Prólogo

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O céu estava carregado de nuvens escuras, e uma ventania cortante soprava por toda a cidade de Seul, anunciando a chegada de uma tempestade. Sou Park Jimin, e tenho um medo profundo de tempestades. Não é exatamente uma razão para se orgulhar aos 23 anos, mas essa aversão se tornou inevitável após aquele dia fatídico.

Agora, estou enrolado em cobertores, dos pés à cabeça, deitado no dormitório da faculdade. Meus melhores amigos foram passar o final de semana com suas famílias; Taehyung até me convidou, mas eu recusei. Agora, a escolha pesa em minha mente.

Com a tempestade se aproximando, memórias dolorosas começaram a invadir meus pensamentos, tornando-se cada vez mais difíceis de afastar. A simples possibilidade de chuva transforma o ambiente em um campo de batalha emocional, onde o passado se agita como os ventos lá fora.

Pesadelo. Medo. O Mesmo Dia. Morte. Essas palavras ecoavam em meus pensamentos, como um mantra angustiante.

Era 22 de dezembro, uma data que se gravou na minha memória não de forma positiva, mas como o pior dia da minha vida. Eu tinha apenas 8 anos, meus pais estavam em uma viagem de trabalho e a noite já passava das 21h30 quando o telefone fixo tocou.

Normalmente, quem atenderia seria Hinna, minha companheira nas noites em que meus pais viajavam, mas ela estava ocupada, preparando um lanche para nós. E, para minha infelicidade, fui eu quem atendeu a ligação.

Com a voz trêmula, segurei o telefone, sem imaginar que aquele gesto simples mudaria tudo. A conversa se desenrolou em uma sequência de palavras que se tornaram um eco constante na minha mente, marcando-me para sempre. Aquele momento, que parecia tão banal, seria a porta de entrada para o meu pesadelo.

Naquele momento, estranhei. Estávamos à espera deles, não de um telefonema. No entanto, meu mundo desmoronou com um simples toque, e, assim como as gotas de chuva que começaram a cair, minhas lágrimas começaram a escorrer incontrolavelmente.

Park Sori e Park Jusang haviam sido vítimas fatais de um acidente de carro. Com isso, eu precisaria de novos responsáveis, mas, ao invés de encontrar apoio nos meus parentes, que deveriam ser meu refúgio em um momento de dor, fui apunhalado pelas costas. Eles sumiram, deixando-me completamente sozinho.

Depois do acidente, passei a perceber que as pessoas não eram confiáveis. Como resultado, me fechei para interações e para qualquer demonstração de sentimentos. Lembro-me de ter ouvido, como uma criança de oito anos, que eu não deveria estar onde estava; já havia problemas suficientes sem precisar de mais um.

Aquele período se tornou uma existência vazia, onde eu apenas ocupava espaço fisicamente. Meu coração tinha partido junto com meus pais, e a vida que antes parecia cheia de promessas se transformou em um eco silencioso de dor e desconfiança.

Minha tia Park Nari foi a única a me acolher em meio ao caos familiar, oferecendo-me um abrigo enquanto eu tentava aprender a administrar minha própria vida. Assim, cresci em uma bolha, cuidadosamente construída para evitar qualquer aproximação. Afinal, se você não quer se machucar, é simples: basta manter as pessoas à distância. Elas são ímãs naturais de mentiras e falsidades.

Mas essa barreira foi rompida duas vezes. A primeira foi na faculdade, quando meus melhores amigos, Kim Taehyung e Kim Seokjin, insistiram em se aproximar de mim. Cheguei a pensar que eles desistiriam, pois não me considerava uma pessoa interessante. Foram três meses em silêncio, mas eu recebia, diariamente, bilhetes explicando por que deveríamos ser amigos. Aquilo começou a mexer comigo de uma forma que eu não esperava.

Eles não desistiram de mim, mesmo quando, no início, meu carinho não era recíproco. Hoje, considero-os minha nova família, meu elo e minha fonte de felicidade, e sou eternamente grato por isso.

Depois, me envolvi pela primeira vez em um relacionamento com Lee Taemin, um estudante de medicina que achei que seria o amor da minha vida. Já sabem como essa história termina: quebrei a cara mais uma vez. Ele desperdiçou a última migalha de esperança que eu tinha para acreditar em relacionamentos.

Foram dois anos de namoro, apenas para ser traído na calada da noite. Dois anos de manipulação e inseguranças, que deixaram marcas irreparáveis. Tornei-me uma pessoa fechada novamente, decidida a nunca mais acreditar no amor, não importando quem fosse. Isso se tornou meu mecanismo de defesa.

Não acreditava em destino, muito menos em finais felizes. Para mim, amores eram passageiros, um mero passatempo de uma noite. Mas tudo mudou quando conheci ELE : Jeon Jungkook.

Amor de Fim de Noite PJM + JJKOnde histórias criam vida. Descubra agora