O Apocalipse

Novo rumo

Na política, o mais habilidoso charlatão assume o comando; nos becos sombrios, o mais insano lidera as gangues; na vila, o mais sábio se torna o chefe respeitado; na guerra, o mais astuto e brutal prevalece. E naquele acampamento, ou melhor, naquele lado sombrio da cidade, reinava um líder que inspirava mais terror do que respeito. Mal conseguia ver seus olhos, mas sua presença emanava uma aura vil e ameaçadora.

Diante de mim, ele se erguia como uma sombra macabra, sua estatura imponente exalava um poder sombrio. No entanto, não senti medo e mantive meu olhar fixo no dele, sem desviar uma única vez, demonstrando que não me deixaria intimidar.

Ao atravessar a ponte, inicialmente pretendia adotar uma postura de submissão, mas logo percebi que para sobreviver, precisaria mostrar meu lado mais forte e implacável. A partir desse momento, cada passo era uma improvisação necessária para enfrentar os horrores daquele lugar.

"Qual é o seu nome?" perguntou o líder, seus olhos penetrando minha alma.

"Rose", respondi sem demonstrar um pingo de medo, desafiando-o com meu olhar firme.

"Rose... bom trabalho", disse ele em um tom enigmático, "venha jantar comigo ao anoitecer."

Após essas palavras, ele virou-se abruptamente e partiu acompanhado por seus guardas, deixando um rastro de mistério e intriga no ar.

Sentada em minha cama, respirei aliviada por não ter cometido nenhum erro grave. Mas o alívio logo se dissipou quando Zoe, levantando-se do chão, revelou: "Rose, você tem muita sorte. Meu marido gostou de você. Parabéns."

"Gostou?" perguntei, perplexa com a revelação.

"Sim, ele é muito reservado. Tenho certeza de que foi por causa das suas habilidades", explicou Zoe.

Intrigada com a situação, perguntei: "O que era aquilo afinal?"

"VORAX! Venha comigo, preciso te explicar algumas coisas...", disse ela, entregando-me uma máscara sombria que aumentava a sensação de terror ao meu redor.

Saímos juntas e adentramos as profundezas daquele lugar, onde o horror era palpável. Durante o dia, o local ficava ainda mais desolado, poucos ousavam transitar por ali.

"Vorax é o nome que damos àquela criatura", explicou Zoe, com um tom de preocupação em sua voz. "Ela é um híbrido, deveria ser um leão, mas os dias que vivemos transformaram-na em algo terrível. A explosão liberou mutações nos DNAs de todas as formas de vida."

A gravidade da situação me atingiu em cheio, e parei de andar, agarrando os ombros de Zoe, meu medo se intensificando.

"Isso não afetou as pessoas, certo? Nós ainda estamos seguras, não é?", perguntei, buscando algum conforto.

"Calma, Rose! Nós estamos bem", disse ela, tentando acalmar meus temores enquanto retomávamos nossa caminhada.

"Mas e as crianças?" questionou ela subitamente, seu rosto preocupado revelando uma verdade sombria.

"O que você quer dizer com isso?" minha voz tremia, antecipando o pior.

"Veja aqueles homens ali", apontou Zoe para um grupo robusto e selvagem, "parece que a testosterona deles aumentou de forma descontrolada. É como se estivessem se transformando em algo... diferente."

Aquelas palavras gelaram meu sangue enquanto observava um jovem aparentemente normal puxando uma carroça cheia de metal com uma força sobre-humana.

"Ele tem apenas 18 anos, e já está se tornando algo além do humano", sussurrou Zoe, num misto de terror e fascinação. "Mas não comente isso com o líder. Ele não tem paciência para essas preocupações."