Capítulo XI: Amaxofobia.

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Eu acho que Papai Noel não é real
E que o Batman não consegue voar
E ninguém é invencível
Porque eu sei que pessoas morrem
Eu vi isso no noticiário um dia
Quando as torres caíram
Setembro não é mais o mesmo agora
O mesmo agora
O mesmo
Agora
❜ ⌗ 1994 - Alec Benjamin

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𝐏𝐢𝐞𝐫𝐫𝐞 𝐞𝐬𝐭𝐚𝐯𝐚 𝐩𝐫𝐞𝐩𝐚𝐫𝐚𝐧𝐝𝐨-𝐬𝐞 𝐩𝐚𝐫𝐚 𝐮𝐦 𝐧𝐨𝐯𝐨 dia no colégio; no seu quarto, havia posto os livros que iriam ser utilizados nas aulas. Parece que estou carregando chumbo nas costas., ironizou, ao pôr a mochila atrás de si e indo até o banheiro para olhar-se no espelho. Os hematomas que Hugo e seus dois companheiros haviam dado não sararam por completo, tendo de usar alguns curativos novos. Deu uma leve ajeitada no seu cabelo escuro e saiu do banheiro. Descendo as escadas, despediu-se do seus tios, Éléonore dando um beijo em sua testa, e saiu de casa.

Com uma chave extra em mãos, para o caso dele chegar em casa antes dos tios, colocou no bolso da mochila e fechando a porta, quase tomou um susto ao ver Camile, sorridente, do seu jeito habitual, ter feito uma visita para Pierre inesperadamente.

Sim, ele sabia muito bem de que sua amiga retornaria para o colégio hoje, mas não sabia que ela passaria na sua casa.

━ Pierrinho! ━ exclamou, pondo um apelido carinhoso. ━ Seu rosto! ━ quase colocou suas mãos para tocar na face do garoto, dando somente uma leve aproximada.

━ Calma, não há motivos para se preocupar. ━ assegurou, agarrando em seus pulsos gentilmente para fazê-la abaixar os braços, soltando-os seguidamente

━ Como não? Você literalmente se meteu em uma briga ontem. ━ indignou-se.

━ Eu vou ficar bem, Cam. ━ encarou-a, sorrindo. ━ Por que passou aqui, afinal?

━ Ué, sua amiga não pode mais passar em sua casa? ━ brincou, rindo. ━ Vamos juntos para a escola, oras.

━ Você falando desse jeito parece que estamos no élementaire. ━ sorriu com os lábios enquanto caminhavam, distanciando-se da casa de Théo e Éléonore.

E conversaram. Conversaram. Conversaram. Conversaram. E puxaram mais papo ainda. Apesar de terem apenas estado alguns dias sem se encontrarem pessoalmente, podendo suprir pelas mensagens de texto, os quatro eram tão apegados uns com os outros que para suprir essa necessidade, tinham de, obrigatoriamente, de acordo com Étienne, se encontrarem pessoalmente.

Pierre havia lhe contado melhor sobre tudo o que sucedera do dia anterior. Camille disse que iria dar uma bronca em Hugo, mas Pierre a convenceu de não fazer isso, por mais que não fosse verdadeiramente verdade, já que a colega havia levado uma suspensão.

No momento em que chegaram ao colégio, encontraram Mathieu e Étienne conversando junto com Margueritte, que havia levado suas mãos ao rosto, em ato de desespero; ela parecia estar chorando, mas não dava para ver direito, já que Pierre e Camille não estavam muito próximo dos dois amigos.

A jovem parou e Pierre também. Com expressões de chateamento, falou para Dupont que iria se esconder entre uns alunos para chegar dentro da escola, e ele aceitou, junto com o pedido da sua amiga, para que dissesse, caso Margueritte perguntasse aonde estaria Camille, que ela não havia chegado. Com um aceno de cabeça, despediu-se da garota e caminhou até Mathieu e Étienne.

Ao se aproximar, Mathieu havia perguntado como estava Pierre, este respondendo que iria melhorar logo, logo. Étienne também teria falado algo, mas a aluna que usava tatuagem de ratinho comendo queijo havia se apoiado no ombro do atleta, que agora lacrimejava de verdade. Étienne possuía uma expressão facial neutra, olhando de tempos em tempos para Mathieu que penetrava os seus olhos fixamente com inconformidade para a garota, e para Pierre, este sem saber o que fazer.

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