Capítulo 3

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Fecho a porta do quarto deixando o som ecoar pelos meus ouvidos. Caminhando com passos lentos eu podia sentir cada olhar em meu pescoço naqueles malditos chupões, minhas bochechas queimavam de vergonha.

- Idiotas filhos da puta - sussurro com um pouco de raiva.

Chego na cafeteria de cabeça baixa deixando meus cabelos longos caírem para os lados, mas mesmo assim eu ainda podia sentir os olhares e leves risadas malíciosas. Caminho até a fila do balcão, pegando minha bandeja com um pouco de mingau e uma maçã verde no canto.

Caminho até minha mesa onde sempre comia sozinha, parece que os homens dessa base são estranhos. Uma hora estão babando e pedindo para sair comigo, outra hora estão me ignorando e virando a cara para mim. Balanço a cabeça e volto a focar na comida em minha frente, após alguns meses no exército você se acostuma com o gosto estranho da comida.

- Lily, será que posso falar com você? - Escuto a suave voz de Arthur, meus olhos vão diretamente para o homem mais novo que eu. Meus cabelos se mexem e deixam os chupões amostra novamente.

- Claro, sente-se - Com um sorriso eu aceno para ele se sentar. O menino me tratava como alguém superior a ele, como se eu fosse sua irmã mais velha ou algo do tipo. Arthur tinha apenas 17 anos e havia entrado a alguns meses atrás. - O que quer falar? - deixo a colher de lado e me viro para poder encarar ele melhor.

- Fui encarregado pra ir em uma missão nível 7, eu sou apenas um recruta inexperiente Lily, o que eu faço agora? - Podia ouvir nervosismo e medo em sua fala, Arthur nunca foi chegado a ir em missões.

Escuto aquilo e deixo um pequeno riso escapar de meus lábios. - Arthur... Você é bom nas missões, eu já vi você em uma... O que tanto te aflige assim? - inclino minha cabeça para o lado, podia ver como ele realmente estava nervoso para essa missão.

- Essa missão... Vai ser em Tókio - um suspiro sai dos lábios dele, e dos meus apenas sai uma risada singela.

- Vai me dizer que está com medo de voar? - meu tom brincalhão escapa sem eu perceber.

- Estou falando sério, Lily, você sabe como aviões são assustadores? - ele se agarra a mim, seus braços passando pelo meu pescoço enquanto ele mantém uma expressão engraçada de medo.

Eu acabo rindo cada vez mais dando um tapinha na cabeça dele. - Como um soldado pode ter medo de aviões? É como se um cozinheiro tivesse medo de fogão.

- Eu não quero ir.

- Deixa de ser um frango mole moleque. Você é um homem ou um saco de batata?

- Um saco de batata.

Tiro a cabeça dele do meu ombro e o encaro antes de soltar uma gargalhada alta. - Pelo amor, vira homem - sinto olhares cada vez mais vindo em nossa direção, mas dois olhares fizeram meu corpo tremer.

Olho em volta ainda com o sorriso estampado em meu rosto. Meu olhar para na mesa onde estava eles, Ghost e König, junto com mais alguna soldados de alto escalão. Por alguns segundos o meu sorriso ameaçou de sair de meu rosto, mas o mantive mesmo assim.

- Certo, vamos dar uma volta e ver se você relaxa - pego a bandeja e me levanto com cuidado para não cair a comida mal tocada. Ele me encarava com medo, mas pode ver felicidade no meio daquele olhar. Arthur se levanta e começa a me seguir.

Deixo a bandeja no balcão e começo a caminhar para fora do lugar, sem me importar dessa vez se alguém via aqueles chupões. Nossos passos eram calmos, porém, rápidos para alguém comum nos acompanhar. Indo para o lado de fora onde tem o campo aberto o ar matinal frio já atingia nossos corpos no instante que pisamos para fora, eu podia sentir meu corpo arrepiar por causa da mudança de temperatura repentina.

Maldita máscara Onde histórias criam vida. Descubra agora