Inferno. /41

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Eu estava tentando me manter forte naquele momento. A qualquer momento podia acabar desabando caso alguém perguntasse. Eu perdi minha família. Por mais que não me desse tão bem com minha mãe, eu amava ela.

Fezco ficou sabendo da notícia e tentou me confortar. Nos próximos dias as coisas foram bem quietas. Estava ficando mais em casa e também no quarto. Quase não estava falando com Ashtray. Ele não tinha culpa de nada, mas com a morte da minha mãe e do meu irmão, isso deixou um vazio enorme dentro de mim.

Não sentia vontade de comer, tomar banho, me vestir. Fazer coisas básicas do dia a dia. A morte deles estava me matando por dentro! Me deixando depressiva, fraca, sem vontade de fazer absolutamente nada. Nem mesmo pra ir ao banheiro e fazer xixi.

Uma outra parada da depressão é que ela te faz perder a noção do tempo. De repente, você vê todos os seus dias se misturando criando um intervalo de tempo sufocante e sem fim.

Você se pega tentando lembrar das coisas que te faziam feliz. Mas lentamente, seu cérebro vai apagando todas as lembranças que te traziam alegria. E chega uma hora que você só consegue pensar que a sua vida sempre foi desse jeito. E que vai continuar sendo desse jeito.

Só de pensar em levantar movimentar 172 músculos pra cada passo, por 10 metros só pra sentar em uma privada fria e mijar toxinas de novo e de novo, pro resto da minha vida, faz todo o conceito de vida parecer uma piada longa e sádica. Mas a pior parte da depressão, é que mesmo sabendo que você tá deprimida, você é incapaz de fazer alguma coisa pra não piorar. Mas eu não sou a única me sentindo assim.

Nesse dia eu estava deitada na cama de Ashtray, encolhida e completamente coberta por lençóis e roupas de frio, com um par de meia nos pés. Acabei ficando doente, com febre e garganta doendo. Ashtray nem estava indo trabalhar pra poder cuidar de mim.

- Tá acordada? - escuto ele perguntar assim que entra no quarto

Afirmei com a cabeça e senti a cama afundar um pouco, era Ashtray. Ele se deitou ao meu lado e me abraçou, mesmo estando totalmente coberta.

- Quer comer alguma coisa? Eu faço se quiser.

- Tô com um pouco de fome sim.

Foi a primeira coisa em que disse o dia todo.

- Quer comer oque?

- Pode ser algo bem gostoso? Queria um bolo, ou algo salgado. - disse em tom baixo já que minha garganta estava dolorida.

- Vou ter que sair pra comprar então. Você espera?

- Posso ir com você? - perguntei tirando o lençol da minha cabeça

- Claro que pode. - Ashtray disse e um sorrisinho se formou em seu rosto

Provavelmente feliz porquê eu estava falando e querendo sair de casa.

Me levantei da cama e calcei um tênis. Saímos de casa e fomos pro carro. Ashtray dirigiu por uns minutos até chegar em uma padaria. Entramos e ele deixou eu escolher oque queria comer.

Escolhi um bolo de chocolate com muita calda e uns salgados de salsicha, queijo, presunto e outros sabores.

Ashtray pagou e fomos no sentar, ele pediu uma Coca-Cola e antes mesmo do refrigerante chegar, comecei a comer. Eu não estava com pouca fome, estava com MUITA fome. Afinal, não tinha comido nada o dia todo. Quando olhei para Ashtray, ele estava me olhando e sorrindo.

- Que foi? - perguntei

- Nada. Só gosto de te ver comendo.

Voltei a comer e coloquei um pouco de refrigerante pra mim, quando chegou.

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⏰ Última atualização: Jan 15 ⏰

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𝚂𝚑𝚎 𝚖𝚢 𝚋𝚎𝚜𝚝 𝚏𝚛𝚒𝚎𝚗𝚍 / 𝙰𝚜𝚑𝚝𝚛𝚊𝚢 Onde histórias criam vida. Descubra agora