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Em um canto, do que seria a sala da casa, tem um homem em pé com um fuzil apontado para a cabeça do sombra, que tá com muitos machucados pelo rosto, e noto sua pele arranhada em diversos lugares, o homem está de costas para mim enquanto sombra está de frente. Ao me ver no topo da escada sombra disfarça mas noto que ele abaixa a cabeça e faz uma negação discreta. Será que tô na merda?

XXXX: HAHAHA HOJE VOCÊ MORRE SOMBRA, E DEPOIS QUE EU MARAR VOCÊ VOU MATAR AQUELE MERDINHA DO SEU SUB TAMBÉM. - O homem grita na cara do sombra, o que me deixa nervosa e aflita.

Esse cara quer matar o Thiago. Eu não posso ficar sem ele, o que seria de mim e do meu filho sem o pai? Já perdi pessoas que amo de mais, não posso deixar esse cara matar o TH.

SOMBRA: Tu sabe que não vai sair daqui vivo Pardal, tu nunca conseguiu o que queria, hoje não vai ser diferente. - O sombra levanta a cabeça pra falar, mas é corajoso de mais para desafiar um cara com um fuzil apontado pra cara dele. Ou é louco

PARDAL: Eu vou chefiar essa bosta de favela, mas antes disso eu vou arrancar sua cabeça do pescoço e colocar no meio da praça, até que os bicho coma tudo. Sua mulher eu vou comer e depois mando os meus homens estuprar ela também. Seus filhos eu vou matar um por um e colocar os corpos no meio da praça.

Meu Deus, olha o que ele ta pensando em fazer com o sombra e a família dele! Será que minha amiga está bem nesse momento? Espero que sim, mas a casa dela é uma fortaleza, ela deve estar segura.

O tal de pardal continua de costas, e eu no topo da escada só observando, então, movida pelo desespero e pelo medo, eu saco a arma, desço alguns degraus lentamente e fazendo o máximo de silêncio possível, não posso ficar sem o pai do meu filho, e nem minha amiga merece ficar sem o marido dela e o pai dos filhos, caso aconteça, ela e seus filhos vão sofrer.

Levanto a arma e miro o máximo que consigo, de acordo com as aulas teóricas que tive com o TH. Miro no meio das costas, pois é um alvo maior que a cabeça, respiro fundo e aperto o gatilho.

PLÁÁÁ...

O solavanco da arma me faz desequilibrar e cair sentada no degrau, minha bunda dói, a coitadinha ficou um pouco abatida com a gravidez, ouço os gritos e olho rapidamente para ver se acertei na pessoa certa, caso eu tenha acertado o sombra, eu serei uma mulher morta, mas para a minha sorte o homem que está caído no chão é o tal de pardal, e o sombra já se levantou e aponta o fuzil, que antes tava com o pardal, para ele próprio. O feitiço virou contra o feiticeiro.

Pardal tenta se virar, e percebo que o tiro pegou do lado esquerdo do seu corpo. Quando ele consegue se virar vejo um buraco pertinho de seu coração. O tiro entrou e saiu.

PARDAL: FILHA DA PUUUTAAAA. - O grito do homem é alto e rouco. Ele coloca a mão no peito, e urra de dor, ouço o ranger de seus dentes, sua mão fica encharcada de sangue.

SOMBRA: É pardal, mais uma vez você falhou meu amigo, mas a nossa brincadeira de gato e rato acaba hoje! - Sombra fala com uma voz bem carregada de raiva, também não é pra menos, ele tá arregaçado, cheio de machucados e arranhões.

O pardal vira de barriga pra o chão e tenta se arrastar, mas não consegue sair do canto, o seu ferimento sai bastante sangue mas não o suficiente para levar ele a morte tão rápido, mas o que sombra faz vai adiantar e muito a passagem do homem para a outra vida. Com a ponta do fuzil ele empurra com muita força no buraco da bala, remexe a arma e atira mais uma vez, dou um pulo e um gritinho de susto.

PARDAL: CARAAAALHOOOOOO, FI-FILHO DA PU-PU-PUTAAAA. - Essa com certeza doeu.

