Morte

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Richard despertou sentindo uma dor profunda na parte de trás da cabeça. A cabeça pendia para a frente e latejava, como se fosse explodir a qualquer momento. Era como se uma carreta o tivesse atingido em cheio. Seus sentidos voltaram enquanto ele abria os olhos lentamente. A visão turva ia limpando-se pouco a pouco. Olhou para a parede esquerda e viu um exaustor. No teto encontrou mais dois. Caixas de madeira por todos os lados indicavam que estava em uma espécie de galpão. Viu ainda uma empilhadeira perto de uma escadaria de ferro que levava a um primeiro andar. A iluminação vinha de lâmpadas fluorescentes que, mesmo não brilhando tão bem, eram suficientes para que ele visse que estava sentado em uma cadeira de ferro, amarrado com os braços para trás. As amarras estavam tão apertadas que ele mal sentia o sangue circular por suas mãos. À sua frente, uma mesa velha de ferro com um amassado quase no meio.

– Você precisa ser mais cuidadoso, sabia?

A voz soou atrás de Richard. Assustado, levantou a cabeça de vez. A dor piorou. Ele tentou virar para trás para identificar seu agressor. A única coisa que conseguiu foi ver a silhueta a metros de si. A voz era mortalmente familiar. Não restava dúvidas. A pessoa caminhou pela sua direita, passando a menos de um metro. Foi então que Richard pode reconhecer Gary.

– Olá, Richard.

Desgraçado!

Richard não ficou assustado. Mesmo sabendo do que o outro era capaz, enfim tinha encontrado o oponente. Na verdade, foi Gary quem o encontrou primeiro. Mesmo assim, a primeira parte da missão estava cumprida. Era chegada a oportunidade de pôr um fim a tudo. O treinamento de Elijah o ensinou a se soltar de amarras simples como aquelas. Ele só precisava enrolar Gary por um tempo até conseguir fugir e atacar. Havia uma dúvida, porém. Quais eram os poderes que aquele Gary tinha. Richard não tinha certeza que dia era aquele e em que momento do passado aquele evento acontecia.

– Sabe, sua habilidade de deslocar-se no espaço é realmente fantástica. Só que você precisa ter cuidado. Sabe-se lá o que aconteceria se alguém te descobrisse.

A respiração de Richard era pesada. Ele encarava Gary com um olhar furioso enquanto este passeava em sua frente de um lado para o outro. Pensava em todo o mal que ele faria e em toda dor que todos sentiriam por coisas causadas de forma direta ou indireta por ele.

Gary parou de costas para ele.

– Antes que tente escapar, saiba que posso rastrear você onde for. Foi assim que eu te encontrei, aliás. Eu ia para outro lugar, mas aí percebi alguém se deslocando muito rápido. E olha onde nós estamos!

Droga! Como eu pude ter sido tão cuidadoso?

Na verdade, após pensar melhor, Richard se lembrou que Gary não tinha essa habilidade. Porém, era difícil se lembrar tudo o que Gary podia fazer, afinal ele já havia roubado poderes de muita gente.

Gary ficou de frente para ele e seu sorriso enojou Richard que tentava, sem fazer barulho, livrar-se das amarras enquanto ouvia o discurso do outro, levantando os olhos para poder fitar seu rosto.

– Eu já achava essa sua habilidade fantástica. Poder ir de um lugar para outro quando quiser, desafiando as leis da física... Ahhhh... é maravilhoso, não é? – Gary deu uma pausa para sorrir. – Aí você me aparece fazendo algo maior. Além de se deslocar no espaço, você se deslocou no tempo, não é mesmo?

Ele já era tão esperto assim nessa época? Richard franziu a testa e fitou os olhos curiosos de Gary.

– Não tenta me enrolar – a voz de Gary era tranquila. Ele já demonstrava ser a ameaça que Richard sabia que ele se tornaria em breve. – E pula a parte em que você fala que não é verdade, caso pense em fazer isso. Me responda o que você veio fazer nessa época e talvez eu te solte. Veio mudar alguma coisa? Alertar alguém? Salvar alguém? Matar alguém?

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⏰ Última atualização: Apr 22 ⏰

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