Capítulo 4: I love It

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Imperia, Rio de janeiro
16 de junho

—Você já deveria ter acordado Gustavo, já falei que não quero você dormindo até tarde

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—Você já deveria ter acordado Gustavo, já falei que não quero você dormindo até tarde.— Escuto a voz do meu pai no pé do meu ouvido, resmungo e viro para o outro lado, afim de ignorar. —Não vou dizer de novo.

Reviro os olhos e me levanto de uma vez, tiro algumas roupas que estava no meu caminho e vou até o banheiro para tomar um banho.

Meu pai consegue ser insuportável na maior parte do tempo, só éramos eu e ele, porque diz ele que minha mãe era uma irresponsável, que assim que teve a oportunidade de me abandonar e não se responsabilizar com a maternidade ela foi embora sem dizer para onde estava indo e aonde estava atualmente.

Mas eu acho mentira dele, nunca confiei em nada que meu pai falava, não que eu ache que a minha mãe seja a certa na história, eu nunca sequer escutei os dois lados, e provavelmente nunca vou escutar. Mas tanto faz de qualquer jeito, meu pai não tem moral nenhuma para falar da "maternidade" da minha mãe, sendo um pai péssimo. Ele também não me abandonou mas Idai? Precisa ser mais do que isso para ser um bom pai.

Visto rápido uma calça preta e uma camisa da mesma cor, enquanto escovava meus dentes e ajeitava meu cabelo molhado. Coloco alguns anéis no dedo e perfume antes de sair de casa, eu fico a maior parte do meu tempo longe de casa, e por que será?

Minha casa era um trailer que meu pai alugou, como se não bastasse o cubículo que ele é, meu pai deixa tudo bagunçado e cada dia mais acumulado coisas desnecessárias. Chego na "cozinha" improvisada do trailer e preparo um pão de forma com queijo (que por sinal não estava com um cheiro bom), coloco na chapa e espero enquanto calço meu coturno.

—Já vai sair? Não são nem meio-dia ainda.— Meu pai resmunga, olhando para a tv pequena e comendo alguma gororoba que ele fez.

—Sim, não tem como ficar aqui com o senhor junto. Além desse trailer sufocar qualquer pessoa, você consegue ser insuportável.— Digo sem olhar para o rosto dele, mas sei que ele estava olhando para mim com fúria, como sempre olhava.

—Você não tem medo da morte mesmo né moleque. Porque você não trabalha então? Se reclama tanto dessa espelunca porque não vai embora? É porque não tem onde morar, né? Não reclama não, que eu trabalho igual um velho burro para sustentar você e essa merda de trailer!— Ele aumenta o tom de voz e eu pego meu pão, saindo do trailer, ainda escutando ele me xingar de várias formas possíveis. —EU NÃO AGUENTO MAIS! NÃO AGUENTO MAIS ESSA VIDA!

Alguns vizinhos que também moravam em trailers olhavam para a situação, mas não moveram um dedo para investigar o que estava acontecendo. Todo mundo sabia da vida complicada do meu pai, sabia que ele era problemático e surtava por qualquer palavra que saia da minha boca, pois bem, eu não dou a mínima.

Todo mundo sabia que um motoqueiro muito popularizado por ficar com várias garotas não iria se prender a uma só, a santinha de mentira da rua, vulgo minha mãe, modelo e miss simpatia do bairro e da cidade. Ambos os dois mentirosos e irresponsáveis para ter uma criança, não entendo porque não abortou enquanto tinha tempo. Meus avós nunca ligaram para mim, nem devem saber que ainda estou vivo, e pela história (real ou não) do meu pai, eles proibiram ela de abortar, e por qual motivo eles não correm atrás para saber se estou bem? Não sei. Talvez minha mãe tenha voltado para a vida bonitinha dela e deixou eu e meu pai na merda.

Os Sete Pecados Capitais [CONCLUÍDO]Onde histórias criam vida. Descubra agora