©apítulo 3

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ANGELINE ANTUNES

Levantei-me nos primeiros raios da manhã, olhei as horas, marcava 5:00h, a oração da capela se inicia às 7:00h, então dará tempo para fazer tudo

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Levantei-me nos primeiros raios da manhã, olhei as horas, marcava 5:00h, a oração da capela se inicia às 7:00h, então dará tempo para fazer tudo.

Hoje é um dia especial, completo, 18 anos. Sorrio para mim mesma, sempre quis chegar a essa idade, a partir de agora, posso tomar minhas decisões e a primeira delas, será entrar para a ordem como noviça. Suspirei fundo, levantei-me do colchão velho onde dormia. Meu quarto fica no sótão, na
verdade, não é exatamente um quarto, mas um local apertado e escuro, não tem luz e é sempre sombrio. No entanto, fiz desse cantinho meu pequeno refúgio. Mas agora que entrarei para a ordem, dormirei junto das outras noviças, no alojamento embaixo onde tem beliches.

Para mim, será um
grande avanço, finalmente serei alguém, noviça Angeline. Suspirei sonhadora. Animada, ajoelhei-me, peguei meu terço e fiz minha oração fervorosa,
a primeira do dia.

Logo após, separei artigos de toalete, minhas roupas e sapatos que são sempre os mesmos, calçados grosseiros de couro velho e uma vestido estilo jardineira de lã preto que usa junto com uma blusa de manga
comprida branca. Tenho somente essa roupa, a madre superiora não deixa eu usar mais nada, nem doado, segundo ela, preciso me acostumar com pouco, já que a vida de uma noiva de Jesus não tem regalias. Porém, eu sempre vivi com pouco. Antes, com a madre Dulce, eu tinha pelo menos três pares de roupas, contudo, isso foi me tirado, mas não reclamo, servir a Deus e as causas dos menos favorecidos, principalmente crianças, me faz pensar que tudo valeu a pena.

Desci e andei pelo corredor até o banheiro. liguei o chuveiro frio para tomar meu banho. A água gelada bateu em minha pele quente e me fez estremecer, comecei a bater os dentes, a água estava tão fria que até meus ossos doíam, mas não reclamei, fiz tudo de bom grado e agradeço a Deus por pelo menos ter um local para me banhar. Nunca tomei banho quente, isso é um luxo que não existe no convento, então já estou acostumada.

Após toda a higiene, já vestida, voltei para o sótão, arrumei as coisas e
me sentei no colchão para esperar a sineta que bate às seis e trinta.

Aproveitei e peguei a minha caixa de recordações, minha mãe preparou-a para mim

antes de morrer. Abri e peguei a carta que ela escreveu um pouco antes de morrer. Em poucas palavras ela escreveu a data do meu nascimento e o nome que escolheu para mim, apenas Angeline Antunes, esse era o sobrenome dela. E ela escolheu meu nome por dizer que eu era linda como os anjos, Angeline viverá para ajudar os pobres necessitados. Peguei também uma
medalha da Santa que ela me deixou, observei-a e meus olhos marejaram,
minha mãe morreu poucas horas depois do meu nascimento, ela era uma freira e foi violada. Ela não contou isso na carta, mas a madre Dulce, a

conheceu e me revelou toda a história. Lembro aquele dia.

*****

Era meu aniversário de 15 anos, estava chorando em um canto, mas
uma vez as internas me bateram e me chamaram de filha do pecado, eu
sempre fui chamada assim, pelas irmãs, noviças e até as outras órfãs. Não entendia porque me maltratavam daquela forma.

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