Vestida com véu e grinalda, eu estava na porta da igreja, pronta para casar com o homem da minha vida. Faziam apenas nove meses desde que nos conhecemos, mas eu tinha a certeza de que ele era o tal, o principe e eu sua bela princesa. O mais fascinante era o consenso de todos apesar dele ser 6 anos mais velho, apesar de eu ter apenas 19 anos.
Com um sorriso radiante, caminhei lentamente pelo tapete vermelho em direção ao meu futuro marido enquanto o pianista tocava a famosa Marcha Nupcial e eu sorria de uma ponta a outra. Finalmente chegou a hora dos juramentos.
"EU ACEITO! EU ACEITO, EU ACEITO!" gritei, saltando para os seus braços e para os seus beijos, no momento mais feliz da minha vida. Eu vivia meu conto de fadas, mas a realidade é cruel.
Em um piscar de olhos, o sonho virou pesadelo. Meu corpo estava abrasando, febril, acima dos 40°C. Não, eu não estava com febre. Eu estava queimando, sendo queimada viva numa fogeira por estranhos que estavam demasiadamente agitados.
"UHHHH! QUEIMEM ELA! MORTE À NOVA FRONTEIRA!" bradavam o grito dos loucos.
Ao abrir os olhos, tudo estava de pernas para o ar. Minhas mãos estavam paralisadas devido ao aperto das cordas nos pulsos, cortando a circulação do sangue. Meus longos cabelos eram consumidos pelo crepitar das chamas. A realidade era brutal: eu estava amarrada de pernas ao ar girando numa fogueira, prestes a virar churrasco para um bando de canibais insanos. Tentei desatar as cordas, mas foi em vão. Meus braços estavam fracos demais pra fazer alguma forca, minha cabeça latejava e o mundo girava devido à pressão.
"Socorro!" gemi, minha voz reduzida a um sussurro pelo desespero.
"Socorro!" gritei novamente, com um pouco mais de força, mas minha voz foi engolida pelo clamor dos lunáticos.Sem forças, meus olhos se fecharam. O monóxido de carbono invadiu meus pulmões, me sufocando lentamente. Meus sentidos começaram a falhar, o tato, paladar e olfato desapareceram antes da visão e audição, que lutavam para se manter, porem nao havia esperanca, eu estava perdendo a consciencia rapido demais.
Chegou um momento em que conseguia abrir os olhos por alguns momentos e os mesmos querendo levar me ao sono eterno logo fechavam -se. Vi uma jovem se aproximar de mim, chorando. Abri os olhos novamente e ela havia desaparecido. Quando fechei e abri os olhos de novo, um homem estava atirando agua a fogueira e grande parte das pessoas tinha se dispersado. Acordei ao anoitecer, sentindo as queimaduras de primeiro e segundo grau em todo corpo mas nao era nada demais. Levantei-me de um local surpreendentemente confortável, como se estivesse em um mundo antigo. Estava em um lindo quarto, admirando cada detalhe, desde a decoração até o chão imaculado.
"Acordou! Como você se sente?" gritou a garota do sonho da porta do quarto.
"Foi você!" sussurrei, lembrando que ela havia me salvado a vida. Ela se aproximou e me abraçou, e eu senti a força de sua presença protetora.
"Que bom que você está bem!" ela exclamou, me envolvendo em um abraço caloroso. Eu me perguntava o motivo de tanto carinho. "Como estão as queimaduras? Estão melhorando? O médico disse que você ficaria bem em uma semana."
Eu estava atordoada. Onde eu estava? Será que estava no território de um dos clãs? Será que esta era a nova fronteira? Mas, se foram eles que tentaram me matar, como fui salva? Minha mente estava cheia de perguntas sem respostas, perguntas que não mudariam nem o futuro nem o passado. De repente, ouvi passos retumbantes que ecoavam pelo corredor, anunciando a chegada iminente de alguém.
Receosa, ponderando se devia lutar ou fugir, desfiz-me do abraço caloroso com o olhar predador e tateei minha perna à procura da minha adaga, mas logo percebi que estava completamente desarmada, descalça e vestindo um simples vestido branco sem nem ter as roupas de baixo. Um calafrio percorreu minha espinha ao pensar que alguém havia trocado minhas roupas, talvez até me tocado.
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O Apocalipse
RandomNum mundo pós-apocalíptico, onde a civilização foi reduzida a escombros por um catastrófico impacto de um asteroide. A terra é um cenário desolado, repleto de destroços e silêncio sepulcral. As cidades Europeias outrora prósperas são apenas sombras...