1 - Lembranças

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E lá estava eu novamente, com minha mochila revirada do avesso no colo e observando o careca do meu professor vasculhar meu celular. Era sempre assim ultimamente, toda vez que eu alcançava nota máxima nas provas da faculdade - o que acontecia frequentemente - me levavam para uma "conversa".

Acho que isso se devia ao fato que no início da faculdade eu mal sabia somar 2+2 sem o auxílio de uma calculadora, e agora, dois bimestres depois, aqui estou eu, sabendo resolver qualquer conta que seja. É, sei que é estranho, não tenho explicação para isso, sabem, apenas aconteceu.

Não ligo, nunca quis cursar finanças mesmo. Só entrei porque não consegui uma vaga em psicologia.

Meu nome é John, e eu até acharia esse careca musculoso bonito, mas não dá, ele é insuportável. Fazia duas horas que eu estava ali, meus olhos azuis estavam cansados e meus cabelos loiros caíam sobre eles. Foi inevitável. Acabei dormindo.

Lá estava eu. De costas para a parede, tentando me afastar o máximo possível de uma mulher aracnídeo vermelha, ela berrava enquanto se aproximava e eu não sabia o que fazer. Era o meu fim.

Um estrondo soou atrás do ser aracnídeo que estava a me perseguir e uma porta de metal por onde eu tinha passado se abriu. Dela saiu um homem de terno azul com os cabelos castanhos, beirando o dourado, espetados para cima, em sua mão, um pequeno aparelho. Ele fez com que uma luz azul hipnotizante saísse dele e então o teto desabou encima do ser horripilante. Tudo na sala foi destruído, frascos quebrados, animais empalhados esmagados e mesas totalmente fragmentadas.

- Corre - o cara gritou, e eu o fiz.

Corri e alcancei ele, meu casaco bege estava aos frangalhos e minha calça jeans faltava uma das pernas.

- Doutor, e agora? - Eu perguntei ao nos aproximarmos de uma caixa azul...

...

Eu acordei suado e assustado. Havia meses que tinha sonhos estranhos, a maioria deles envolvendo esse tal de Doutor. Não sabia o nome dele, só sabia que ele era conhecido por O Doutor. E ela sempre estava lá, a caixa azul de polícia. Eu deveria está enlouquecendo.

Olhei envolta e não vi sinal do Professor, olhei para fora e notei que já havia escurecido. Com toda certeza aquela coisinha careca já deveria ter ido embora.

Ao lado da mesinha do Sr. Dionísio estava a estátua de um anjo cobrindo o rosto com as duas mãos, era algo sinistro e eu não lembrava de tê-la vista ali quando entrei mais cedo. Era algo bem ao estilo dele, e meu também, mas, ao contrário dele, eu jamais colocaria uma coisa daquelas ao lado de um lugar onde eu passo boa parte do meu dia.

- Tenho que prestar mais atenção nas coisas. - Peguei meus pertences e fui embora.

A Busca Pelo DoutorOnde histórias criam vida. Descubra agora