12. A Dama do Gelo

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“Construí amigos, enfrentei derrotas, venci obstáculos, bati na porta da vida e disse-lhe: Não tenho medo de vivê-la. – Augusto Cury”

Perambulando pelas montanhas sobre uma violenta tempestade de neve nossos passos nossas pegadas se tornavam vestígios da nossa infeliz presença aos poucos nossos passos se tornavam lentos nós arrastando pela neve de forma cansada e esgotada.

Por onde quer andássemos a neve intensa dificultava qualquer visualização ao redor, sentia que estávamos andando em círculos pois por onde quer que eu passasse sentia que já estive lá como uma sombra de movendo entre a escuridão.

O frio intenso penetrava na pele de forma violenta quase congelando nossos ossos por completo. Pequenos flocos de neve cobriam nossas bocas e sobrancelhas fazendo com que cada vez que se abrisse a boca e os olhos se tornavam numa experiência tortuosa.

A essas horas já tinha perdido a noção do tempo em que estávamos lá, pareciam dias ou mesmo semana a altura chegava como um desorientados pra os meus sentidos por um segundo pensei que estava perdida pois para onde eu olhava só via a neve branca tão linda e tão mortal numa mistura perfeita entre o belo e mortal.

— Onde... Onde estamos? — Perguntei a Linda. A essa altura as palavras saiam em um ar congelante que se infiltrava em todo o instante.

— N.Nãoooo sssseeiii. — Arfou Linda em resposta.

Mesmo estando ao lado dela era quase impossível ver os contornos do seu rosto quanto menos ouvir a sua voz que era abafada pelo barulho que a tempestade fazia.

— Alguma ideia? — Perguntei. E silêncio, nada em resposta Linda tinha desaparecido eu estava sozinha...

Por um momento não senti nada, noutro o vazio tomou conta de mim e eu senti a solidão me abraçando querendo me derrubar então lembrei de um poema que minha mãe costumava ler:

“Às vezes... no silêncio da noite
Eu me sinto só... como a Morte
Olho ao redor e encaro a solidão
Que provoca em minha alma maldição
Eu daria tudo só pra esquecer essa dor que queima em meu coração
As flores murcham em aflição”

Sem perceber o que estava acontecendo vejo lágrimas caindo sobre o meu rosto e uma agonia tomou conta de mim. Pela primeira vez eu vivenciei o que era estar sozinha, sem ninguém no mundo, sem ninguém que você ama ou se importa com você ao seu lado, somente com a solidão consigo.

Olho pro alto com o rosto fraco
O vento suave leva a minha mente pra longe
Num lugar por onde
Tento lutar com o meu ser abatido
Sinto uma agonia em meu peito
Enquanto minha mente mergulha na triste melodia
Que toca friamente em minha alma
Uma dor que me consome todo dia
E me destrói sem calma
Quem me deixar de se sentir sozinho”

Me imaginei noutro sítio, um sítio em que a solidão me deixasse, um lugar onde poderia chorar todas as minhas lágrimas onde poderia suspirar ouvindo uma música que me fará refletir no quanto é difícil estar sozinho sem ninguém pra me consolar.

Sentado sobre a luz do luar
Sentindo a solidão me abraçar
Choro enquanto minhas lágrimas insistem em se afastar
Levadas pelo vento sem tardar
Estendo os meus braços tentando me livrar
Desse sentimento que insiste em me castigar
Ouço uma música que me faz pensar
No quanto é difícil estar sozinho sem ninguém pra me consolar ”

Naquele senti falta do abraço de minha avó me envolvendo me aconchegando em seu meio e dizendo que tudo iria ficar bem. Aquela memória se transformou em visão e eu vi parada a minha frente minha avó estendendo a mão em auxílio com o seu sorriso caloroso no rosto.

Eu só queria que isso parasse
Eu só queria ser forte pra vencer
Nem se eu tivesse
Viajado pelo fim do mundo só pra poder
Dizer finalmente que venci o amargor
E hoje sou um vencedor.”

Aquela visão de minha avó se transformou em Linda, minha respiração parou nossos olhares se encontraram e eu senti uma paz dentro de mim uma paz de que nunca estaria sozinha outra vez.

— Aconteça o que acontecer. — Sussurrou Linda gentilmente. — Eu sempre estarei contigo em todos os momentos. — Ela agarrou a minha mão a levando até seu ombro e me ajudando a andar entre a tempestade.

— Serei seus olhos entre a tempestade. — Continuou Linda a medida que passávamos sobre a intensa tempestade. — Sua paz em meio a aflição. E seu escudo em meio a guerra.

— Pois estarei sempre contigo Jessica Alvarez pra todo o sempre! Querendo ou não. — Um sorriso fraco se abriu sobre o meu rosto.

Após um longo tempo, posso dizer finalmente que venci o amargor olhei pra os seus rezando que minha avó me visse e sussurrei:

— Obrigado!

1.2 A FeiticeiraOnde histórias criam vida. Descubra agora