Capítulo IX: Sim, Você Morreu.

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Eu convoquei você, por favor, venha até mim
Não enterre os pensamentos que você realmente quer
Eu te encho, beba do meu copo
Dentro de mim está o que você realmente quer
❜⌗ Middle Of The Night - Elley Duhé

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𝐏𝐢𝐞𝐫𝐫𝐞 𝐜𝐚𝐢𝐮 𝐝𝐚 𝐜𝐚𝐦𝐚 𝐚𝐨 𝐭𝐞𝐧𝐭𝐚𝐫 𝐬𝐞 𝐥𝐢𝐯𝐫𝐚𝐫 𝐝𝐞𝐥𝐚, pegando uma pantufa peluda e macia da cor branca para calçá-la. Ele ainda estava suando, com o coração acelerado, palpitando cada vez mais, seus ouvidos zunindo interminavelmente.

Os tios, Éléonore e Théo, assustados com o berro do sobrinho, apareceram na porta, também de pantufas, quase batendo de cara com Pierre. A tia usava um robe que cobria o seu pijama, ao invés do tio, que só usava um robe aberto e um shorts. Pierre empurrou eles para um lado, de modo não tão agressivo, porém impaciente e descontrolado, fazendo-os chacoalhar contra a parede. Théo gritou alto, chamando pelo garoto o qual descia escadas abaixo, sem respostas.

Théo acariciou os ombros de sua esposa, afirmando que iria seguir o sobrinho. Assim como Pierre, ele desceu as escadas, porém não tão rápido, com medo de se acidentar. Ao terminar os degraus, olhou em volta, tentando localizar o sobrinho. Sem vê-lo, percebe que a porta de entrada está aberta, com um ar fresco da noite adentrando, o calor saindo, e fazendo os cabelos do adulto balançarem. Théo não pensou duas vezes, logo correndo até sair da sua residência.

Com frio, lábios tremendo, ele parou, olhando para a esquerda e direita, imaginando qual direção o sobrinho teria tomado. Em seguida, adquirindo uma feição séria e preocupada, o tio pensou no nome que Pierre gritou. Suspirando, virou à direita, tomando as mesmas direções que Pierre tomou, na vez em que a entidade mandou-o percorrer.

Enquanto ele corria atrás do sobrinho, as pessoas que haviam sido acordadas por conta do alto berro saíram de suas casas, fitando a casa provinda do som. Quando Théo passou por elas, desejou muito que os vizinhos não o notassem, pois iriam atrapalhá-lo com perguntas desnecessárias. No entanto, o seu desejo não foi realizado, e fez uma rápida expressão de indignação, não demonstrando aos vizinhos, virando a cara.

Uma mulher de cabelos totalmente grisalhos, olhos fracos da cor marrom-escuro com óculos balgriff, bochechas caídas, robe rosa estilo peludo poodle e chinelo, segurando um gato em seus braços. Ajeitando os óculos com a mão direita, ela disse:

━ Théo, é você? Sou eu, Maëlla! ━ exclamou, tentando ver, mesmo com os óculos; sua voz era bem fraquinha e rouca. O homem que quase havia se safado, soltou um sorriso forçado e trêmulo.

━ Sra. Whitlo... que prazer enorme! Eu estou meio ocupado, então se você me der licença... ━ ele estava quase a desvencilhar-se, porém, o marido dela apareceu.

━ Théo? Que barulheira foi essa? ━ perguntou. ━ Querida, acho que estou com os seus óculos, tome. ━ falou e trocaram.

━ Não foi nada demais, posso assegurar. ━ mais vizinhos começaram a aparecer. ━ Se vocês puderem voltar para as suas devidas casas, agradeceria muito.

━ Por que você está nesse frio? ━ questionou um homem, do outro lado, com uma criança no colo, que também acordou.

━ Eu não tenho tempo para explicações no momento. Por favor, voltem a dormir! ━ e com essas últimas palavras, Théo foi correndo, ficando cansado.

Cada vez que ia correndo mais rápido, um forte aliviamento tomava conta dele por passar ao lado das casas as quais os vizinhos não apareciam fazendo perguntas. Quando ficara cansado o suficiente, ele parou, ofegante, inclinando o seu corpo para baixo e pondo as mãos nos joelhos, permitindo um descanso.

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