SOMBRA: TU NUM FOI MACHÃO PRA FALAR QUE IA COMER MINHA MULHER E MATAR EU E MEUS FILHOS? SEJA HOMEM FILHA DA PUTA. - Sombra pega o pardal pelos braços e tenta o colocar de pé. - FICA EM PÉ GAZELA.

O sombra nesse instante olha para trás e ver que ainda estou aqui na escada.

SOMBRA: VAI PRA MINHA SALA ANDRÉIA.

Mas, somente agora eu notei que estou paralisada, não consigo me mexer, talvez seja a pressão de todos esses momentos. Mas meu corpo não obedece aos comandos do meu cérebro. Eu sei que é melhor eu sair daqui e não ver essas coisas, principalmente por causa do meu filho, mas não consigo sair do canto, meu corpo todo pesa.

SOMBRA: VAI ANDREIA, PORRA!

Ele tá muito puto, então, ele pega o radinho dele, mas não entendo o que ele fala nem com quem fala, pois estou impressionada com o fato do tal de pardal estar sorrindo para mim, o sorriso dele além de feio e amarelado, é bem esquisito, chega a ser demoníaco, seu corpo treme e ele fica fechando e abrindo os olhos, tentando focar em mim.

PARDAL: Cu-cuidado dona Andréia, seu filhinho pode esbarrar com o meu quando crescer... - A boca dele está cheia de sangue, e começa a babar sangue e sorrir ao mesmo tempo.

A cena me embrulha o estômago, e eu não consigo me levantar a tempo, e vomito tudo o que tinha no meu estômago na escada mesmo. Fico com tanta vergonha disso, mas sou uma mulher grávida e não tenho culpa. Coloco minhas mãos na barriga e os gemidos que saem da minha garganta é de desespero.

TH: CADÊ ELA? - Ouço a voz do TH antes mesmo de levantar a cabeça. - Amor!

Olho e vejo ele vindo em minha direção como se nada tivesse acontecendo, ele nem mesmo se importa com o vômito pelos degraus.

ANDRÉIA: Amor... - Eu queria falar mais, mas a voz some da minha garganta. E começo a chorar.

TH: Bora pra casa! Levanta - Ele chega bem perto de mim e estende as mãos, que aceito de bom grado para pode levantar. Já de pé, ele me ajuda a descer a escada.

Passo bem pertinho do sombra com o pardal, pardal já está ficando branco. E o sombra bufa de ódio, mas se vira para mim e muda a fisionomia.

SOMBRA: Valeu aí Andréia! Se num fosse por tu eu já tava no paletó de madeira. Fico te devendo essa.

Eu não respondo com palavras, somente com um aceno de cabeça. Sou puxada para o lado de fora, e assim que chegamos na calçada, ouço o sombra gritar e bater no pardal.

TH: O que você fez amor? – Sua voz é de puro desespero, talvez por saber que isso vai me afetar de alguma forma.

ANDRÉIA: Já acabou a invasão? - Pergunto antes de pensar em responder a pergunta dele.

TH: Já sim. Vamos pra casa tentar relaxar. Como tá minha cria? - Ele pergunta e passa a mão na minha barriga.

ANDRÉIA: Tá bem, eu acho.

Ele me coloca dentro de um carro que está parado aqui no beco, da ré e depois dirige até minha casa, ao chegar eu vou direto pra tomar banho, já que o Thiago precisa organizar o morro, e fazer uma checagem sobre as baixas do morro. Eu tomo um banho longo e demorado, lavo os cabelos, faço uma esfoliação e uma hidratação, quando saio ligo o ar condicionado e me deito pelada mesmo na cama.

Estou em estado de choque, por causa dos acontecimentos, eu atirei em uma pessoa, se ele tivesse morrido, seria minha culpa e talvez eu nunca conseguisse esquecer. Mas eu sai de lá ele estava vivo, então se morrer foi por causa do sombra, mas o tal pardal mereceu.

Deitada na minha cama já fazem muitos minutos, e nada do sono chegar, minha mente não desliga, eu não consigo parar de pensar nas cenas que presenciei. Isso tá sendo horrível, então, decido ir até a cozinha e preparar um chá de camomila para mim. Após terminar o chá, eu me deito novamente e depois de alguns minutos sinto meu corpo ficar pesado e mole, o sono começa a chegar. 

Escolhida para fielOnde histórias criam vida. Descubra agora