Capítulo 17

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Minji:

Eu tive que me humilhar, HUMILHAR, para o idiota do meu irmão me dar uma carona mais cedo.

Isso porque no dia anterior eu deixei a bicicleta, que eu usava por duas semanas para chegar mais cedo, no colégio. Afinal eu tinha ido com a Hanni no seu carro para o cinema.

Só de lembrar como ficamos quase três horas em um amasso de tirar o fôlego, eu meio que superaquecia. Aquela garota estava me fazendo perder muitas certezas que eu achei que tinha.

A questão era que agora ela tinha evaporado.

Nosso "'encontro matinal" não aconteceu porque Hanni não chegou ao colégio cedo. Eu a vi pelos corredores, mas ela parecia em outro mundo, ou só me ignorando, com aquele jeito ártico e inalcançável.

Isso me deixou irritada!

Me senti como um cachorrinho abandonado e odiei aquilo. Afinal de contas eu não tinha nada sério com a Hanni para exigir atenção. SÓ QUE EU QUERIA.

Eu fui pagar mais um dia da minha punição na biblioteca. Sentir o cheiro de pó e espirrar como uma condenada, assim pelo menos eu ia parar de pensar na Hanni. No entanto, a grande merda ocorreu.

Assim que entrei ali, eu vi o "objeto" dos meus pensamentos sentada em uma mesa afastada, com o cabelo preso em um coque frouxo usando seus óculos redondos de descanso, mordendo a ponta da caneta concentrada na sua leitura.

Não vou falar com ela. Não vou ser o cachorrinho idiota que vai atrás. Não mesmo.

Eu respiro fundo pronta para seguir meu caminho, mas então, como se sentisse a minha presença ela ergue os olhos e fixa a atenção em mim.

Engulo em seco como se tivesse sido um fio invisível nos ligando.

Juro que tento ignorar aquilo, mas os olhos dela estão me atraindo, a forma como ela suspira me deixa em alerta. De algum jeito eu sei que tem algo errado e isso me move.

— Oi...

Digo sem tanta certeza. Hanni não parece mais fria ou inalcançável, só parece cansada. Não, está esgotada. Odeio sentir a preocupação dedilhando a minha consciência e algo parecido com compaixão se instalar no meu peito.

Por um minuto eu rezo para ela ser uma verdadeira vadia me mandando sumir, não falar comigo em público, mas não é o que acontece.

— Oi, Kim.. Quer sentar?

Ah não. Não faça isso... E nem me olhe desse jeito. Grito mentalmente. Hanni Pham com um olhar pidão era muito, muito, irresistível, até mais do que seus olhares sexy. Por fim eu me sento e cedo a preocupação que não consigo negar.

— Você está bem? — Eu engulo em seco. — Eu te esperei...

Ela suspira, então deixa de lado o lápis, desviando o olhar. Sei de alguma forma que a Hanni está ganhando tempo, como se estivesse em uma batalha interna, é intrigante.

— Eu cheguei mais tarde. A minha mãe não gostou do meu atraso ontem para o jantar, então me tomou mais tempo hoje antes de eu sair de casa... — Ela encolhe os ombros. — Essas conversas "incríveis" com ela costumam me deixar de mal humor, então por isso eu não sou uma boa companhia hoje, quer dizer, nunca sou, mas hoje estou pior!

Ela estava se depreciando?... Eu nunca a via fazer isso. Hanni sempre parecia uma estrela brilhante, ou uma tempestade incontrolável.  Porém nunca vulnerável ou insegura, vê-la nessa versão foi completamente estranho.

— Um atraso para o jantar desencadeou em um sermão?

Hanni finalmente me olhou, parecendo mais relaxada, mas não menos cansada.

Verão cruel ~ BbangsazOnde histórias criam vida. Descubra agora