Chovia forte e estava escuro. Lancei inúmeras maldições ao senhor Dionísio, aquele careca ainda pagaria por me fazer passar por tudo isso. As ruas estavam desertas, as gotas d'água batiam no chão e voltavam, molhando toda minha calça preta.
Procurei abrigo embaixo da sacada de uma lanchonete do McDonalds, e me coloquei a observar a água cair, era uma cena bela: as vidraças estavam repletas de respingos, alguns escorrendo, fazendo caminhos que se cruzavam. Não sabia porque, mas, de alguma forma, aquilo me trazia à lembrança o tal Doutor.
As luzes dos postes piscavam, de forma frenética. Culpei a velha fiação da rua por tal fato.
Então, após um curto período sem o acende e apaga, eu vi. Vi três daquelas sinistras estátuas de anjo, igualzinhas a que estava na sala do meu professor. Tomei um baita susto, aquelas estátuas, no topo do cinema, nunca estiveram ali. Pelo menos, eu nunca as vi.
Entrei em desespero e comecei a correr, sem rumo, querendo me afastar o máximo possível daqueles monumentos medonhos. Já na esquina, com o coração a mil por hora, esbarrei em algo que me fez ir ao chão.
Ainda no chão, olhei para o alto e vi minha melhor amiga, Liah, com seu guarda-chuva rosa de sempre.
- Que foi John? Parece que viu um fantasma. - Ela tentava proteger os cabelos curtos, pretos e lisos da chuva.
- Ah, Liah. Estava só um pouquinho assustado.
- Pouquinho é? Sei. - Ela abriu os braços, como sempre fazia quando queria um abraço meu. Não resisti, abracei ela, mesmo estando encharcado. Com as mãos no pescoço dela, vi os anjos novamente, dispostos um atrás do outro nos três prédios que vinham após o cinema. Agora eu tinha toda a certeza do mundo: elas não estavam ali quando passei.
- V-v-vamos embora, aquelas estátuas de anjos estão me dando arrepios. - Indiquei a ela as tais estátuas, que tinham seu braços esticados, como se quisessem, de alguma forma, nos alcançar.
- É, elas realmente são assustadoras .
Eu me encaxei debaixo do guarda-chuva dela e segurei sua mão - uma velha mania minha. Seguimos em frente, sem olhar para trás, por medo. Aquilo estava estranho, quatro daquelas estátuas que eu nunca tinha visto surgiram no mesmo dia em pontos, que eu jurava nunca tê-las visto antes. O pior é que na correria esqueci de ver se as três que jaziam no topo do cinema ainda estavam lá.
Seja o que fosse, uma coisa eu tinha certa em minha mente: não queria ver uma daquelas coisas nem tão cedo.
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A Busca Pelo Doutor
FanficJohn é um cara normal com uma vida igual a de todas as outras pessoas. Pelo menos é o que ele acha, mas quando estátuas estranhas começam a surgir em todos os cantos e sonhos com um tal de "O Doutor", uma caixa azul de polícia e viagens por todo tem...