A guerra entre o inferno e a terra

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Eu era vista como a mulher do líder, embora todos soubessem que nunca tive um caso com ele. Mesmo assim, eu era odiada e todos desejavam minha morte. Eles acreditavam que eu era uma espiã... bem, eu era uma assassina, não uma espiã. No tempo que se passou, Marie tornou-se a luz no fim do túnel para mim em meio a tanto desespero. Tenho certeza de que, se meu filho ainda estivesse vivo, ele se apaixonaria por aquela garota.

David sabia que a qualquer momento a derradeira guerra iria começar e Londres se tornaria uma só. O rio Thames não mais dividiria dois grupos contrastados pela ferocidade e violência. Seu clã era repleto de rebeldes, homens e mulheres selvagens, tornando o possível vencedor da guerra uma incógnita para mim.

Numa noite, eu estava mostrando a Marie como batalhar com o arco e flecha. Ela me contou que também iria para a guerra. Aquilo me deixou bastante nervosa. Sem dizer uma única palavra, larguei o arco e fui até o líder.

Cheguei aos aposentos de David, que estava desenhando estratégias de batalha, e abri a porta com força.

"Está louco?" perguntei, minha voz carregada de fúria e preocupação.

David levantou-se, sorrindo para mim, um sorriso que parecia ignorar a tempestade que se formava em meu coração.

"Como você é capaz de alistar sua filha para a guerra? Ela vai morrer!" gritei, agarrando a gola de David com força, minha voz cheia de desespero. Marie era mais do que apenas a filha dele; ela se tornou uma parte vital da minha vida, uma luz na escuridão do apocalipse.

"Todos devem ir à guerra, até minha própria filha. Mas não se preocupe, você ficará admirada com a habilidade dela no campo de batalha."

David respondeu com uma calma que parecia absurda, um sorriso nos lábios. Ele não via o terror em meus olhos, ou simplesmente escolhia ignorá-lo. Soltei-o, com o coração pesado e a mente em turbilhão, e corri até o campo de treino onde Marie estava. Eu precisava fazer algo, qualquer coisa, para protegê-la.

"Marie! Marie, minha querida, por favor, não participe dessa guerra!" supliquei, caindo de joelhos diante dela e agarrando suas mãos. 

"Hm? Eu tenho que participar. Todos têm, todos que são capazes de segurar um arco e flecha." Ela respondeu com uma determinação assustadora, que partiu meu coração.

"Você não sabe como é a guerra. Lá, pessoas morrem! E se você não morrer, pode se tornar uma escrava do outro clã. Por favor, Marie, desista dessa ideia suicida!" implorei, lágrimas começando a escorrer pelo meu rosto. Segundos depois, ela me ajudou a levantar. 

"Se meu pai morrer na guerra, eu desisto de lutar e fico ao teu lado, eu juro, estas feliz? Agora, por favor, deixe-me sozinha... tenho que treinar." Sem nada mais a fazer, saí daquele lugar profundamente pensativa. Talvez eu pudesse acorrentá-la no quarto, mas sabia que isso seria inútil. Eu estava impotente. 

Naquela noite estrelada, saí do acampamento, sentindo-me triste e desamparada. Passei pelas árvores emaranhadas por vinhas e picos, cada sombra parecia um inimigo à espreita."Seu tempo está acabando. Pensei que você quisesse seu filho,"  uma voz sussurrou na escuridão, gelando meu sangue.

Amedrontada, saquei minha faca, mas sabia que a voz me cercava."Dei-lhe tempo, muito tempo, mas você preferiu ficar com o outro líder? O que foi? Ele é mais meigo?"

"Apareça!" gritei, girando em todas as direções, o medo crescendo."Mais simpático?" A voz continuava, e eu começava a duvidar da minha sanidade.

Então, um ser negro das trevas me colou contra uma árvore, tapando minha boca com uma mão fria e cruel.

"Escuta bem! Na noite de lua cheia, atacaremos. Se você não trouxer a cabeça do líder até amanhã, eu mesmo procurarei seu filho, desmembrarei-o e atirarei aos lobos! Entendeu, sua vadia?" A voz de Jack Wilson era um sussurro mortal ao meu ouvido. 

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