©apítulo 1

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ANGELINE ANTUNES

Era uma manhã fria e sombria, andava apressada pelo corredor do convento, a oração diária começaria em poucos minutos e não podia me atrasar

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Era uma manhã fria e sombria, andava apressada pelo corredor do convento, a oração diária começaria em poucos minutos e não podia me atrasar. Entrei na
pequena capela onde as irmãs já estavam
posicionadas em
seus lugares.

A madre superiora me encarou com seu olhar severo, apenas me sentei e fiquei de cabeça baixa. O padre iniciou a oração, apertava o terço entre os
dedos e repetia os mantras fervorosamente.
Eu nunca me atraso para as orações, sempre sou a primeira acordar e já
sigo para a cozinha para ajudar na preparação do café da manhã junto com a
irmã Mary e a irmã Madalena, elas são boas e me ajudam em tudo que
preciso, contudo aquela manhã acabei passando da hora, não sei o que
aconteceu comigo, mas dormi demais. Claro que sei que terá consequências,
mas tenho esperanças que a madre superiora entenda que consegui chegar na
hora.

Após a oração, todas seguimos para a sala de jantar, era uma área
ampla com uma grande mesa e várias cadeiras em torno. Eu fiquei de pé para
ajudar a servir o desjejum. O padre e a madre sentaram nas cabeceiras da
mesa.
Eu e as irmãs responsáveis pela preparação da refeição, servimos os
alimentos. Na cozinha, a irmã Mary sussurrou no meu ouvido.

- Por que se atrasou hoje?

- Eu não sei, dormi demais.

- Você nunca fez isso.

- Eu sei, mas parece que tomei algum remédio para dormir,
simplesmente apaguei.

- Eu iria acordar você, mas a madre superiora me impediu.

- Ela irá me punir?

- Eu acho que sim.

Fiquei triste, era injusto, apenas cheguei em cima da hora, nem ao
menos me atrasei. Mas não podia fazer nada, vivo nesse convento desde que
me entendo por gente, nunca tive família e muito menos conheço alguma
coisa do mundo lá fora e não tenho nem um pouco vontade de conhecer. Em
poucos dias completarei 18 anos e comunicarei a Madre superiora que desejo
me tornar uma noviça, seguir e viver a vida para ajudar as pessoas. Meu
trabalho social com as crianças órfãs, assim como eu, me deixa muito
satisfeita, eu adoro ajudá-las, ensina-las, cuidar delas. Quero dedicar a minha
vida a isso, me tornando para sempre a noiva de Jesus.
Terminamos de servir o café e antes de começarmos a comer, todas as
freiras fizeram uma fila e uma a uma, beijamos a mão do padre. Quando
terminamos, ele fez a oração para a bênção do alimento. Ao finalizar,
sentamos em nossa cadeira e esperamos o padre e a Madre superiora
servirem-se primeiro, para que nós começássemos a comer. Assim que
terminaram, antes de eu levar qualquer alimento a boca, a Madre superiora
falou severamente.

- Angeline, levante-se e vai para a sala do castigo, ficará em jejum toda
manhã pensando no seu atraso de hoje.

Levantei-me e segui para onde ela mandou, eu já sabia o caminho, a
sala do castigo é o lugar onde fico com frequência, não porque sou
desobediente ou rebelde, muito pelo contrário, faço tudo que me mandam,
todos os afazeres, ajudo onde precisam de mim, cuido do jardim, dos quartos
das freiras, até ajudo na secretaria do convento organizando documentos, mas
nada que eu faça é visto de bons olhos pela Madre superiora e algumas
freiras. Elas encontram qualquer motivo para me punir.

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