Adeus, Alex

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Dois meses se esvaíram como sombras nesta nova e desolada realidade. Eu me encontrava solitária, envolta pela escuridão da noite, próximo a uma fogueira que crepitava em meio à floresta húmida e assustadora que agora era nosso lar. A densa névoa abraçava cada árvore retorcida, coberta de musgo, que se erguia ameaçadoramente em nosso entorno. Sabia com alguma segurança que a maioria dos animais que outrora ameaçavam nossa existência tinham perecido, deixando-nos com a melancolia da solidão.O vento uivava entre os galhos, criando um som arrepiante que ecoava entre os troncos retorcidos, como um lamento da própria terra. A vegetação, impetuosa e traiçoeira, se emaranhava cada vez mais, formando um labirinto claustrofóbico que nos fazia sentir encurralados. Era um pesadelo, pois materiais que outrora deveriam resistir à passagem do tempo por anos, centenas, até milhares de anos, sucumbiam em meros meses sob as novas condições da terra.Ruínas antigas e enferrujadas emergiam aqui e ali, esqueletos silenciosos de uma civilização outrora florescente, agora desbotados pela história. A sensação constante de sermos observados intensificava a tensão, tornando cada passo uma jornada repleta de perigos iminentes. Estar vivo em um lugar tão hostil era, sem dúvida, um milagre.

Era inverno, essa era a única certeza que eu tinha. O frio penetrante cortava até os ossos, e eu havia dado todas as peças de roupa quente que tinha ao Alex, meu filho, na esperança de mantê-lo aquecido, mesmo que eu mesma estivesse à mercê do congelamento constante.

"Você realmente acredita que ele vai sobreviver? Tira a mascara, ele morrera em minutos sem sofrer, Celine", disse Leon enquanto aquecia uma lata de feijão em nossa fogueira, em uma época em que apenas produtos enlatados eram comestíveis.

"Cale a boca! Eu nunca vou desistir do meu filho", murmurei, tremendo de frio e fome, mas exausta de lamentações.

Lamentava minha condição atual, meu marido, os horrores pelos quais passamos, mas as lágrimas já tinham se esgotado.

"Você decide, mas, por favor, coma. Está quente", ele insistiu, me entregando a lata de feijão.

Por que isso estava acontecendo? O que nós, seres humanos, tínhamos feito para merecer tal destino? A arrogância de sermos apagados do planeta de maneira tão cruel e vil era esmagadora.

Outro mês deslizou pelos dedos do tempo, e meu filho, agora com cerca de um ano de idade, não apenas andava, mas corria em meio ao mundo pós-apocalíptico justamente naquela floresta. Essa visão era uma fonte inesgotável de alegria em meu coração. Apesar de todos os desafios, eu o mantinha forte e saudável, de pé e resiliente e com isso, acreditava estar fazendo um bom trabalho como mãe.

Infelizmente, meu próprio destino era um contraste sombrio. A presença de Leon, o homem que cuidava de mim com uma obsessão doentia, era como uma sombra sobre minha existência. Eu o odiava profundamente, mas, por enquanto, continuava com ele.

Os dias na Terra se tornavam cada vez mais aterrorizantes. Sob o sol escaldante, o ar tóxico pairava, representando uma ameaça letal que ceifava vidas em minutos, ter saído da cidade não foi suficiente. À noite, apesar da ínfima possibilidade de respirar mais livremente no meio da floresta, estávamos constantemente alertas pelos varios perigos que podiamos encontrar. Eu me encontrava ao norte de Londres, em uma região onde algumas criaturas selvagens haviam sobrevivido, e suas presenças nos mantinham vigilantes.

Era uma manhã de verão, o calor era abrasador, mas à medida que o tempo avançava, eu me adaptava às condições extremas. A certo ponto, um sorriso aflorou em meus lábios enquanto observava Alex correr alegremente ao redor de nossa modesta tenda. Sua energia infantil era uma chama de esperança em meio à escuridão implacável que havia caído sobre o mundo.

Sinto um suspiro por trás seguido de braços em volta dos meu corpo subindo até os meus seios e Leon acaba me beijando o pescoço, ainda era horripilante o facto dele me usar e abusar de mim quase o tempo todo.

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