LIVRO 2 DA SAGA "OS GUARDIÕES"
Sophia era uma garota normal que vivia no centro do Rio de janeiro, fazendo sua faculdade de Artes com sua melhor amiga.
Até um trabalho de curta metragem dos sete pecados capitais fazer toda a diferença na vida dela e...
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—Amiga você precisa comer algo, assim você vai acabar desmaiando.— Rebecca coloca um prato de salgadinhos na minha frente, mas eu nem sequer olhei para eles.
Rebecca e Gustavo estavam na minha frente me olhando com pena, eu passei a odiar esse olhar, ultimamente eu estou sendo motivo de pena de todo mundo que passa por mim. Hoje de madrugada foi um dos maiores traumas da minha vida, e de toda a minha família, eu não sei o que aconteceu porque eu desmaiei e acabei parando no hospital. Enquanto a minha irmã mais velha estava sendo encaminhada para o IML, eu estava tomando soro para acordar. E agora, às nove da manhã, tinha acabado de acontecer o enterro dela.
Não conseguia olhar para a minha mãe, nem para o meu pai e muito menos para os meus irmãos, a culpa me invadia, se eu não tivesse empurrado ela nada disso estaria acontecendo, eu poderia ir no lugar dela, deixava ela me golpear com a faca quantas vezes quisesse, eu só queria ela aqui. Era a minha única irmã mulher, compartilhamos coisas juntas a vida inteira. Ela viu meus primeiros passos, minha primeira vez na escola, meus namoradinhos de infância, minha festa de 15 anos, meu primeiro e único namorado, e eu queria que ela tivesse visto minha formatura como atriz, meu casamento, meus filhos...
Ela tinha filha, ela tinha família, foi horrível encontrar Marcos gritando em seu caixão, pedindo desculpas e que amava ela incondicionalmente. Como ficaria Maria Vitória sem a mãe? Elas duas eram tão grudadas, a vida era tão injusta.
—A culpa é minha...
—Não, não. Nada disso, não quero ver você falando isso novamente Sof, não é culpa sua, você sabe que... As coisas estão acontecendo por um único objetivo, matar todos nós.— Rebecca coloca a mão nos meus ombros delicadamente e olha para mim. —Prometo que vamos resolver isso, e vai ser hoje.
Depois do enterro de Fernanda, fomos todos para a minha casa em um silêncio sufocador, mas eu entendo, ninguém tinha animação para dizer uma coisa sequer. Meu pai estava mais calado que o normal, a ficha dele ainda não havia caído completamente, minha mãe não parava sequer de chorar um segundo, já tinha desmaiado mais de uma vez e sua pressão oscilava o tempo todo, Heitor estava muito triste e não abriu a boca para falar com ninguém desde que começou o enterro e Bernardo não chorou, e nem disse algo, só estava sem reação. E eu, a culpa ainda me consumia fortemente e vai ficar assim até o resto da minha vida.
Quando chegamos em casa, meus pais foram para o quarto tão silenciosos quanto antes, eu teria que me acostumar com aquele clima ruim por um bom tempo ou para sempre, não seria fácil conviver sem Fernanda aqui, para todos nós. Maria Vitória estava com a mãe do Marcos enquanto o mesmo estava no enterro, e provavelmente ele iria ficar com a guarda dela, já que não houve divórcio no papel.