Sem tempo

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Varios anos atras numa tarde tumultuada, perdida em devaneios sobre o próximo capítulo de minha vida literária, eu me encontrava numa confortável poltrona no Kennington Lane Coffee. Era um misto de tortura e prazer, esse meu constante embate diário com a página em branco. O céu, carregado de nuvens, finalmente desencadeou sua tempestade, e as primeiras gotas começaram a cair. Fechei meu tablet, despedi-me do Wattpad , e paguei pelo cafe e pelo bolinho, após um breve instante de reflexão, saí da cafeteria rumo ao refúgio de casa, com a mente repleta de pensamentos tumultuados.

Ah, a vida de uma adolescente era do pior! Para mim, Celine, que temia até a própria sombra, era um verdadeiro pesadelo. Aos 18 anos, meus pais já começavam a pressionar para que eu encontrasse um pretendente para cassr, enquanto eu tentava me concentrar nos estudos de faculdade em história eu era alvo de bullying por minha estatura e timidez, entre tantas outras coisas que a forte chuva torrencial fez questão de dissolver de minha mente naquele instante. No entanto, eu ainda mantinha meus sonhos intactos: viver da história, encontrar um marido belo e protetor, ter dois filhos e um cachorro, e habitar numa confortável residência. Tudo parecia uma miragem distante, especialmente para alguém tão desastrada quanto eu.

Então, num ápice, debaixo do dilúvio, vi-me com uma arma pressionada contra a minha cabeça, enquanto seu possuidor apertava meu pescoço, garantindo que eu permanecesse imóvel. Era o momento da minha morte, predestinado nas estrelas, onde a jovem dramática Celine seria alvejada por um fugitivo, que me usara como refém.

"Solte a arma antes que faça uma bobagem", ordenou um dos homens das forças especiais.

"Deixem-me ir, ou ela morre!", gritei, enquanto os agentes ignoravam a ameaça, erguendo suas armas em nossa direção.

"Não! Por favor, não façam isso! Eu não posso morrer agora, ainda não terminei meu livro!", exclamei, inconsciente do meu tablet que, num segundo, sucumbira ao chão encharcado pela chuva.

"SOCORRO"-gritei. 

Num instante de distração, abaixei-me, tentando esquecer a situação em que me encontrava, e foi então que ouvi um zumbido. Súbito, o bandido caiu inerte sobre mim."Gritos de socorro ecoaram dos meus lábios.

"Calma! Você está bem!", um soldado veio em meu socorro, removendo o corpo inerte do criminoso de cima de mim. Ainda atordoada, percebi que estava viva e ilesa, apesar do perigo iminente.

Apesar do susto, meu coração ainda palpitava com a adrenalina do momento, enquanto tentava processar a reviravolta dos acontecimentos.

"Tranquilize-se, sou apenas uma pessoa, veja", disse o soldado, retirando seu capacete e máscara, revelando-se como o homem mais deslumbrante que eu já vira.

Ficamos ali, por um instante, em silencioso encantamento um com o outro, até que ele gentilmente me convidou para jantar. E lá, diante da mesa, ele me presenteou com um novo tablet.

"Você acredita nisso? Diga alguma coisa, Zoe", murmurei, afiando mais uma flecha. Zoe, aos poucos, definhava com os ombros cravados numa árvore, seu rosto desfigurado após uma longa e violenta luta.

"Isso tudo por causa de um homem?", ela questionou com suas últimas forças. "Pensei que você fosse minha amiga."

"Homem? Acabei de te contar como conheci meu marido. Acha mesmo que Jack Wilson é páreo para meu noivo? Não me faça rir! E amiga? Se eu não tivesse desviado de todas as facadas que você me deu sem dar espaço para uma conversa, eu estaria no seu lugar", ergui-me.

"O que vai fazer?", ela perguntou.

"Desculpe, Zoe, mas só há espaço para uma", declarei, avançando em sua direção."Vamos conversar, por favor, não! NÃO!" Ela pegou a flecha e, sem ressentimentos, perfurei seu olho esquerdo até cravá-la na árvore. Seus gritos agonizantes ecoaram enquanto sangue jorrava de sua boca, ela desfalecia.

O ApocalipseOnde histórias criam vida. Descubra agora