7 - Choque De Realidade

282 32 7
                                    

- Ainda não entendi a finalidade dos espelhos. - Liah disse quando já estavamos do lado de fora.

- Era uma espécie de engano, entende? Os anjos viam seus reflexos e pensavam que eram outros seres de sua espécie os olhando. Claro que isso não os sugurar-iam para sempre, alguma hora eles iriam perceber, e é por isso que os deixamos naquela posição - expliquei tudo a ela, enquanto nosso companheiro só observava.

- Mas e se algo tampar aquela fresta? Ou se alguém, um pessoa desavisada, abrir o alçapão e tira-las de lá?

- Isso eu resolvo. - O Doutor falou, preparando sua chave de fenda sonica e passando ela pelas beiradas da pequena porta - agora nada entra e muito menos saí daqui.

O barulho e a luzinha azul daquele objeto me trazia lembranças, lembranças boas e felizes. Uma tontura me atingiu e eu acabei desmoronando no chão, minha visão ficava turva e eu vi tudo.

Me lembrei des todas as minhas aventuras com o Doutor, de todos os seres que derrotamos, de todas as vidas que salvamos. Lembrei também da minha morte, e de, logo em seguida, o Doutor ter me trazido de volta.

Agora eu sabia. Sabia o que os Anjos queriam, sabia o porque dos sonhos e o porque de todo o conhecimento que habitava minha mente. Voltei a mim com uma grande sensação de êxtase.

- Agora eu entendo - falei -, entendo porque os anjos estavam atrás de nós. Doutor, por que você me fez esquecer? - Procurei por ele mas não o encontrei. Meus musculosos ficaram rígidos quando a Liah disse que ele tinha saído.

- Preciso encontrá-lo, preciso saber porque! - Iniciei uma corrida em busca da TARDIS e, apesar de não tê-la vista o dia todo, eu sabia onde ela estava.

- Me explica então! - A Liah gritava enquanto corria atrás de mim. Mas eu não falei nada, eu não conseguiria com o bolo que havia se formado na minha garganta.

Ouvi o conhecido barulho emitido pela TARDIS ao iniciar e cai novamente de joelhos no chão: lá estava ela, piscando no meio da chuva. Eu imaginei todas alavancas e botões que o Doutor apertava e levantava, fazendo todos aqueles bip-bop-bup, logo em seguida presenciei o desaparecimento dela.

Não sei se foi minha imaginação, mas juro que ouvi ele gritar, usando uma palavra que sempre usava: "Alons-y". Enquanto a chuva molhava meus cabelos eu me fiz uma promessa. Prometi que iniciaria uma busca pelo Doutor.

Eu iria encontrá-lo novamente, custasse o que custasse, pois eu sou o único meio humano, meio senhor do tempo imortal que existe.

Eu sou o Doutor John.

A Busca Pelo DoutorOnde histórias criam vida. Descubra agora