Mentiu para a mamãe? — Acariciou minhas orelhas e riu fraco quando se mexeram.



— Algumas meninas conversam comigo no intervalo, mas eu tenho certeza que é porque sou novidade. Tanto que uma delas logo perguntou sobre a minha sexualidade quando se aproximou. — Bufei e me encolhi ainda mais contra seu corpo.



— E o que você respondeu? — Passou a dar tapinhas em minha coxa e beijar minha testa.



— Que eu não sei porque nunca me envolvi com ninguém, e foi aí que elas começaram a me olhar estranho. Me deixou triste. — Formei um beicinho nos lábios.



— Por que elas começaram a te olhar estranho? Não acho absurdo você nunca ter tido um relacionamento. — Franziu a testa.



— Também não sei. — Me ajeitei no sofá, a encarando de frente. — Mas não foi porque eu não quis, mamãe. Quero alguém para acariciar minhas orelhas!



Mamãe me encarou por longos segundos antes de cair na risada, até mesmo lacrimejando. — Oh, meu amor! — Segurou meu rosto pelas bochechas e beijou a ponta do meu nariz. — Você pode ser muito fofo, mesmo que sem querer. É uma bela forma de dizer que quer ter um relacionamento.



— Eu sei que não é só acariciar as orelhas, mamãe, não sou tão inocente. — Emburrei a cara e cruzei os braços. — Só não quis dizer de uma forma tão direta... Você é minha mãe!



— Poderia ter dito apenas que queria um namorado ou namorada. — Negou com a cabeça e riu novamente. — Acariciar suas orelhas... Que fofo! Oh, meu Deus! Meu filho precisa muito de um carinho nas orelhinhas.



— Para, mamãe! — Choraminguei e pressionei meu rosto contra o encosto do sofá. — Enfim... Eu poderia até tentar, mas seria um risco muito grande. Tenho medo que descubram que eu sou uma aberração.



— Um híbrido, meu amor. Um adorável híbrido de gato, não uma aberração.



— Aos seus olhos não, porque eu sou o seu filho, mas aos olhos dos outros... — Suspirei. 



— Realmente não é comum. É incrível e especial. — Acariciou minhas orelhas, me fazendo ronronar sem querer. — Tente fazer amigos. Se sentir que pode confiar neles, aí você conta.



— Contar? Não posso contar, vai acabar com a minha vida!



— Híbridos existem e as pessoas sabem que existem, meu bem. Fomos a vários eventos artísticos e encontramos vários, não? Até mesmo de cachorro! Lembra como teve que sair correndo pelo lugar? Você se agarrou a uma cortina! Foi tão engraçado! — Riu com a lembrança e eu permaneci com a expressão fechada. — O que eu estou tentando dizer é que não vai acabar com a sua vida... Talvez te isole das outras pessoas e nos obrigue a mudar novamente mas... Já está isolado! Já nos mudamos várias vezes! 



— Você não está ajudando... — Murmurei abafado por conta do estofado. — Não sei que quero passar por tudo que todos os híbridos passam. Não estou preparado. Acho melhor deixar as coisas como estão, quero evitar problemas.



— Só não se isole outra vez. Não quero ver o meu filho triste. — Me abraçou forte. — Quero que chegue a ter um relacionamento ainda jovem. Quero que tenha alguém para fazer carinho nas suas orelhinhas.



— Bem, eu tive um péssimo primeiro mês, mas ainda sim, foi melhor do que nos outros colégios. — Dei de ombros e abri um sorriso, para que ela não se preocupasse tanto. — Problemas normais da adolescência, nada relacionado as minhas orelhas ou o meu jeito.



— Esqueça essas meninas, e tente fazer amizade com outras pessoas. — Aconselhou, como se fosse fácil.



— Não foram as meninas que estragaram o meu mês. — Revirei os olhos ao lembrar todas as formas que tive que achar para me esconder do "rei" do colégio.



— Alguém mexeu contigo no colégio? — Sua expressão foi de carinhosa para alarmada em segundos.



— Tem um garoto que é considerado quase um rei naquele colégio e é muito convencido, mamãe. Você tinha que ver a cara de desprezo dele quando eu fui pedir desculpas por ter o derrubado com a bicicleta. Quase que eu atropelei ele de novo. — Bufei e me levantei do sofá. — Tinha que ver como ele falou comigo! "Você sabe quem eu sou?" — Imitei a voz do garoto. — Eu não sabia quem ele era e agora que sei me arrependo profundamente. Tinha que ver, mamãe! Eu poderia ter arranhado a cara dele... Se você não tivesse me obrigado a cortar as unhas mais uma vez. — Murmurei a última parte, chateado por ter perdido as unhas grossas e pontudinhas que havia esperado crescer com tanta paciência. — Eu deveria ter... Chiado mais para ele! Meow! — O miado saiu sem querer e eu arregalei os olhos.



— Está mesmo revoltado. — Comentou em um tom divertido. — Mas ele lhe fez algo? Lhe machucou?



— Sim, ele me irritou e me tratou como se eu fosse menos do que ele, é o suficiente. É uma agressão!



— Evite ao máximo ficar perto dele, então.



— O problema é que o professor de Sociologia passou um trabalho e colocou o Hyunjin como a minha dupla. Terei que aguentá-lo mais um pouco.



— Não tem como mudar de dupla?



— Não, eu tenho que fazer o trabalho com ele. E era sobre isso que eu queria falar... — Voltei a me sentar ao lado dela e amansei a voz, sabendo que havia arranjado um problema ao falar mal de Hyunjin. — Ele me chamou para a casa dele. Hum... Adiamos o trabalho demais e temos pouquíssimo tempo para finalizar e... Não da para fazer no colégio por conta do horário. — Mordi a pele em meu polegar quando vi seu rosto se contorcer.



— Nada disso! Ele te tratou mal no colégio, nem imagino como pode te tratar dentro da casa dele. Não, não, não! Não vou deixar o meu filhote ir para a casa de alguém assim. — Negou com a cabeça.



— Mas eu preciso fazer o trabalho e bem... Ele se mostrou disposto a colaborar. Até mesmo me pediu desculpas. — Apontei para meu celular em cima da mesinha de centro.



— Como eu vou ter certeza que você ficará seguro? Vai que ele é um valentão? Vai que ele descobre sobre ser um híbrido e decida se crescer para cima de você? — Arregalou os olhos.



— Não vai, será por pouco tempo... Eu espero. — Murmurei a última parte.



— Você quer ir? Acha uma boa idéia?



— A minha vida escolar já está ruim, tenho certeza que pior do que está não fica. — Suspirei cansado. — Prometo ficar com o celular ligado.



— Okay, mas eu quero o endereço dele anotado. Não posso correr o risco de perder meu filhote.



...

Heey,

ATT para mostrar que estou mesmo levando a sério u.u

+10 comentários e eu volto 💚

My Blue Moon | Hyunlix | Hibrido!FelixOnde histórias criam vida. Descubra agora