A travessia mortal

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Quão simples é encontrar a morte? Certamente, é uma das coisas mais acessíveis do mundo, já que qualquer coisa ao nosso redor pode se tornar nossa algoz, inclusive aquilo que acreditamos nos proporcionar bem, como o amor, que já ceifou muitas vidas por amar a pessoa errada. No entanto, permanecemos de pé, lutando com todas as forças para preservar nossa existência e amar, na esperança de nos reunirmos um dia com aqueles que conhecemos.

"Distante deste lugar? - indaguei ao bandido, com as mãos atadas atrás das costas, enquanto ele me conduzia a um terreno hostil, aumentando minha inquietação.
"Já estamos chegando," disse ele.

Caminhamos por mais alguns momentos, pouco mais de cinco minutos, o ar tornando-se áspero e difícil de filtrar nos pulmões. Era um sinal claro, pois sobre as árvores frondosas que bloqueavam a passagem de luz, o sol estava nascendo, trazendo consigo um novo dia."Vamos ao anoitecer, agora é perigoso," murmurei, irritada por ter que esperar mais tempo."Já estamos aqui..." disse o homem, aumentando o passo.

Pouco depois, ele começou a correr, pedindo socorro enquanto se dirigia ao rio. Estávamos a menos de 1 quilômetro do rio Thames, e após a ponte de Londres, encontrava-se o covil dos piores seres humanos que já habitaram a Terra. Eram todos bandidos, mas esses em particular não tinham escrúpulos em relação a mulheres e crianças do sexo feminino. A Nova Fronteira acreditava que tê-las entre eles era sinônimo de fraqueza, como se meu sexo fosse incapaz. Se ele se aproximasse demais, seria o meu fim, morreria intoxicada antes mesmo de ser apunhalada.

"SOCORRO! A ASSASSINA ESTÁ ENTRE NÓS!" gritava ele, forçando as cordas vocais e me deixando em pânico.

Não havia tempo para correr atrás dele ou pedir que se calasse, pois ele não o faria. Estúpida fui por não ter amarrado a corda em minha própria cintura, e o preço por esse erro foi alto. Minha presa fugiu, e com isso, tive que fazer mais um abate.

Vagarosamente, tirei o arco e duas flechas do ombro e mirei para o fugitivo. Ele percebeu que eu não o perseguia, andava em todas as direções, menos para frente. No entanto, isso não era um problema para mim.

Com o auxílio do dedo polegar, indicador e dedo maior, puxei as flechas para trás com toda minha força, dobrando o arco de carvalho em uma meia lua enquanto mirava minha presa. Com ele na mira, travada e tremendo pela força exercida, soltei as flechas, e instantes depois, o homem caiu no chão.

Corri a toda velocidade até ele e, enquanto o fazia, percebi que as flechas haviam atravessado seu corpo. Sons de folhas e galhos sendo pisados ecoavam a poucos metros do corpo, e pessoas se aproximavam rapidamente.

Eu tinha que me esconder o mais rápido possível, pois eles pareciam ter me identificado.Subi em uma árvore de choupo gigante, bastante modificada pelo tempo, e fiquei observando, tapando o nariz para evitar inalar o ar tóxico que a árvore emanava.

Quatro homens armados com escopetas e pistolas chegaram ao corpo antes de mim. O ambiente ficou tenso, uma sensação de perigo iminente envolveu o local, como se as sombras ao meu redor estivessem se movendo por conta própria. O suspense pairava no ar enquanto permanecia imóvel, observando a cena se desenrolar, ciente de que eu estava em perigo.

"Maldição, o Peter... alguém o matou!" - exclamou um dos homens, examinando o corpo. - "Duas flechas, o tiro atravessou o pescoço e o pulmão. Que tipo de demônio faz isso?" 

"Devem ser da Aliança da Revolução. Peter quebrou a regra, nenhum de nós deveria passar do rio. Eles devem estar por perto, cuidado." - alertou, analisando meticulosamente o terreno enquanto procuráva por alguém.

Meus pulmões já não aguentavam respirar aquele ar tóxico, e aos poucos, eu me esvaíava como um rato envenenado. Tinha que prender a respiração e inspirar o mínimo possível para não me condenar à morte.

O ApocalipseOnde histórias criam vida. Descubra agora