Desafio

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Quando o sol despontou naquela manhã, Eddie já estava acordado. Os raios solares se infiltraram pela janela e adentraram em seu quarto. Ele se levantou num pulo, pronto para começar o primeiro dia de uma nova vida.

Ao se levantar da cama, Eddie não parava de pensar no estranho sonho da noite anterior e na manifestação de seus poderes telecinéticos. Não estava ficando louco. Ele realmente viu o telefone flutuando!

Animado com a perspectiva de facilitar as tarefas matinais, decidiu experimentar o que podia fazer. No banheiro, tentou abrir a torneira com um gesto leve das mãos, mas nada aconteceu. Eddie se sentiu irritado e frustrado.

Colocou uma boa música no celular para se arrumar para o colégio. Isso sempre o acalmava. Já vestido e pronto para enfrentar o dia, Eddie tentou arrumar a mochila usando seus poderes. Conseguiu, com dificuldade, levantar os livros com seu poder. De olhos arregalados e sorriso no rosto, começou a brincar, movendo as coisas pelo quarto. Pouco a pouco ia ficando mais fácil.

– EDDIE! OLHA A HORA!

Sua mãe gritou da cozinha enquanto ele descia as escadas. O atraso dele era evidente no ritmo acelerado com que se movia pela casa. Distraiu-se em seu quarto com sua recém descoberta habilidade, mas não quis falar isso para Ellen Proctor. Ele não a via como sua melhor amiga, ou como sua confidente. Ela com certeza não saberia como agir diante do que ele iria lhe dizer.

– Oi, mãe. Me perdi no horário.

– Você está atrasado. Come rápido, senão não vai chegar a tempo para a primeira aula.

Ao chegar à cozinha, Eddie encontrou a mesa posta e sentiu o cheiro de café no ar. Ele amava café. Com certeza ele estava muito saboroso e bem quente. Ao contrário do café, a atmosfera da casa era fria, como se cada membro estivesse mergulhado em seus próprios mundos. Sua mãe, Ellen, apressada como sempre, mal ergueu os olhos para falar com ele. Tinha que terminar seus afazeres para ir trabalhar numa escola de jardim de infância naquele mesmo bairro.

Eddie se serviu de café, notando a ausência do calor humano, algo que ele já estava habituado. Viu-se outra vez sozinho, mexendo no celular com a expressão de quem busca respostas. Logo sua mente o levou de novo para seu sonho e para seus poderes. Não podia pensar em nada diferente. Deu uma olhada em suas redes sociais, sem prestar muita atenção no que via. Enquanto sua mãe estava de costas, tentou puxar um pedaço de torrada com seus poderes. Nada aconteceu, assim como no banheiro.

Cada gole de café apressado descia queimando em sua garganta. Mal saboreou as torradas e o omelete. Enquanto comia, Eddie sabia que, para entender seus poderes, precisaria desvendar não apenas os mistérios ao redor deles, mas também qual a relação com o que vira no sonho. Chicago ia mesmo explodir? Por quê? Quando? O prazo de dois anos dado por ele mesmo no futuro era algo muito vago. Ele precisava de mais.

Mas por onde começar?

Que tal começar levantando sua bunda da cadeira e indo pra escola? Você tá atrasado!

– Mãe, tô indo!

– Tá certo.

– Acho que na volta do colégio eu vou passar na casa do Alan.

– Se for, me avise.

– Tá bom.

Com a mochila sendo jogada contra as costas, Eddie saiu de casa, se despediu da mãe e foi até a garagem pegar a bicicleta. Seu pai com certeza estava no quarto dele ou tinha saído para algum lugar. Soldado do exército aposentado, o velho Edward Proctor não trabalhava mais, vivia da pensão do governo e passava o dia todo em casa.

Enquanto pedalava pelas ruas do bairro e sentia o vento bater contra seu rosto, Eddie revisitou o tenebroso sonho que o assombrou na noite anterior. Quanto mais pensava nele, mais percebia o quanto desesperador ele era. A visão do futuro, marcada pela explosão de Chicago, pairava como uma névoa sobre sua cabeça. Ele não podia, de forma alguma, ignorar aquela premonição, mesmo não tendo ideia de como encontrar uma pista que fosse que o levasse a algum lugar.

Sob o Mesmo CéuOnde histórias criam vida. Descubra agora